domingo, 29 de dezembro de 2013

Barbárie em forma de esporte



Como nos tempos da Idade Média, mais precisamente na Roma antiga, se aproximando mais na época da decadência do império, uma tática muito usada para desviar a atenção do povo e dos fatos que realmente aconteciam sobre o governo imperial era usada como nos dias de hoje.

Os imperadores de Roma, para desviar a atenção das pessoas e dos problemas e dificuldades do império, intitulava a política do “pão e circo”, onde as massas se agraciavam com um entretenimento mórbido, assistindo à lutas até a morte de lutadores no Coliseu Romano.

Dando um pulo na história, mais precisamente neste século, nada mudou, e os governos copiosamente como os da Roma antiga, transferiram esta tática de manipulação para o povo, escravizado por esses mesmos governantes.

A política do “pão e circo” somente se atualizou com sua versão mais sofisticada nos tempos atuais. O Coliseu invadiu a televisão e transformou cada telespectador em mais um torcedor dos entretenimentos atuais, onde a mídia explora o lado mais violento do ser humano e transforma-o em esporte. Sim, vamos cultuar cada vez mais brutamontes imbecis sedentos de sangue e torná-los ídolos da nossa juventude.

O UFC é mais especificamente um evento de luta de artes marciais mistas, o tal do MMA, e que nada mais é do que uma pancadaria sanguinária cruel, e cada vez mais adquire adeptos deste lado do mundo, paradoxalmente faturando milhões e milhões à custa de uma violência gratuita. A sociedade reclama de violência, mas esgota imagens e assuntos relacionados com ela, assim como condena a violência sexual, mas explora o sexo até o esgotamento da sensualidade e sexualidade precoce em jovens e crianças, em imagens, tópicos, programas, novelas e tudo o quanto mais se chama de “arte” neste dias em que vivemos. Parece uma utopia, não? Ou melhor, hipocrisia, pois cooperam com os comportamentos mais sórdidos do ser humano, deteriorando uma sociedade cada vez mais afastada de Deus e dos valores morais.

Como nos tempos da Roma antiga, é mais um enlatado para fazer você deixar de pensar e reivindicar, agir e legislar sobre o que a elite faz com seu dinheiro entregue em impostos. Não, você não poderá falar ou pensar sobre isto, pois estará muito ocupado olhando o UFC ou aquela imperdível partida de futebol que passará na televisão hoje, ao passo que assuntos envolvendo a sua vida e a sociedade em geral podem ficar para depois. E como nos primórdios, a politica do “pão e circo” vai se imortalizando sobre os séculos vindouros, dando alegria aos imperialistas nos seus polpudos tronos. Viva a violência!

sábado, 7 de dezembro de 2013

Mandela, o homem por detrás da lenda


Nelson Rolihlahla Mandela. 18 de julho de 1918. 27 anos de prisão. Prêmio Nobel da Paz em 1993. Presidente da África do Sul entre 1994 e 1999. 95 anos de idade. 5 de dezembro de 2013. E assim seguem os números tentando traduzir o intraduzível. Se a vida de nenhum ser humano é simplesmente resumida em números e estatísticas, tampouco a dele seria. Uma vida intensa em realizações, iluminada por idéias igualitárias e objetivos nobres não teria retratação digna mesmo com todas as combinações numéricas possíveis.
Todos os sites de buscas, todos os meios de comunicação, todos os pronunciamentos de familiares, autoridades e personalidades. Nada parece preencher a lacuna deixada pelo cessar da respiração de Madiba, como era conhecido em seu país. E o que nos resta nesta hora é colocar em prática aquele que talvez tenha sido o último e valioso ensinamento dele a seus admiradores: a tranqüilidade e a serenidade ao se lidar com o desfalecimento do corpo. Impossível não recordar as recentes aparições que, se deixavam a desejar em ação, recompensavam com incontestável demonstração de sanidade mental. São triunfos reservados a mentes privilegiadas e a seres que aprenderam a cultivar, sobretudo, a paz de espírito.
Mais do que ser o primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela mostrou na prática como resistir às adversidades em nome de nossos próprios ideais. Dizem que os grandes líderes e heróis são aqueles que fazem aquilo que necessitava ser feito e que, portanto, seriam fruto do meio e momento em que vivem. Alguns deles, entretanto, ousam antecipar ainda mais os fatos e dar outro rumo ao girar constante das engrenagens da história. Assim como não se limitam a esperar o abrir da cortina para entrarem em cena, se os incentivos não lhe atingem em intensidade suficiente, rompem o cerco da comodidade e rasgam as cortinas que outrora insistiam em jogá-los sentados em cadeiras confortáveis dos bastidores da existência.
Assim como todos os números não fariam fiel representação do que foi e do que representou a existência de Mandela para seu país e para a humanidade, essas palavras mostram-se não menos insuficientes do que todas as declarações solenes ressoadas por todo o mundo. A linguagem, as palavras e os números foram desenvolvidos pelos seres humanos para darem significado às relações estabelecidas entre os homens e destes com o ambiente que os cerca. Em momentos como esses, é natural que nos faltem palavras para definir existências tão complexas e simbólicas como a de Nelson Mandela. Uma opção é dar a voz diretamente ao autor do enredo:
“A morte é algo inevitável. Quando um homem já fez o que ele considera ser seu dever perante seu povo e seu país, ele pode descansar em paz.”