sábado, 19 de fevereiro de 2011

Artista da vez - PINK FLOYD

país: Inglaterra
gênero: rock progressivo
integrantes:
David Gilmour (vocal e guitarra)
Syd Barrett (vocal e guitarra)
Roger Waters (vocal e baixo)
Richard Wright (teclado)
Nick Mason (bateria)

histórico: Em 1965, o rock n’ roll já não era mais o mesmo da década de 50. As músicas descompromissadas, arranjos simples e letras bobas sobre amor, garotas e carros estavam dando lugar a algo mais elaborado.

Os Beatles já haviam abandonado as baladinhas adolescentes e compunham trilhas sonoras até então nunca gravadas. Nessa época as letras políticas de Bob Dylan eram os lemas da campanha contra a guerra do Vietnã e faziam parecer irresponsável a música executada apenas com propósito de diversão. As letras românticas dos primeiros tempos começavam a dar lugar ao lema sexo, drogas e rock n’ roll.

Neste cenário de mudanças rápidas, começou a surgir o movimento chamado de rock progressivo (ou progressista), marcado por letras profundas, músicas relacionadas entre si, arranjos complexos, instrumentos exóticos e acima de tudo muito experimentalismo. O que mais caracterizava o rock progressivo era a tentativa de não se prender a nenhum estilo ou regra pré-determinados. Há controvérsias sobre qual teria sido o marco inicial do movimento progressivo. Alguns afirmam terem sido os Beatles, com o disco “Sgt. Peppers”, os primeiros a abordarem o rock como algo mais além de simples diversão. A maioria, porém, aponta o Pink Floyd, com seu álbum “The Piper At The Gates Of Dawn” como o precursor do movimento.

O embrião do que viria a ser uma das mais influentes bandas da história foi o grupo Sigma 6, formado por Roger Waters, Rick Wright e Nick Mason, na época alunos da Faculdade de Arquitetura de Cambridge. Como é comum a toda banda iniciante, o estilo ainda não era definido, variando do rock ao folk, e as mudanças de formação eram constantes, assim como as mudanças no nome da banda (Abdabs e T-Sets). A grande virada da banda ocorreu quando se juntou a ela Roger “Syd” Barrett, que havia estudado com Roger Waters na Cambridge High Scholl. Foi de Barrett a idéia do nome Pink Floyd Sound, mais tarde abreviado para Pink Floyd. O nome era uma homenagem aos blues-men Pink Anderson e Floyd Council, influências de Syd.

Syd Barrett era muito mais do que apenas músico. Movido por inspiração e LSD, Syd era compositor, poeta, pintor e artista performático. Planejados e comandados por ele, os shows do Pink Floyd eram muito mais do que apenas espetáculos sonoros. Usando truques simples de luz e projeção de slides, o Pink Floyd tentava reproduzir em palco os efeitos de viagens alucinógenas e segundo muitos conseguia. Os shows iniciais dirigidos a um público underground composto de poetas e ativistas políticos rapidamente chamou a atenção da indústria musical. O Pink Floyd ajudava a inaugurar o rock experimental e cunhava o termo psicodelismo para definir o seu estilo de música.

O grupo é logo contratado por uma pequena gravadora, a Thompson Records, e grava um single com as músicas “Lucy Leaves” e “I'm A King Bee”, que teve uma excelente aceitação. Os apreciadores do Floyd não eram mais apenas fãs de sua música e passavam aos poucos a ser como que seguidores de uma doutrina, seguindo a banda aonde quer que ela fosse. A EMI, que havia a poucos meses classificado o trabalho da banda de experimental demais, rapidamente os contratou. A banda começou no estúdio Abbey Road a gravação de seu primeiro álbum. Curiosamente, no mesmo estúdio e na mesma época, os Beatles gravavam o disco “Sgt. Peppers”. Nos corredores do estúdio foram compartilhadas drogas e opiniões musicais. Os discos resultantes, “Sgt. Peppers” e “The Piper At The Gates Of Dawn”, disputam entre si o título de marco da estréia do rock como obra de arte.

O sucesso do disco de estréia é atribuido principalmente à mente genial de Syd Barrett, responsável pelos arranjos de estrutura indefinida, cheio de nuances e completamente imprevisíveis. A linha que limitava a genialidade e a loucura de Syd Barrett porém se tornava mais tênue a cada momento. Problemas mentais provenientes de uma infância conturbada se agravaram em virtude do uso excessivo de alucinógenos e Syd Barrett começou a apresentar um comportamento algumas vezes esquizofrênico e algumas vezes alienado. A situação se agravou até o ponto em que Syd não conseguia mais tocar ou compor e se limitava no palco a tocar um único acorde e olhar para um ponto perdido no espaço. Foi convidado então para preencher o espaço na banda o vocalista e guitarrista David Gilmour, antigo companheiro de escola de Roger Waters e Syd Barrett.

Com Syd Barrett ainda oficialmente na banda embora não mais participasse dela ativamente, foi lançado o álbum “A Saucerful Of Secrets”. Ao contrário do que se podia esperar, apesar de não contar com a participação integral de seu criador e principal articulador, o Pink Floyd se saiu muito bem. Aos poucos, Syd Barrett é deixado de lado até ser definitivamente desligado da banda. Esquecido, Syd levou desde então uma vida comum, morando com a mãe e se dedicando a hobbies como pintura e jardinagem.

O prestígio da banda cresce nos anos seguintes com os discos “Ummagumma”, “Atom Heart Mother” e “Meddle”, além das trilhas sonoras para dois filmes, “More” e “Obscured By Clouds”. O comando da banda havia sido assumido aos poucos com maestria por David Gilmour, que dividia com Roger Waters a responsabilidade de compor as músicas da banda.

Em 1973, a banda grava “The Dark Side Of The Moon”, um dos álbuns mais bem sucedidos da história, que viria a permanecer mais de 20 anos entre os mais vendidos. Até os dias de hoje, é o terceiro álbum mais comercializado de todos os tempos, com cerca de 45 milhões de cópias vendidas. Com este disco o Pink Floyd prova definitivamente que não dependia apenas do gênio de Syd Barrett e supera em todos os aspectos a obra prima que fora o primeiro disco. A EMI chegou a construir fábricas para fabricar exclusivamente este disco, que marca uma fase de trabalho conjunto e harmonia entre os membros da banda.

Segue-se “Wish You Were Here”, um trabalho conceitual e um verdadeiro tributo a Syd Barrett. O tema da ausência é o pretexto para indiretamente homenagear e analisar o gênio louco. Curiosamente durante as gravações deste disco, Syd Barrett compareceu ao estúdio, gordo, sujo e careca, com uma imagem tão degenerada que custou a ser reconhecido pelos companheiros.

“Animals”, de 1977, inaugura a fase de protesto político-social da banda e também marca o início de um predomínio de Roger Waters sobre os outros músicos. O disco é baseado na peça teatral “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell e retrata as contradições e injustiças da sociedade capitalista.

Durante as gravações de “The Wall”, em 1979, surgem os primeiros atritos entre os membros, com Roger Waters tomando para si o controle da banda. “The Wall” era um tratado sobre a solidão e sobre o poder esmagador do sucesso, mas era antes de tudo uma auto-biografia do que Roger Waters se supunha ser. A obra, logo tachada de ópera-rock, seria lançada também em forma de filme.

Com o álbum “The Final Cut”, de 1983, agravam-se os problemas de relacionamento entre os membros, com Roger Waters tendo despedido Rick Wright e relegado os outros componentes da banda a pouco mais do que músicos de estúdio. Waters compôs o conceito e praticamente a totalidade das músicas, além de ter sido o responsável por todos os vocais. O álbum na realidade deveria ser um trabalho solo, mas a gravadora achou que seria mais lucrativo lançá-lo como trabalho da banda.

Brigas entre os componentes restantes levaram Roger Waters a anunciar o fim do Pink Floyd em 1986. Seguiu-se uma longa batalha judicial entre os advogados de Roger Waters e David Gilmour. A justiça decidiu que o nome da banda não pertencia a Roger Waters. Rick Wright foi trazido de volta e em 1987 foi lançado “A Momentary Lapse Of Reason”. Segue-se o segundo disco ao vivo da banda, “Delicate Sound Of Thunder”.

Em 1994, num clima de volta triunfal, após alguns anos sem gravar e sem se apresentar ao vivo, a banda volta com “The Divison Bell”, disco que teve excelente aceitação por parte da crítica e do público. Pouco mais tarde, em 1995 é lançado “Pulse”, uma outra gravação ao vivo.

“Is There Anybody Out There” é lançado no final de 1999, e se trata de mais um disco ao vivo, que apesar dos boatos de serem da mais recente turnê, segundo David Gilmour, é na verdade, da turnê de “The Wall”, gravado entre 1980/1981.

Após anos sem material novo de estúdio, o Pink Floyd some, deixando em aberto uma possível volta que seria aguardada por muito tempo, várias vezes anunciada mas nunca concretizada.

Em julho de 2005, para delírio de milhares de fãs ao redor do mundo, o Pink Floyd volta a tocar ao vivo e com sua formação original (exceto Syd Barrett). O show se deu, juntamente com os de muitos outros artistas, em Londres, em prol da absolvição da dívida externa dos países pobres da África, no festival “Live 8”, organizado pelo amigo particular de Roger e David, Bob Geldof. A banda tocou clássicos como “Wish You Where Here”, “Money” e “Confortably Numb”. David Gilmor e Roger Waters mal trocaram olhares durante as músicas.

Em 7 de julho de 2006, Syd Barrett falece aos 60 anos, vítima de diabetes. Em 15 de setembro de 2008, o tecladista Richard Wright também vem a óbito em virtude de câncer, pondo um fim no sonho de um possível retorno da banda.

Em entrevista concedida em 2006, Gilmour indicava o fim do Pink Floyd, declarando que o célebre grupo não produzirá qualquer novo material, nem voltará a reunir-se novamente. No entanto, a possibilidade de se fazer uma apresentação similar ao “Live 8” não foi descartada.

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