quinta-feira, 28 de novembro de 2013
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
O sonho que eu não sonhei
Não o vi jogar. Só ouvi falar e através de documentos históricos pude acompanhar um pouco do maior momento da história do futebol.
Tenho dificuldade em falar sobre o que não vivi. Mas eu pergunto hoje, quando Pelé completa 73 anos: quem não viveu Pelé?
Qual o ser humano capaz de não ter visto, lido ou discutido uma vez sobre Pelé? Quem nunca o colocou no patamar de “adjetivo máximo”, como o “Pelé das pistas”, o “Pelé da cozinha” ou o “Pelé da arquitetura”?
Pelé não foi o “Pelé” de ninguém.
Foi o mais competente ser humano já inventado. O profissional que mais perfeitamente soube usufruir do dom que Deus lhe confiou. E não, não me venham com cientistas, matemáticos ou seja lá o que for. Nada é mais importante que a bola. E ela nunca respeitou ninguém como respeitou Pelé.
Cientistas não param guerras. Matemáticos não fazem americanos e iranianos se cumprimentarem e trocarem flores. A bola faz.
A bola faz o que bem entender. E só responde a um superior: Pelé.
No Brasil, onde pouco se faz uso da memória, às vezes fazem piadas, tentam ironizar e até separar Édson de Pelé. Impossível. Se de vez em quando diz algo que não concordemos, pouco importa. Direito conquistado. Pelé pode tudo.
Se cruelmente o tempo desgasta os feitos de um grande homem, imagine o de nós, mortais. Quem somos para julgá-lo?
Era uma vez o futebol. E então, o Brasil apresentado ao mundo. Como novidade chegamos, como donos da bola nos estabelecemos. Devemos isso a Pelé.
Toda cidade deste país deveria ter a “Avenida Pelé”. E não uma viela qualquer. E sim a rua principal da cidade, aquela que leva a periferia à nobreza, que atravessa tudo, não termina nunca.
Eu não pude comemorar um gol de Pelé. Sei que hoje, ainda mais no mundo podre e nefasto da web, é mais fácil ousar diminuí-lo a exaltá-lo todos os dias. Nosso Rei só será o que merece quando morto. Aliás, como todos os brasileiros notáveis.
Respirar diminui a grandeza de qualquer brasileiro.
Viver a era Pelé é um sonho. Eu não sonhei este sonho e acordado me recordo de tudo que não vi. Como se fizesse alguma diferença ter ou não passado a semana esperando um dos jogos que ele resolveu sozinho.
Hoje o Rei faz 73 anos. Não é ídolo da minha geração, mas talvez tenha sido o único ser vivo que vi meu pai e meus avôs olharem de baixo pra cima. E ele nem é tão alto.
Pelé foi onde nunca mais alguém irá.
É brasileiro, como eu e você. Parte do nosso cartão postal e, acredite, parte da nossa história.
Viva longa ao Rei Pelé! O ídolo que lamento não ter sido meu contemporâneo.
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sábado, 28 de setembro de 2013
Sons que você não conhece... mas deveria!
Contraband - All the way from Memphis
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domingo, 22 de setembro de 2013
Bruce, o maior e melhor rockstar, é o Springsteen!
Bruce Springsteen finalmente aterrissou no Rock In Rio na madrugada deste domingo (22) para encerrar o 6° e penúltimo dia do festival. O “chefe” mostrou, com propriedade, como se faz o tal do rock de arena, aquele que Muse ensaiou fazer para um público alternativo, o Metallica para os headbangers e que Bon Jovi sonhou para a nova turnê na sexta-feira (20).
A apresentação de 2 horas e 40 minutos parece não ter feito cócegas no cantor, que já chegou a tocar por 4 horas e 6 minutos na Finlândia em julho passado. Aqui, ele sempre pedia mais. Assim como todas as outras da turnê "Wrecking Ball", a apresentação serviu como um divertido teste de resistência para Bruce, que completa 64 anos na próxima segunda-feira (23).
O cantor talvez não seja o mais conhecido dos headliners do festival, não tenha tocado para a maior platéia do evento e não possua representatividade dentro do repertório radiofônico do público, mas fez, de longe, a melhor apresentação do Rock In Rio dos últimos tempos.
O americano de New Jersey, conhecido como "the boss", ganhador de dezenas de Grammys e até de um Oscar, ensinou que o segredo vai além do lastro no cancioneiro americano, inspirado, em grande parte, pelos excluídos e os menos abastados. Ao lado da ótima e numerosa E Street Band (que conta com o eterno Soprano Steven Van Zandt na guitarra), Bruce não liga para set list e faz de seu show uma celebração com amigos – bem além daqueles que estão no palco. Logo nas primeiras músicas do show, como que de improviso, anunciou: "Vamos tocar o álbum 'Born in the U.S.A.' inteiro".
Foram quase 3 horas de suor escorrendo na guitarra, entre elas uma Fender Telecaster detonada, e de um contato constante com o público. Não apenas na hora de pedir para que os braços fossem erguidos, nas dancinhas e reboladas, como em "Shackled and drawn", ou na escolha de "Sociedade alternativa", de Raul Seixas, para abrir o show. O cantor se jogava para a platéia.
Já na terceira música, "Spirit in the night", Bruce subiu nas grades, apertou a mão dos fãs e se deixou a agarrar. Voltou ao corredor e repetiu os gestos mais algumas vezes, sempre tentando trazer alguém da banda junto. Em uma dessas passagens, voltou com o típico chapéu Panamá na cabeça. Em outro, deu o microfone para o italiano Ludovico, de 10 anos, que veio ao Brasil para assistir ao show, cantar os versos "Waiting on a sunny day". No clássico "Born to run", esfregou a guitarra no público para que seus fãs pudessem "tocar" a parte final da canção.
Em "Dancing in the dark", Bruce escolheu 5 fãs para subirem ao palco. Entre beijos e pulos, deu um violão para a mais nova e ensinou a todos como ser um rock star e encerrar a música com estilo, ajoelhado e ovacionado no palco.
A interação só não foi maior porque a estrutura do Palco Mundo assim não permitiu. No Chile e em São Paulo, suas apresentações antecedentes a essa, Bruce deu um mosh (arremessou-se sobre o público para ser carregado) e se deixou levar pela onda de mãos. A novidade do show carioca foi a execução na íntegra do clássico álbum "Born in the U.S.A.", de 1984. No show na capital paulista, Bruce já havia tocado 6 das 12 faixas do disco, 2 delas pedidas por fãs.
No Rio, se contentou em se molhar, ofegante, como se precisasse recobrar as forças colocando a cara no balde de gelo. Quando o público achava que ele já estava esgotado, Bruce olhava para a platéia, que pedia mais, como se todo o espetáculo fosse um teste divertido de resistência. Foi assim até o final, quando tocou "Twist and shout" e venceu até mesmo os fogos de artifícios, que costumam aparecer apenas quando a última banda sai do palco.
"Nós amamos todos vocês. Obrigado por nos esperarem por tanto tempo. Não vamos deixar isso acontecer de novo", prometeu no bis, ao cantar "This hard land", acompanhado apenas por violão e gaita. Acabou ensinando ao festival inteiro de como se fazer um legítimo show de rock. E ratificou que, Bruce por Bruce, o Springsteen é o maior e mais completo. Certo, Dickinson?
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domingo, 25 de agosto de 2013
domingo, 11 de agosto de 2013
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Inigualável e incomparável... Os 70 anos de Mick Jagger
Mick Jagger tinha todos os antecedentes para não levá-lo onde o destino o levou em seus 70 anos de vida, a serem completados nesta sexta-feira. Um menino bem-educado, de classe média britânica, sempre obediente aos pais e bom aluno é um retrato pouco comum que se pinta de um ídolo do rock, ainda mais de uma banda que transformou-se no maior ícone de rebeldia dos agitados anos 60. Nos 50 anos praticamente ininterruptos de atividade, a aura subversiva não foi a única adotada pelo líder dos Rolling Stones.
De roqueiro 'sujo' e arrogante transformou-se em membro do jet set internacional, condutor de uma das mais poderosas máquinas de fazer dinheiro do século XX, roqueiro mimado e auto-suficiente até hoje, quando faz questão de 'esquecer' pessoas, lugares e fatos quando lhe convêm. A imagem (ou as imagens) que Mick passou ao longo das décadas o transforma em diversos personagens, sem que ninguém consiga chegar a uma conclusão. Afinal, o filho de Joe e Eva Jagger sempre cuidou, nos mínimos detalhes, dos trejeitos, atitudes e declarações milimetricamente para se tornar um astro da cultura pop ou sua inocência foi conspurcada por empresários e produtores inescrupulosos?
Só se pode decifrar o enigma Jagger através dos que estiveram próximos a ele -e se dispuseram a falar- já que o próprio é radicalmente refratário quando o assunto é o passado, seja seu ou dos outros. No início dos anos 80, um jornalista tentou entrevistá-lo várias vezes para escrever uma biografia. Após ouvir dezenas de "Não lembro!" ou "É tudo uma névoa!", seus editores abortaram a missão por acharem o assunto demasiado enfadonho, algo impensável para quem teve vida tão agitada. Entre os anos 80 e 90, o próprio cantor chegou a receber uma adiantamento de 1 milhão de libras para dar ao mundo sua autobiografia. Desistiu. "Comecei a escrever mas era deprimente e chato revirar o passado. Queriam que falasse de todas essas pessoas próximas a mim e que divulgasse todos esses segredos. Eu me dei conta de que não queria fazer isso. Portanto desisti e devolvi o dinheiro", disse, em entrevista recente. Ao menos provou que a memória continua intacta.
Mick nasceu Michael Phillip Jagger no dia 26 de julho de 1943 em plena Segunda Guerra Mundial, em Dartford, cidade do Condado de Kent, região sudeste da Inglaterra e distante 25km do centro de Londres. Seu pai era um respeitado professor de Educação Física e incutiu no filho mais velho -Mick tem um irmão, Chris, quatro anos mais novo- o hábito de praticar exercícios. A mãe, Eva, era uma dona de casa que falava pelos cotovelos. Inclusive, a primeira aparição do futuro vocalista para o grande público aconteceu por intermédio do pai, que gravou um comercial ensinando atividades físicas para crianças.
A iniciação musical dos adolescentes ingleses na segunda metade da década de 50 foi capitaneada pelos requebros e a voz soul de Elvis Presley. Mas com Mick, o roteiro seguiu uma linha mais visceral. Quem o emocionava eram os mestres do Blues e Rhythm & Blues. Rock? Sim, mas a guitarra frenética de Chuck Berry chamava mais a atenção do que os quadris de The Pelvis. O sofrimento daqueles artistas negros traduzidos nas suas músicas eram ouvidos com reverência quase religiosa: Robert Jonhson, Bo Didley, Muddy Waters, Howlin' Wolf eram alguns dos ídolos de Mike, como era chamado em casa.
Já como estudante na London School Of Economics, Mick encontrou por acaso em uma viagem de trem um velho amigo de infância de Dartford. Um cara de cabelos pretos e orelhas de abano chamado Keith Richards. Debaixo do braço dele, alguns álbuns de seus ídolos. Acendia a primeira fagulha da maior parceria do rock. A primeira banda da dupla chamava-se ‘Little Boy Blue And The Blue Boys’. Aos poucos os membros foram recrutados. Primeiro Brian Jones, depois Charlie Watts e Bill Wyman. No início, muito sofrimento até o estouro, no verão de 1965 com "(I can't get no) Satisfaction", número 1 na Inglaterra e nos Estados Unidos, música sobre a qual ele dizia o seguinte: "Prefiro morrer a cantar Satisfaction aos 45 anos de idade."
Ao longo da década, a popularidade da banda cresceu exponencialmente no mundo inteiro, capitaneada pelo singular domínio de palco de Jagger. O vocalista lapidou seu estilo show a show, tendo como pano de fundo uma sequência de álbuns geniais na virada dos anos 60 para os 70, quando os Stones pariam um clássico atrás do outro: "Jumpin' Jack Flash", "Sympathy For The Devil", "Street Fighting Man", "Gimme Shelter", "Brown Sugar"... No palco, Mick não hipnotizava as platéias como fazia um Jim Morrison, por exemplo. Ele elevava a outro nível, num misto de histeria, selvageria e descompromisso. Muito provavelmente foi o primeiro showman mais consumado do rock e sem ele não teríamos Robert Plant, David Bowie, Steven Tyler e Axl Rose.
Ao mesmo tempo em que sua fama crescia (as mulheres em sua cama e o dinheiro no bolso também), Jagger abandou o circuito underground dos primeiros tempos e virou figura carimbada nas altas rodas sociais. Seu casamento com a modelo nicaraguense Bianca Perez de Macia, em maio de 1971 na ilha de Saint Tropez foi um dos eventos mais comentados da década. O enlace jamais o impediu de desfrutar o fato de ser quem era. Entenda-se por diversas amantes, entre elas, a modelo italiana Anita Pallenberg, que entrou para o entourage dos Stones como namorada de Brian Jones e terminou como esposa de Keith Richards.
As conquistas sexuais do vocalista são um capítulo à parte em sua biografia. Antes de Anita, a primeira 'vítima' famosa foi Marianne Faithfull, que, reza a lenda, entrou de cabeça, nariz e veias nas drogas, por conta do ambiente decadente da banda. Ser mulher de amigo não era nenhum obstáculo como já mostra o citado affair com Anita. Angela Bowie, esposa do famoso cantor, inspirou até uma balada, Angie.
A ex-primeira-dama da França, Carla Bruni, também caiu nos encantos de um Mick Jagger já quarentão no início dos anos 90 quando estava saindo com Eric Clapton -que, por sinal, pediu ao amigo para que não a assediasse. Na lista figuram outros nomes famosos como Uma Thurman e Angelina Jolie. De todas essas mulheres, quatro delas lhe deram sete filhos: Marsha Hunt (1), Bianca (1), Jerry Hall (4) e Luciana Gimenez (1).
Todo dinheiro e fama ganhos nos anos 70 devem ter subido à cabeça de Mick durante a década de 80. Pelo menos é assim que seu parceiro de quase toda uma vida aponta na biografia ‘Life’. Keith não usa de meias-palavras para atacar o companheiro. Foi nessa época em que surgiram os apelidos Brenda e Sua Majestade. Segundo Richards, Jagger passou a se comportar como a estrela da banda e narra uma ocasião em que chamou Charlie Watts de “seu baterista” pelo telefone. Watts respondeu com um soco na cara do cantor posteriormente.
As tensões entre os dois principais líderes quase implodiu os Stones. Em 1985 ele lançou seu primeiro álbum solo, “She's The Boss”, despertando a ira do parceiro. Tanto que no ano seguinte, o clima era de tensão no mais alto grau para as gravações de “Dirty Work”, o 20º álbum de estúdio do grupo. Mais preocupado com a carreira solo, Mick ausentou-se diversas vezes das gravações. O clima de animosidade também revela-se nos créditos das faixas. Apenas 3 com a assinatura Jagger/Richards, algo que não acontecia desde 1965.
No mesmo 1985 o racha tornou-se público no festival Live Aid. Mick Jagger apresentou-se sozinho, enquanto Keith Richards e o guitarrista Ron Wood tocaram ao lado de Bob Dylan. A banda cairia na estrada para promover o disco, mas por decisão do vocalista, a turnê foi abortada para ele trabalhar no seu segundo LP solo, intitulado “Primitive Cool”. Keith chamava as atitudes do velho amigo de LVS, síndrome do vocalista principal, a partir da sigla em inglês.
A carreira solo não rendeu o esperado e uma boa conversa no final da década selou a reconciliação dos propulsores dos Rolling Stones. A dupla voltou a trabalhar após a inclusão do grupo no Rock And Roll Hall Of Fame, em janeiro de 1989. Depois disso, os Glimmer Twins, como Mick e Keith eram chamados, compuseram cerca de 50 canções. 12 delas tomaram forma em “Steel Wheels”, lançado no mesmo ano. Também foi anunciada uma gigantesca turnê mundial, que faturou mais de US$ 260 milhões, um recorde para a época.
A banda entrou num processo mais ameno no relacionamento entre seus integrantes, mas Mick não deixou de ganhar notoriedade. Desta vez por suas estripulias com as mulheres. Seu segundo casamento, com a modelo Jerry Hall, chegou ao fim após inúmeros casos de infidelidade. O ápice foi a notícia de que o marido havia engravidado a modelo brasileira Luciana Gimenez, na segunda passagem dos Stones pelo Brasil, em 1998, durante a turnê do álbum “Bridges To Babylon”. Ela pediu o divórcio no ano seguinte. De lá para cá foram muitas namoradas, mas sem nenhum casamento em vista.
A banda continuou em atividade até 2007, quando terminou a turnê “A Bigger Bang”. Tudo corria calmamente até Keith lançar sua autobigrafia em 2010. Além de descrições pormenorizadas do período de azedume entre os dois músicos, o guitarrista também faz referências pouco lisonjeira às intimidades do cantor, entenda-se pela genitália do cantor. Novo terremoto na relação, que prejudicaria, inclusive os 50 anos do grupo, completados no ano passado. Um pedido de desculpas de Richards foi uma das condições para que a maior banda de rock n’ roll do mundo voltasse à ativa. Mas mesmo assim, com arranhões.
Cantor, gaitista, guitarrista, compositor e produtor, Mick Jagger coexistiu com ícones do naipe de Jimi Hendrix, Jim Morrison e Janis Joplin, entre outros. Apesar de não ser dono de técnicas vocais gregorianas, é respeitado por praticamente todas as gerações subsequentes do rock. Há registros de um sem-número de estrelas da música que já declararam devoção ao vocalista dos Stones.
Leonino, ousado, inteligente, sensual e carismático, Jagger representa uma geração artística que rompeu com paradigmas e abriu caminhos para uma juventude que tinha um apetite voraz por novos tempos. Além de ser um rock star genial, Mick é testemunha ocular e lúcida de todas as transformações ideológicas e culturais florescidas nos já distantes anos 60.
Contrariando a previsão apocalíptica de muitos, ou bem ou mal, ou bom ou ruim, Mick completa sete décadas de vida em ótima forma física e ainda presta excelentes serviços à música. Um artista desta categoria não aparece por aí todos os dias.
Em suas respectivas sapiências, eventualmente, os deuses do rock decidem agraciar alguns seres com certa habilidade especial, também conhecida por talento. Com esta dádiva em mãos, estes artistas olimpianos conseguem criar obras atemporais e divisoras de águas. Mick Jagger é o artista contemporâneo que melhor personifica tal condição. E tomara que continue por muitos e muitos anos nos brindando com sua energia e estilo inigualáveis. Vida longa a Mick Jagger!
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sábado, 13 de julho de 2013
Rock: a história segundo seu pai, Blues
Um velho senhor, conhecido pela alcunha de Blues, era famoso pelos seu contos e histórias que, quase sempre, falavam de amores, desilusões e tristezas. Tratava-se de um senhor negro, que diziam ter um olhar sereno e que transmitia certa tristeza. Quem bem o conhece, diz que não é bem assim.
Dessa vez, a história que Blues nos contaria não era sobre fatos fictícios e sim da realidade de sua vida e de seus descendentes.
Então, com a palavra o protagonista...
"Quando em casei com minha esposa (a última delas), não imaginava que nossos descendentes seriam, ao mesmo tempo tão brilhantes e difíceis de lidar. Para entender essas dificuldades é preciso voltar um pouco no tempo, na verdade, para o ano de 1950, creio eu.
Naquela época, eu já era um jovem senhor. Bem, tinha certa experiência no âmbito amoroso, inclusive, atribuem-me vários filhos que nem sei se realmente são meus, com exceção de um, Jazz, que era fruto de uma relação rápida e pouco representativa. Talvez por isso, ele nunca teve uma relação muito próxima comigo.
Eu já desistira de procurar alguém que, de fato, fosse companhia para os meus dias.
Mas...
Ela era uma linda mulher, com seus olhos verdes e um certo apelo "rural", mesmo que fosse dotada de uma classe para se portar... Enfim, era fascinante!
Chamavam-na de Country Music. Nos tornamos belos amigos, depois tivemos o romance mais tórrido que se tem notícia. Nos casamos e tivemos um filho: o Rock.
Meu filho Rock era um jovem transgressor, ao mesmo tempo que tinha grande inteligência. Nada nem ninguém dizia a ele o que fazer ou pensar. Teve diversas namoradas. Nenhuma mulher resistia ao seu charme e rebeldia. Eu acho que puxou isso ao seu pai.
Mas, o amor é assim, não avisa, chega de mansinho e faz o estrago. E assim o amor chegou para Rock.
A moça, uma bela ruiva de olhos azuis, era de família nobre, estudou nas melhores escolas, frequentou os mais caros lugares do mundo. Ao contrário de Rock, frequentava teatros. Estádios e bares não eram seu habitat. Erudita, como era chamada, enfeitiçou meu filho. Teve até quem disse que ela estragou meu filho, impondo classe a quem, segundo eles, devia ser o oposto disso. Eu não seria tão taxativo quanto a isso.
Dessa união surgiram frutos, um deles herdou toda a revolta de seu pai, outro a classe da mãe e o outro, bom, esse conseguiu unir ambos com maestria.
O mais velho dos filhos, chamado Progressivo, era muito parecido com sua mãe. Classudo, tudo para ele era grandioso, a megalomania era sua principal característica. Não sei porque, mas ele construiu uma relação estreita com o seu tio, o Jazz, bem maior do que com o seu próprio pai. Muito dos traços de sua personalidade foram fruto da sua relação com o seu meio irmão, o Psicodélico.
Diziam as más línguas que Progressivo não era filho do Rock, e sim do Jazz. Até hoje a lenda continua.
Metal, o filho do meio, era a ira conta tudo e todos. Seu meio irmão Psicodélico, que era fruto de uma relação rápida que seu pai teve em certa época, era tudo o que ele execrava.
Para Metal, a vida não era paz e amor, pelo contrário, era ódio e escuridão. Alguns diziam que Metal era afeito ao demônio. Ele nunca admitiu, tampouco desmentiu. Ele sempre foi próximo a mim, desde seu nascimento, e acabou sendo acusado de muitas das coisas que eu fui. Claro, com maior veemência.
Metal conseguia dosar as características de seus pais, mesmo que fosse mais parecido com o seu pai.
Durante os anos de sua existência, Metal se relacionou com diversas mulheres, tendo muitos filhos dos mais diferentes estilos.
O mais novo, Punk, era a essência do que seu pai foi. Ele era a revolta adolescente, apesar de possuir a maturidade necessária para abordar os temas que o incomodavam e contrariar a quem e o quê ele não gostava.
Somente seu pai conseguia agradá-lo. Nunca teve uma boa relação com sua mãe e irmãos, principalmente com Progressivo, que ele odiava por achá-lo metido demais. Nunca acreditou, inclusive, que fossem irmãos realmente. Ele sempre me respeitou, apesar de não sermos muito próximos.
Metal e Punk nunca se deram muito bem, mas a coisa se acirrou por causa de uma mulher. Sempre elas!
Punk conheceu uma inglesa, chamada Nova Onda, e tiveram um caso rápido. Nova Onda achava Punk meio imaturo, e alguns dizem que ele batia nela, inclusive.
A moça gostava e admirava muito Metal desde que ela era criança. Dessa admiração surgiu um amor estonteante, ainda na época em que tinha um lance com Punk. Até hoje dizem que ela flertou com ambos simultaneamente.
Nova Onda teve um filho, Thrash, que apesar de levar o sobrenome de Metal, alguns dizem ser filho de Punk. Essa rusga dos dois me destrói até hoje, apesar de já não ser tão grande como foi.
Particularmente, acho que Thrash é filho de Metal, mas que ele tem muito do seu tio, isso ele tem.
Minha família é enorme, mas os anos passam e eles não conseguem se acertar. A coisa é tão feia que seus amigos e admiradores trocam farpas até hoje. A harmonia não existe.
Uma vez, alguns religiosos me rogaram uma praga: disseram que eu e meus descendentes teríamos sucesso, dinheiro e fama, mas nunca viveríamos em paz. E de fato, não vivemos mesmo!"
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terça-feira, 9 de julho de 2013
domingo, 23 de junho de 2013
A lição que a seleção do Taiti nos ensinou
Como é possível que um time de futebol seja derrotado, e, ainda assim, comemore?
Como é possível que um time de futebol não ganhe nada para jogar, e ainda assim, encontre alegria no que faz?
Ah, que lição nos ensinou a seleção do Taiti.
Enquanto a “poderosa” Nigéria ameaçava boicotar a Copa das Confederações por que havia rumores de que o valor pago aos atletas para disputar o torneio seria menor, encontramos hospedados ali mesmo em Belo Horizonte gente que joga pelo simples prazer de atuar, com o dinheiro em segundo plano.
Isso ainda existe em nossos dias.
Quanta diferença!
O Taiti não tem Balotelli, Iniesta, Forlán ou Neymar.
Mas tem o futebol em sua essência, em sua verdadeira origem e no seu real objetivo. Esporte feito para o bem comum, para contribuir no crescimento social do ser humano.
O Taiti jogou o futebol puro. E, perdeu, no placar. Apenas no placar.
Por que ganhou o respeito e a admiração de nós, amantes do verdadeiro futebol.
Ganhou o respeito dos torcedores de Belo Horizonte, do Rio de Janeiro, do Recife, de todo o Brasil.
O Taiti perdeu de 6x1 da Nigéria, de 10x0 da Espanha e de 8x0 do Uruguai e voltará para casa como a seleção de pior desempenho na história da Copa das Confederações.
Mas, espere um pouco!
Quem tem mais valor? Quem atua só pelo dinheiro ou quem tem alegria quando marca um gol como se estivesse ganhando um título?
Quem ganha mais com isso? O futebol dos mercenários ou o futebol alegria?
O Taiti é um vencedor. Um campeão contra tudo e contra todos.
Por estar na Copa é o melhor time da Oceania.
O que mais dá gosto ver são os olhos de satisfação dos jogadores que conquistaram o direito de participar do torneio fazendo com que pela primeira vez o eixo Austrália-Nova Zelândia não participasse da competição.
Jonathan Tehau foi o primeiro atleta do Taiti a marcar um gol fora do seu país em uma competição oficial. E isso é um privilégio que ele vai carregar para sempre.
O Taiti!
Exemplo supremo de que o dinheiro não é a razão maior para a felicidade. Felicidade mesmo é fazer o que se gosta!
Obrigado Taiti, por nos fazer ter a certeza de que precisamos de muito pouco para sermos felizes!
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domingo, 2 de junho de 2013
quinta-feira, 16 de maio de 2013
sábado, 11 de maio de 2013
sábado, 4 de maio de 2013
2014, o ano em que o Brasil será derrotado
O Brasil será o grande derrotado na Copa do Mundo de 2014. Esqueçam esquemas táticos, análises técnicas, convocações, gols ou arbitragens. A derrota não virá numa zebra nas oitavas contra a Bélgica, num duelo épico de quartas contra a Itália, numa semi angustiante contra a Espanha ou num 'Maracanazzo reloaded' contra a Argentina.
A derrota já veio. O Brasil perdeu a Copa de 2014.
O Brasil perdeu, leiam bem. O que vai acontecer com a seleção brasileira é outra história. Uma história que muda pouco o que realmente importa. O Brasil perdeu a Copa de 2014.
Um evento como a Copa é a chance de um país mudar, se redescobrir, sanar problemas e construir soluções, mesmo que seja sob a fajutíssima desculpa de "o que o mundo vai pensar da gente se não estiver tudo dando certo?". Que seja, dane-se a pequenez da desculpa, desde que sejam construídas estradas, linhas de metrô, corredores de ônibus, elevadores, hotéis, e, vá lá, até um ou outro estádio.
A Copa do Mundo é, para os tempos de hoje, o que foram as tais "Exposições Mundiais" no século 19. Era preciso se arrumar para receber visitas em casa.
Mas o Brasil hoje corre para retocar a maquiagem, empurra a vassouradas a sujeira para debaixo do tapete, tranca os cachorros pulguentos na despensa e manda a criançada dormir mais cedo, porque sabe como é criança quando chega visita, desanda a falar cada coisa...
Faltam pouco menos de dois meses para a Copa das Confederações, e o estádio da final não está pronto. Aquele estádio na Zona Norte do Rio, que foi erguido no lugar do Maracanã ao preço mirabolante de R$ 1 bilhão e que terá de ser reformado para a Olimpíada. Nenhum aeroporto teve reformas significativas concluídas.
Pouco mais de um ano para a Copa do Mundo e os taxistas que falam inglês continuam a ser uma raridade, as placas de trânsito seguem indecifráveis para estrangeiros, os hotéis e vias públicas não vão dar conta do recado, obras de mobilidade urbana de Manaus, Brasília e São Paulo não ficarão prontas - umas foram canceladas, outras postergadas, todas custaram irreversíveis milhões e não é difícil adivinhar quem pagou a conta.
O presidente do Comitê Organizador Local está cercado por denúncias, e não é para menos. José Maria Marín, o homem que gere a operação Copa do Mundo no Brasil, passou seus mandatos de deputado bajulando delegados ligados às torturas da ditadura, superfaturou a sede da CBF, negociou apoio na aprovação de contas da confederação dando cheques a seus eleitores.
Enquanto isso, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, diz que a organização da Copa do Mundo no Brasil seria mais fácil se o país fosse menos democrático e tivesse menos esferas de governo. Legal é a Rússia, que tem um poder centralizado e menos palpiteiros. A organização da Copa do Mundo seria mais fácil, monsieur Valcke, se ela estivesse nas mãos de gente diferente. De gente que não estivesse interessada apenas em sugar dinheiro do país com o benefício de isenção de impostos. A organização da Copa do Mundo seria mais fácil se ela fosse feita para, de fato, deixar o país com algumas pequenas vitórias em áreas que vão muito além do campo de jogo.
O Brasil de Felipão, de Neymar, de Ronaldinho ou Kaká, o Brasil pentacampeão, seja com volantes classudos ou brucutus, pode ganhar ou perder a Copa de 2014.
O Brasil de 200 milhões de pessoas, aquele que acordará no dia 14 de julho de 2014 para trabalhar, este sairá da Copa derrotado. Qualquer que seja o resultado da final.
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domingo, 7 de abril de 2013
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