domingo, 24 de março de 2013

domingo, 10 de março de 2013

Chávez, uma rara voz sensata de esquerda que se cala



Não tenho dúvidas de que a história irá fazer bom juízo de Hugo Chávez, o comandante de uma revolução pacífica e democrática, a desmembrar e expôr em praça pública o complexo e cruel pacto de permanência das elites locais. Antes de Chávez, a Venezuela não existia no mapa geopolítico mundial. Parecia ser anexo na América do Sul, um país-satélite dos Estados Unidos, a ponto de amar mais o beisebol ao futebol. Uma elite que tinha Miami como um condomínio de luxo, ao qual voltavam às sextas-feiras, depois do trabalho, empresários, políticos e cidadãos.

Antes de Chávez, a Venezuela mantinha-se dentro de uma estrutura social paralisante, dentro da qual os privilégios do petróleo, maior riqueza do país, eram distribuídos entre apenas 1% da população. Em pouco mais de uma década, o líder bolivariano tirou, de um universo de 24,6 milhões de pessoas, 5 milhões delas da pobreza absoluta.

Universalizou a saúde e a educação, criou mercados subsidiados de alimentos, ensinou política aos pobres, tirou os arreios da Venezuela em relação aos Estados Unidos e, certa vez, na sede da ONU em Nova Iorque, diante das câmaras, disse sobre o lugar que George W. Bush havia ocupado antes de sua fala: “Ainda cheira a enxofre”.

Hugo Chávez fez trocentas eleições livres na Venezuela, todas monitoradas por observadores estrangeiros e, mais ainda, por uma mídia sedenta de sangue, mas é uma tarefa inútil bater nessa tecla. Fixar a pecha de “ditador” em Chávez foi uma tentativa do Departamento de Estado americano e da mídia em geral para iniciar o processo de demonização do presidente venezuelano. Nem é preciso dizer na nossa triste contribuição nesse processo, dando notícia de como Chávez era perigoso para o mundo livre, branco e cristão. Embora Chávez, o índio, o negro, o zé-ninguém, acreditava em um socialismo baseado nas origens do cristianismo. Então, tinha que ser “ditador”,  mesmo, já que a fé em Cristo impedia que lhe imputassem, também, a pecha de “comunista”.

A reação dos conservadores a Chávez, confesso, me interessava mais do que a figura do presidente, a histeria da direita latino americana, a forma primária como a propaganda contra o presidente venezuelano se disseminava pelo noticiário da mídia brasileira, as opiniões de bonecos de ventríloquos disfarçados de especialistas, o ódio dos liberais contra a erradicação de privilégios.

Chávez combateu a todos, e a todos venceu. Tinha o riso largo dos vencedores, não disfarçava o desprezo pela tibieza de seus adversários, dos que lhe acusavam de ser um tanto caricato em seu uniforme militar. Estes mesmos que, no entanto, eram suficientemente espertos para entender o significado daquela farda. Chávez deu ao Exército de onde veio um novo significado de Pátria, onde estão todos, não somente uns.

Não sou ninguém, nem tenho conhecimento o suficiente para prever o futuro da Venezuela. Mas uma coisa é certa: ela nunca mais será a mesma depois de Chávez. Você duvida? Tire suas conclusões...

- Jamais, na história da América Latina, um líder político alcançou uma legitimidade democrática tão incontestável. Desde sua chegada ao poder em 1999, houve 16 eleições na Venezuela. Hugo Chávez ganhou 15, entre as quais a última, no dia 7 de outubro de 2012. Sempre derrotou seus rivais com uma diferença de 10 a 20 pontos percentuais. 

- Todas as instâncias internacionais, desde a União Européia até a Organização dos Estados Americanos, passando pela União de Nações Sul-Americanas e pelo Centro Carter, mostraram-se unânimes ao reconhecer a transparência das eleições. 

- Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos, inclusive declarou certa vez que o sistema eleitoral da Venezuela era o melhor do mundo.

- A universalização do acesso à educação, implementada em 1998, teve resultados excepcionais. Cerca de 1,5 milhão de venezuelanos aprenderam a ler e a escrever graças à campanha de alfabetização denominada Missão Robinson I. 

- Em dezembro de 2005, a Unesco decretou que o analfabetismo na Venezuela havia sido erradicado. 

- O número de crianças na escola passou de 6 milhões em 1998 para 13 milhões em 2011, e a taxa de escolarização agora é de 93,2%. 

- A Missão Robinson II foi lançada para levar a população a alcançar o nível secundário. Assim, a taxa de escolarização no ensino secundário passou de 53,6% em 2000 para 73,3% em 2011. 

- As Missões Ribas e Sucre permitiram que dezenas de milhares de jovens adultos chegassem ao ensino superior. Assim, o número de estudantes passou de 895.000 em 2000 para 2,3 milhões em 2011, com a criação de novas universidades. 

- Em relação à saúde, foi criado o Sistema Nacional Público para garantir o acesso gratuito à atenção médica para todos os venezuelanos. Entre 2005 e 2012, foram criados 7.873 centros médicos na Venezuela. 

- O número de médicos passou de 20 por 100 mil habitantes, em 1999, para 80 em 2010, ou seja, um aumento de 400%. 

- A Missão Bairro Adentro I permitiu a realização de 534 milhões de consultas médicas. Cerca de 17 milhões de pessoas puderam ser atendidas, enquanto que, em 1998, menos de 3 milhões de pessoas tinham acesso regular à saúde. Foram salvas 1,7 milhão de vidas entre 2003 e 2011. 

- A taxa de mortalidade infantil passou de 19,1 a cada mil, em 1999, para 10 a cada mil em 2012, ou seja, uma redução de 49%. 

- A expectativa de vida passou de 72,2 anos em 1999 para 74,3 anos em 2011.

- Graças à Operação Milagre, lançada em 2004, 1,5 milhão de venezuelanos vítimas de catarata ou outras enfermidades oculares recuperaram a visão. 

- De 1999 a 2011, a taxa de pobreza passou de 42,8% para 26,5%, e a taxa de extrema pobreza passou de 16,6% em 1999 para 7% em 2011. 

- Na classificação do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), a Venezuela passou do posto 83 no ano 2000 (0,656) ao 73° lugar em 2011 (0,735), e entrou na categoria das nações com o IDH elevado. 

- O coeficiente Gini, que permite calcular a desigualdade em um país, passou de 0,46 em 1999 para 0,39 em 2011. 

- Segundo o PNUD, a Venezuela ostenta o coeficiente Gini mais baixo da América Latina, e é o país da região onde há menos desigualdade. 

- A taxa de desnutrição infantil reduziu 40% desde 1999. 

- Em 1999, 82% da população tinha acesso a água potável. Agora, são 95%. 

- Durante a presidência de Chávez, os gastos sociais aumentaram 60,6%. 

- Antes de 1999, apenas 387 mil idosos recebiam aposentadoria. Agora são 2,1 milhões. 

- Desde 1999, foram construídas 700 mil moradias na Venezuela. 

- Desde 1999, o governo entregou mais de um milhão de hectares de terras aos povos originários do país. 

- A reforma agrária permitiu que dezenas de milhares de agricultores fossem donos de suas terras. No total, foram distribuídos mais de 3 milhões de hectares.

- Em 1999, a Venezuela produzia 51% dos alimentos que consumia. Em 2012, a produção é de 71%, enquanto que o consumo de alimentos aumentou 81% desde 1999. Se o consumo em 2012 fosse semelhante ao de 1999, a Venezuela produziria 140% dos alimentos consumidos em nível nacional.

- Desde 1999, a taxa de calorias consumidas pelos venezuelanos aumentou 50%, graças à Missão Alimentação, que criou uma cadeia de distribuição de 22.000 mercados de alimentos (MERCAL, Casa da Alimentação, Rede PDVAL), onde os produtos são subsidiados, em média, 30%. O consumo de carne aumentou 75% desde 1999.

- 5 milhões de crianças agora recebem alimentação gratuita por meio do Programa de Alimentação Escolar. Em 1999, eram 250 mil.

- A taxa de desnutrição passou de 21% em 1998 para menos de 3% em 2012.

- Segundo a FAO, a Venezuela é o país da América Latina e do Caribe mais avançado na erradicação da fome.

- A nacionalização da empresa de petróleo PDVSA, em 2003, permitiu que a Venezuela recuperasse sua soberania energética.

- A nacionalização dos setores elétricos e de telecomunicação (CANTV e Eletricidade de Caracas) permitiu pôr fim a situações de monopólio e universalizar o acesso a esses serviços.

- Desde 1999, foram criadas mais de 50.000 cooperativas em todos os setores da economia.

- A taxa de desemprego passou de 15,2% em 1998 para 6,4% em 2012, com a criação de mais de 4 milhões de postos de trabalho.

- O salário mínimo passou de 100 bolívares (US$ 16) em 1998 para 2.047,52 bolívares (US$ 330) em 2012, ou seja, um aumento de mais de 2.000%. Trata-se do salário mínimo mais elevado da América Latina.

- Em 1999, 65% da população economicamente ativa recebia um salário mínimo. Em 2012, apenas 21,1% dos trabalhadores têm este nível salarial.

- Os adultos com certa idade que nunca trabalharam dispõem de uma renda de proteção equivalente a 60% do salário mínimo.

- As mulheres desprotegidas, assim como as pessoas incapazes, recebem uma ajuda equivalente a 70% do salário mínimo.

- A jornada de trabalho foi reduzida a 6 horas diárias e a 36 horas semanais sem diminuição do salário.

- A dívida pública passou de 45% do PIB em 1998 a 20% em 2011. A Venezuela se retirou do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, pagando antecipadamente todas as suas dívidas.

- Em 2012, a taxa de crescimento da Venezuela foi de 5,5%, uma das mais elevadas do mundo.

- O PIB per capita passou de US$ 4.100 em 1999 para US$ 10.810 em 2011.

- Segundo o relatório anual World Happiness de 2012, a Venezuela é o segundo país mais feliz da América Latina, atrás da Costa Rica, e o 19° em nível mundial, à frente da Espanha e da Alemanha.

- A Venezuela oferece um apoio direto ao continente americano mais alto que os Estados Unidos. Em 2007, Chávez ofereceu mais de US$ 8,8 bilhões em doações, financiamentos e ajuda energética, contra apenas US$ 3 bilhões da administração Bush.

- Pela primeira vez em sua história, a Venezuela dispõe de seus próprios satélites (Bolívar e Miranda) e é agora soberana no campo da tecnologia espacial. Há internet e telecomunicações em todo o território.

- A criação da Petrocaribe, em 2005, permitiu que 18 países da América Latina e do Caribe, ou seja, 90 milhões de pessoas, adquirissem petróleo subsidiado em cerca de 40% a 60%, assegurando seu abastecimento energético.

- A Venezuela também oferece ajuda às comunidades desfavorecidas dos Estados Unidos, proporcionando-lhes combustíveis com tarifas subsidiadas.

- A criação da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América), em 2004, entre Cuba e Venezuela, assentou as bases de uma aliança integradora baseada na cooperação e na reciprocidade, agrupando 8 países membros, e que coloca o ser humano no centro do projeto de sociedade, com o objetivo de lutar contra a pobreza e a exclusão social.

- Hugo Chávez está na origem da criação, em 2011, da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), agrupando, pela primeira vez, as 33 nações da região, que assim se emancipam da tutela dos Estados Unidos e do Canadá.

- Hugo Chávez desempenhou um papel chave no processo de paz na Colômbia. Segundo o presidente Juan Manuel Santos, "se avançamos em um projeto sólido de paz, com progressos claros e concretos, progressos jamais alcançados antes com as FARC, é também graças à dedicação e ao compromisso de Chávez e do governo da Venezuela".


sábado, 2 de março de 2013

Sons que você não conhece... mas deveria!


Mike & The Mechanics - Word of mouth