domingo, 20 de dezembro de 2009

Por que odiar o fim de ano

Presentes: você nunca recebe o que pediu. A maioria dos presentes não presta ou não serve. Se lhe dão sapatos, eles são 2 números abaixo do seu. E a sua tia acha que você ficará um charme com a camisa havaiana com estampas de coqueiros que ela comprou. Em compensação, você ganha um estoque de meias para uma década. Todas de cor bege com bolinhas vermelhas.

Programação de TV: além do show do Roberto Carlos, os canais são invadidos por filmes natalinos. Você vê a 385ª reprise de “Milagre na rua 34” e a 657ª de “Esqueceram de mim”. Sem falar na overdose de filmes que se passam na Roma antiga. A quantidade de marmanjos usando saias e sandálias só é superada por festas gays a fantasia.

Hipocrisia: todo mundo lhe deseja feliz Natal e próspero ano novo. Do zelador que te xinga pelas costas ao teu patrão. Este que, por sinal, vai te despedir assim que você voltar ao escritório.

Amigo secreto: todo ano, é aquela mesma história. Você organiza um amigo secreto no trabalho e sempre acaba tirando aquele mala que não gosta de nada e põe defeitos em tudo. Para ajudar, você nunca dá sorte de ser pego por aquela loira gostosa que está solteira.

Bonificações: todo mundo aparece para te pedir o “bônus de fim de ano”. O cara que limpa a rua, o jornaleiro, o lixeiro que adora deixar metade do lixo espalhado na frente da sua casa (fora do saco, claro) e até um guarda noturno que você nunca viu na vida. Porém, o seu 13º salário, como sempre, continua aquela miséria.

Retrospectivas: tudo aquilo que você tentou esquecer durante o ano é lembrado por jornais e telejornais. Crises, guerras, assassinatos e o diabo a quatro. Você assiste e lê tudo e depois não consegue dormir na noite da virada, com medo do fim do mundo.

Trilha sonora: em todos os lugares, nas lojas e supermercados, você só ouve “Jingle bells” tocada por harpas paraguaias ou “Bate o sino” entoada por um coral de crianças desafinadas. Mas o pior: Simone arrepiando em um cover de John Lennon: “Entãããão é Nataaaal, e o queeee vocêêêê feeeezzzz...”.

Visitas familiares: por mais legal que seja a sua família, tem sempre algum parente pentelho. E ele vai te visitar. Se não são aqueles seus priminhos pestinhas que adoram quebrar seus móveis, são aqueles seus tios distantes que aparecem para tomar um café. E acabam jantando.

Repetições: se já não bastasse, são exibidos filmes e/ou especiais da Xuxa e do Renato Aragão e matérias televisivas mostrando como o reveillon é comemorado em cada parte do mundo, incluindo um repórter dizendo que “No Japão, o ano novo já começou!”. Tudo igual, inclusive o seu tédio diante de tudo isso.

Porre: tem sempre alguém que exagera nas festas. Se não é você que fica bêbado e dá vexame, é um convidado que se encarrega de beber tudo e mais um pouco para depois vomitar a ceia inteira. E em cima do seu sofá novo.

Ano novo: quando chega janeiro você pensa: “Ufa, enfim acabou tudo”. Que nada. É a hora em que a fatura do seu cartão chega e você se arrepende de tudo o que gastou.

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