domingo, 22 de setembro de 2013

Bruce, o maior e melhor rockstar, é o Springsteen!



Bruce Springsteen finalmente aterrissou no Rock In Rio na madrugada deste domingo (22) para encerrar o 6° e penúltimo dia do festival. O “chefe” mostrou, com propriedade, como se faz o tal do rock de arena, aquele que Muse ensaiou fazer para um público alternativo, o Metallica para os headbangers e que Bon Jovi sonhou para a nova turnê na sexta-feira (20).

A apresentação de 2 horas e 40 minutos parece não ter feito cócegas no cantor, que já chegou a tocar por 4 horas e 6 minutos na Finlândia em julho passado. Aqui, ele sempre pedia mais. Assim como todas as outras da turnê "Wrecking Ball", a apresentação serviu como um divertido teste de resistência para Bruce, que completa 64 anos na próxima segunda-feira (23).

O cantor talvez não seja o mais conhecido dos headliners do festival, não tenha tocado para a maior platéia do evento e não possua representatividade dentro do repertório radiofônico do público, mas fez, de longe, a melhor apresentação do Rock In Rio dos últimos tempos.

O americano de New Jersey, conhecido como "the boss", ganhador de dezenas de Grammys e até de um Oscar, ensinou que o segredo vai além do lastro no cancioneiro americano, inspirado, em grande parte, pelos excluídos e os menos abastados. Ao lado da ótima e numerosa E Street Band (que conta com o eterno Soprano Steven Van Zandt na guitarra), Bruce não liga para set list e faz de seu show uma celebração com amigos – bem além daqueles que estão no palco. Logo nas primeiras músicas do show, como que de improviso, anunciou: "Vamos tocar o álbum 'Born in the U.S.A.' inteiro".

Foram quase 3 horas de suor escorrendo na guitarra, entre elas uma Fender Telecaster detonada, e de um contato constante com o público. Não apenas na hora de pedir para que os braços fossem erguidos, nas dancinhas e reboladas, como em "Shackled and drawn", ou na escolha de "Sociedade alternativa", de Raul Seixas, para abrir o show. O cantor se jogava para a platéia.

Já na terceira música, "Spirit in the night", Bruce subiu nas grades, apertou a mão dos fãs e se deixou a agarrar. Voltou ao corredor e repetiu os gestos mais algumas vezes, sempre tentando trazer alguém da banda junto. Em uma dessas passagens, voltou com o típico chapéu Panamá na cabeça. Em outro, deu o microfone para o italiano Ludovico, de 10 anos, que veio ao Brasil para assistir ao show, cantar os versos "Waiting on a sunny day". No clássico "Born to run", esfregou a guitarra no público para que seus fãs pudessem "tocar" a parte final da canção.

Em "Dancing in the dark", Bruce escolheu 5 fãs para subirem ao palco. Entre beijos e pulos, deu um violão para a mais nova e ensinou a todos como ser um rock star e encerrar a música com estilo, ajoelhado e ovacionado no palco.

A interação só não foi maior porque a estrutura do Palco Mundo assim não permitiu. No Chile e em São Paulo, suas apresentações antecedentes a essa, Bruce deu um mosh (arremessou-se sobre o público para ser carregado) e se deixou levar pela onda de mãos. A novidade do show carioca foi a execução na íntegra do clássico álbum "Born in the U.S.A.", de 1984. No show na capital paulista, Bruce já havia tocado 6 das 12 faixas do disco, 2 delas pedidas por fãs.

No Rio, se contentou em se molhar, ofegante, como se precisasse recobrar as forças colocando a cara no balde de gelo. Quando o público achava que ele já estava esgotado, Bruce olhava para a platéia, que pedia mais, como se todo o espetáculo fosse um teste divertido de resistência. Foi assim até o final, quando tocou "Twist and shout" e venceu até mesmo os fogos de artifícios, que costumam aparecer apenas quando a última banda sai do palco.

"Nós amamos todos vocês. Obrigado por nos esperarem por tanto tempo. Não vamos deixar isso acontecer de novo", prometeu no bis, ao cantar "This hard land", acompanhado apenas por violão e gaita. Acabou ensinando ao festival inteiro de como se fazer um legítimo show de rock. E ratificou que, Bruce por Bruce, o Springsteen é o maior e mais completo. Certo, Dickinson?

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