segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Feliz hoje novo!
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Sons que você não conhece... mas deveria!
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
sábado, 8 de dezembro de 2012
A genialidade do arquiteto das curvas
Olhe, mas não se espante. Tudo isso é real. Tudo é concreto, simples como a inspiração de uma flor do Cerrado, robusto como as montanhas de rios de Minas, frágeis como os candangos que construíram Brasília. Na obra de Niemeyer não existe ficção. Nossa ilusão fica apenas nas mãos calejadas e nos pensamentos daqueles que deram forma às inquietudes e sonhos deste poeta dos traços, na verdade, imperfeitos para nosso tempo e rebeldes para nossas causas, sempre bem comportadas.
Bem vindo ao século e às curvas de Niemeyer. Bem vindos à tradução de um tempo em que o homem se desviou da linha do ponderável. Um século de duas guerras mundiais, tantas outras locais e muito mais revoluções. Um século em que o homem traçou caminhos contrários em curvas tanto ascendentes, quanto descendentes. Nesse século, sonhos, quase impossíveis foram realizados. Muros foram derrubados. Novos mundos conquistados. O planeta, nossa casa, feito de uma curva única que parte e se encontra no mesmo ponto, esférico, quase arrasado. Para o nosso bem, nossas linhas mal pensadas, ainda, não nos levou à extinção.
Niemeyer, quem foi ele? Para alguns, apenas um tradutor das desventuras humanas. Para outros, um sonhador que achava que a vida era curta demais e que mesmo, aos mais de cem anos, planejava novas aventuras traçadas nas linhas do, quase, impossível. Para outros mais, um desdenhador do “pacto do natural” que insiste em não aceitar novos desafios. Mas, para muitos, tantos, e outros mais, um arrancador de sorrisos, um provocador de suspiros. Um homem a ser lembrado! Que bom ter vivido neste século e ter tido o privilégio de ver surgir, da fonte do imaginário, pelo menos, parte das curvas de Niemeyer.
sábado, 24 de novembro de 2012
sábado, 17 de novembro de 2012
domingo, 4 de novembro de 2012
Lula e os 9 dedos de uma farsa
Horas antes, ele aprontou mais uma: por intermédio de seu chanceler, Celso Amorim, o Itamaraty presenteou com passaportes diplomáticos alguns "bispos" da Igreja Universal do Reino de Deus e vários parentes de Lula. Por lei, o passaporte vermelho é exclusivo de autoridades, diplomatas (e seus dependentes) e pessoas que dele necessitem para exercer funções oficiais em benefício da nação.
Na mesma semana, Lula aproveitou para tripudiar de milhões de brasileiros, ao comentar o aumento de mais de 60% no salário que os deputados se autoconcederam, e de mais de 100% no de presidente da República. Perguntado a respeito, ele não encontrou nada melhor a dizer senão lamentar, em tom de chacota, sua "falta de sorte", pois estaria deixando o cargo dali a alguns dias...
Se o Brasil fosse um país sério e não a terra da chanchada, tipos como Lula já estariam na cadeia há tempos. O que vai aí em cima é uma pequeníssima amostra e refere-se apenas à última semana de seu governo. Tem muito mais, tanto que é até difícil elencar o número de vezes que Lula da Silva ofendeu a gramática, a lógica, a honestidade e a inteligência desde que assumiu o papel de histrião-mor da República. Daqui a alguns anos, lembraremos de Lula com profunda vergonha, como se lembra hoje em dia das calças boca-de-sino ou dos penteados dos anos 70 (com a diferença de que estes, apesar de cafonas, eram inofensivos).
OK, OK, Lula é um farsante, o maior que já pisou o tapete do Palácio do Planalto. Tudo isso é público e notório etc. e tal. A questão é: por que ninguém dá a mínima? Por que o povo brasileiro não resolve imitar os tunisianos e sair às ruas pedindo a cabeça do Apedeuta numa bandeja?
A resposta-padrão, que é sempre brandida nessas horas, é a seguinte: sob Lula, o Brasil mudou. Sob Lula, os pobres melhoraram de vida. Isso é o que repete a propaganda oficial.
Isso é mesmo verdade? Quem é jovem, com menos de 20 anos, não tem idade suficiente para lembrar do Brasil antes do Plano Real. Nem do Lula líder da oposição - a mais barulhenta e irresponsável que já existiu no Brasil, ao contrário do que existe hoje, que nem merece o nome de oposição -; enfim, do Lula antes de virar presidente. De Lula, assim como todos dessa idade para baixo, tem-se apenas a imagem do "estadista", do líder que "tirou milhões da pobreza", cantado em verso e prosa por uma legião de intelectuais vendidos e por uma imprensa embasbacada e covarde.
Sim, a vida dos pobres melhorou nos últimos oito anos. Assim como vem melhorando, de forma quase ininterrupta, nos últimos vinte, trinta, quarenta ou cinquenta anos. Pegue qualquer dado estatístico, qualquer tabela, e você verá que a curva é sempre ascendente. Há, no Brasil de 2012, menos gente vivendo em condições subumanas do que havia em 1960 ou em 1930. Há menos pobreza, menos doenças contagiosas, menos mortos ao nascer, menos analfabetos (quer dizer, com a exceção da política!). Do mesmo modo, há hoje mais estradas, mais televisores, mais automóveis, mais geladeiras, mais fogões, mais mesas e mais cadeiras.
Por que isso acontece? Porque esse é um processo do desenvolvimento capitalista brasileiro. Por estas bandas, o capitalismo, embora muito atrasado em relação a outros países, conseguiu retirar muita gente da miséria. Conseguiu melhorar a vida de muitos. Poderia, inclusive, ter feito muito mais, se o governo deixasse. Poderia ter criado muitos mais empregos, se não houvesse, por exemplo, tantos impostos (além do mais, mal aplicados).
A questão não é se a vida da maioria esteja ou não melhorando, inclusive em aspectos como saúde e educação. Isso é um fato. A questão é que essa melhora nas condições de vida da população não se deve a governo X ou Y, não é, enfim, uma "conquista do governo Lula", como diz a propaganda oficial (e muito menos do Bolsa-Cabresto, que não passa de uma forma de perpetuar uma clientela política). Se o Brasil hoje produz mais, por exemplo, alimentos, se é hoje uma potência agrícola, isso não se deve ao governo Lula, que pouco ou nada fez para estimular esse setor nos últimos oito anos (a não ser consumir e muito um tal produto originário da cana-de-açúcar). Tampouco ao governo FHC, ou Collor, ou Sarney. É algo que se deve, em primeiro lugar, ao agronegócio, que é visto como um bicho-papão pela companheirada do PT e do MST.
Do mesmo modo, se hoje não temos inflação fora de controle, se a economia está estabilizada, isso também não foi uma graça alcançada pela intercessão de São Luiz Inácio dos Pobres e companhia: na verdade, eles pegaram o bonde andando das reformas implementadas pelo governo FHC. Mesmas reformas a que se opuseram com tanto ardor antes de chegarem ao poder.
Enfim, a vida melhorou sim, mas não por causa do Lula e dos petistas – foi APESAR deles. O principal mérito - na verdade, o ÚNICO mérito - do governo Lula foi NÃO ter mexido no que estava certo: a economia (ou seja: o que foi bom, no governo Lula, não era novo, e o que era novo, não era bom). Eles apostam na amnésia coletiva para vender a idéia mentirosa de que tudo de bom que existe foram eles que fizeram, e antes era o caos.
Isso quer dizer o seguinte: um dos principais fatores a dar legitimidade ao governo Lula (e agora, Dilma), a idéia de que "o meu governo fez o povo melhorar de vida", é uma farsa. Embora se baseie numa verdade – sim, a vida da maioria melhorou nos últimos anos, como já vinha melhorando antes –, é uma mentira demagógica.
Esse discurso dos lulo-petistas é completamente falso, é um jeito que acharam de enganar os otários. Além disso, mesmo que a prosperidade e a melhoria da vida dos cidadãos fosse obra de governo A ou B, o fato de o governo Lula ter sido o mais corrupto da história do Brasil (mensalão, Cachoeira e afins) - sem falar nos constantes ataques às liberdades fundamentais, como a de imprensa, e a politica externa escandalosa -, dele retira qualquer traço de legitimidade.
Outra coisa: se você ouvir algum economista do IPEA ou de alguma fundação ligada ao PT falando no surgimento de uma "nova classe média", pode preparar a cesta de ovos e tomates, pode chamar a polícia. O que determina classe social não é a capacidade de consumo, mas o papel que cada um exerce na economia, além de fatores como a educação e o acesso a outros serviços essenciais. Cerca de 50% dos lares brasileiros continuam sem saneamento básico, e nos exames internacionais os alunos brasileiros terminam sempre dando vexame, ficando nos últimos lugares. A classe D pode estar comprando mais geladeiras e tomando mais refrigerante, mas, se não tiver esgoto, e se não souber ler e contar direito, continua sendo classe D, e não C ou B. Aliás, essa sopa de letrinhas não quer dizer rigorosamente nada. É mais uma balela dos lulo-petistas, os inventores do Brasil-maravilha.
Resumindo: com Lula, a vida melhorou? Sim, como já vinha melhorando antes. Isso foi devido a ele e aos petistas? Não. Pelo contrário: poderia ter sido feito muito mais sem eles. A economia não precisa de Lula e dos petistas para seguir crescendo. Já Lula e os petistas precisam da economia para seguir enganando a todos. Por que se diz então que foi Lula o grande gênio por trás desse processo? Só Deus sabe.
Se há motivos de sobra para repudiar o governo dos metralhas como a maior farsa da história do Brasil, em economia isso não é muito diferente. Não, o Brasil não mudou. Em economia, então, não mudou absolutamente nada. Ainda bem. Agora, que tantos se deixem enganar por Lula e sua quadrilha, é algo que desafia a compreensão. Afinal, a sigla PT estar contida em 'corrupto' não é uma mera coincidência gramatical.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
domingo, 26 de agosto de 2012
Artista da vez - TEARS FOR FEARS
país: Inglaterra
gênero: pop rock, new wave, synthpop
integrantes:
Roland Orzabal (vocal e guitarra)
Curt Smith (vocal e baixo)
domingo, 5 de agosto de 2012
Michael Phelps, uma lenda ante nossos olhos
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
sexta-feira, 13 de julho de 2012
terça-feira, 19 de junho de 2012
domingo, 3 de junho de 2012
O jubileu de diamante que era vidro e se quebrou
Atualmente, Elizabeth II é a monarca constitucional e chefe de Estado do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, Antígua e Barbuda, Austrália, Bahamas, Barbados, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Ilhas Salomão e Tuvalu. É também a chefe da Comunidade de Nações, governante suprema da Igreja da Inglaterra (também denominada Igreja Anglicana), comandante-chefe das Forças Armadas do Reino Unido, Lorde de Mann e Duquesa de Normandia. É a chefe de estado que possui a maior superfície terrestre sob seu domínio, com cerca de aproximadamente 1/6 das terras do planeta.
Quando a rainha foi coroada, em 6 de fevereiro de 1952 (e ainda na festa da coroação, em 2 de junho de 1953), o Reino Unido, mesmo empobrecido e endividado pela II Guerra Mundial, ainda podia se ver como a terceira potência mundial. Sua economia ainda era a terceira maior do mundo (e a maior da Europa), a frota naval sobrevivente da guerra ainda era respeitável e em outubro desse ano o país se tornaria o terceiro a detonar uma bomba atômica (perto das ilhas Montebello, na Austrália Ocidental). Londres ainda controlava o Canal de Suez, grande parte da África do Cairo ao Cabo, a maior parte do petróleo do Golfo Pérsico e muito do Caribe e do Sudeste Asiático.
A jovem rainha liderava uma entidade que abrangia um quarto da superfície da Terra e um quinto da população. Domínios como Canadá, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul já eram praticamente independentes (algumas restrições simbólicas permaneceram até os anos 1970) e a Índia optara pela república, mas a Comunidade Britânica ainda era uma realidade pelo menos tão concreta quanto a União Européia de hoje. Suas economias ainda dependiam em grande parte das decisões de transnacionais britânicas e estavam integradas na vasta zona da libra, manipulada pela City londrina.
Sessenta anos depois, tem-se a impressão de que o país envelheceu ainda mais que a sua soberana. A produção econômica britânica é apenas a sétima do mundo, agora que foi ultrapassada pelo Brasil. As colônias desapareceram quase todas, salvo por alguns enclaves mantidos por pura teimosia, como as Ilhas Malvinas e Gibraltar, e outros conservados para servirem de paraísos fiscais, como as Ilhas Cayman e as Ilhas Virgens Britânicas, ou para serem usadas como bases navais pelos EUA, como as Ilhas Chagos, no Índico. Política e diplomaticamente, o país é pouco mais que um apêndice dos EUA, colocando o que resta de suas forças militares e de seus serviços de inteligência a serviço das aventuras militares de Washington. Economicamente, é um integrante cada vez mais marginalizado de uma União Européia em crise.
A indústria da antiga “fábrica do mundo” praticamente desapareceu, varrida pela concorrência alemã, japonesa e chinesa e pela obsessão thatcheriana por neoliberalismo e desregulamentação. E o futuro do setor financeiro que seu governo promoveu e privilegiou e hoje é o mais competitivo do país está ameaçado pela crise européia e pela recusa da Zona do Euro a isentar a City das novas taxas e regulamentos que pretende impor ao setor em toda a União Européia.
Pouco antes do jubileu, a rainha já sofreu mais uma humilhação: logo após tomar posse em 5 de janeiro, a nova primeira-ministra Portia Simpson-Miller da Jamaica, eleita pelo Partido Nacional Popular, de centro-esquerda, prometeu instaurar a república na mais importante ex-colônia britânica não-branca do Hemisfério Ocidental, que cantava “Deus salve o rei (ou a rainha)” desde 1655. Foi um presente nada agradável para o Dia de Reis.
E agora o reino de Elizabeth II corre o risco de, em breve, perder até o direito de se chamar Unido e privar seus cidadãos do direito de se chamarem britânicos. Pois o governo regional da Escócia, cuja união com a Inglaterra originou o Reino da Grã-Bretanha em 1707, que passou a ser Reino Unido ao incorporar a Irlanda em 1801, decidiu que convocará um referendo sobre a independência no outono de 2014, logo após a comemoração dos 700 anos da batalha de Bannockburn, na qual os escoceses derrotaram a primeira tentativa de anexação pela Inglaterra.
A iniciativa do primeiro-ministro escocês Alex Salmond, cujo Partido Nacional Escocês conquistou a maioria absoluta do parlamento regional nas eleições de maio de 2011, enfureceu o primeiro-ministro conservador David Cameron e pôs em xeque a tradição do fair play britânico (que logo poderá voltar a ser apenas inglês). Cameron alega que o parlamento escocês não tem poderes para submeter esse tema a plebiscito sem a anuência de Londres e quer levar a questão à Corte Suprema. Segundo uma pesquisa de outubro, 49% dos escoceses (e 39% dos britânicos) acham que a Escócia devia ser independente, mas o apoio à separação é maior entre os jovens e pode aumentar com o agravamento da crise econômica, razão pela qual Cameron pressiona para que a consulta seja feita dentro de, no máximo, 18 meses.
Um consolo para a rainha e seus problemáticos herdeiros é que Alex Salmond pretende manter a rainha como monarca caso conquiste a independência, como ainda fazem o Canadá e a Austrália. Na verdade, diz ele, os escoceses têm uma relação com a monarquia mais amistosa e menos marcada por conflitos de classe que os ingleses e há melhores argumentos para uma república inglesa que para uma escocesa. Vale lembrar que uma pesquisa de 2009 do jornal The Guardian e da revista The Observer indicou que 54% dos britânicos apoiavam a abolição da monarquia, apesar de só 3% deles julgarem que isso era uma prioridade. Se o agravamento da crise levar os ingleses a decidir cortar mais esse gasto público particularmente inútil, a família real talvez ainda encontre abrigo nos castelos escoceses.
segunda-feira, 7 de maio de 2012
Tonico & Tinoco - Definitive Collection (539 a.C.)
sábado, 21 de abril de 2012
sábado, 24 de março de 2012
Sons que você não conhece... mas deveria!
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
sábado, 28 de janeiro de 2012
KISS: música ou marketing?
Para alguns, eles são 4 palhaços de luxo que usaram a música como desculpa para ganhar dinheiro. Para outros milhares, formam a maior banda de rock do mundo. Desde o início de suas atividades, o KISS é sempre 8 ou 80, amor ou ódio, mas com a certeza de que constitui um dos maiores impactos culturais da década de 70.
Há quem, até hoje, acuse o grupo de incompetência musical camuflada pela maquiagem e pelos efeitos especiais, ou acredite que não tem credibilidade alguma por causa de tanto merchandising. Mas uma resposta de Gene Simmons a um repórter que questionou a mesma coisa diz tudo: “Credibilidade? Está louco? Nós nunca tivemos credibilidade alguma, então por que devemos nos preocupar? Quanto mais dinheiro eu ganhar, melhor. Não estamos forçando ninguém a comprar nada. Se os fãs querem, o que podemos fazer senão satisfazer seus desejos?”
Você ainda não deve ter parado para pensar no KISS como uma marca. Nada aconteceu por acaso. Desde que começaram compondo e ensaiando em um apartamento minúsculo e imundo em Manhattan, Gene Simmons e Paul Stanley já planejavam criar um fenômeno musical, proporcionando ao público não só música e sim um espetáculo sonoro e visual completo.
Baseados em simples, mas excelentes estratégias de marketing, alcançaram níveis de popularidade que muita banda séria jamais sonhou. Já começando pela criação de personagens, adicionando storytelling, como um grupo de super-heróis de diferentes personalidades. Maquiados e fantasiados de “The Starchild” (Paul Stanley), “The Demon” (Gene Simmons), “Space Ace” (Ace Frehley) e “The Catman” (Peter Criss). Como bem já disse J.J. Abrams: mistério vende, e assim mantiveram suas “identidades secretas” por mais de uma década.
Nos primeiros shows, ganhando US$35 por noite, o KISS era motivo de risos, piadas e deboches por grande parte do público, mas chamaram atenção de muita gente não só pela estética, mas porque já nesse início pareciam ter grande sucesso. Bobagem, eram ainda apenas pé-rapados.
Para passar a imagem de que eram uma banda famosa, contrataram o popular grupo Brats para abrir um show e mandaram convites para imprensa em nome do KISS. Como se já não bastasse, mesmo endividados até o último fio de cabelo, alugaram uma limousine para chegar ao local da apresentação em grande estilo.
Toda essa jogada de marketing não foi em vão. Dezenas de jornalistas e produtores de gravadoras compareceram ao show movidos pela curiosidade de ver quem eram aqueles ilustres desconhecidos que haviam contratado os famosos Brats para uma apresentação.
“Lotamos toda a primeira fila com camisetas feitas em casa, que continham o logotipo do KISS. Então, quando as pessoas entravam no clube e viam vários fãs vestidos com camisetas da banda, pensavam: - Esta banda deve ser importante”, revelou Gene Simmons sobre o primeiro grande show do KISS anos mais tarde. Alguém falou em marketing de guerrilha?
Foi depois desse episódio que conseguiram um contrato com Neil Bogart, presidente da recém-inaugurada Casablanca Records. O sucesso foi inevitável e o dinheiro começava a aparecer. Mesmo assim a banda ainda adotava truques curiosos para economizar e impressionar o público. Entre outras manobras, eles amontoavam caixotes de madeira vazios com uma frente falsa no formato de amplificadores, construindo assim uma suposta parede gigantesca dos mesmos.
Tendo em vista que cada amplificador Marshall utilizado no palco custava na época o equivalente à US$600, a mídia se perguntava: “Como era possível que uma banda desconhecida possuísse tamanho equipamento?”.
O KISS é uma banda com slogan. A partir da turnê de “Hotter Than Hell” em 1975, uma mensagem acompanha todos os shows. Sempre ao início de cada apresentação, um mestre de cerimônias berra a seguinte frase: “You wanted the best and you got the best. The hottest band in the world. KISS!”. Esta repetição constante da mensagem tornou-se emblemática na carreira da banda, um slogan que marca, definitivamente, o conceito KISS de ser um super-grupo.
Nesta fase, surge o empresário Bill Aucoin, renomado profissional que passa a controlar os negócios do KISS. Começam a associar a imagem da banda em quase tudo, o que fazia que ficassem cada vez mais populares e arrecadassem mais dinheiro. Podia-se encontrar, como de fato até hoje, centenas de produtos com a marca do KISS, incluindo pôsters, lancheiras, fotos, radinhos de pilha, revistas, máquinas de fliperama, bottons, adesivos, carrinhos de brinquedo, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças, chaveiros, fósforos, gargantilhas, moedas comemorativas e cartões postais.
Ainda na década de 70, funda-se o KISS Army, exército de fanáticos em todo o mundo que é comandado pela própria banda. O KISS Army responsabiliza-se, como um fã clube mundial, pela promoção e divulgação da banda, produzindo fanzines e comercializando diversos materiais relacionados ao grupo. Existe ainda uma curiosa lenda em torno do KISS Army, onde dizem que o fã-clube possui uma gigantesca fortuna que será distribuída como herança aos fãs após a morte de seus ídolos.
Como se isso não bastasse, em 1978 o KISS realizou uma parceria com a Marvel Comics em mais uma estratégia de marketing. Lançaram uma revista em quadrinhos da banda, transformando Ace, Paul, Gene e Peter em super-heróis, tendo como base Capitão América, Super Homem e Homem Aranha. O detalhe é que as primeiras trezentas cópias da HQ continham sangue dos próprios músicos misturado com a tinta utilizada na impressão. No dia da retirada do sangue de cada integrante num laboratório americano, a imprensa acompanhou tudo de perto. Segundo declarações da banda, seria uma forma de “dar nosso sangue pelos fãs”.
Tudo isso transformou o KISS em uma banda com adoradores, e não apenas com fãs. A turnê mundial era monstruosa, com mais de 50 pessoas na equipe, 16 toneladas de equipamento pessoal, 24 toneladas de som, 17 toneladas de luz, 18 toneladas de cenário. Com o som e a iluminação eram gastos US$1 milhão e mais US$1 milhão com o custo do cenário. Eram necessárias 24 horas de trabalho intenso para montar toda a estrutura do show. Tudo ficava pré-estabelecido nos contratos, desde a dimensão do local escolhido para a apresentação até caracterizações detalhadas sobre os camarins. E de escasso, o dinheiro passou a ser farto. Nessa época a banda também já possuía seu próprio avião. Desde 1975 até 1980, o KISS já havia percorrido cerca de 3 milhões de quilômetros.
Desde então, começaram a acontecer por todo o mundo as chamadas KISS Conventions, uma espécie de congresso em que os fãs trocavam informações, fotos, revistas, camisetas, etc. Nesses eventos, era possível conhecer desde sósias dos integrantes até roupas originais utilizadas nos shows. Ao final de cada evento, a banda realizava um show acústico em que os fãs determinavam o repertório. Além disso, o KISS concedia uma coletiva em que os repórteres eram o próprio público.
Quando a banda se perdeu sonoramente na metade da década de 80 e com a popularidade em queda, resolveram aparecer em público pela primeira vez sem maquiagem, dizendo que estavam cansados de seus personagens. Mais uma tentativa de chamar atenção da mídia e do público. No retorno da formação original, em 1996, o impacto também foi grande: convocaram uma misteriosa coletiva de imprensa e, sem ninguém esperar, apareceram maquiados e fantasiados novamente durante o Grammy.
O primeiro show dessa reunião teve os ingressos esgotados em 45 minutos, e em 1998 lançaram a turnê do disco “Psycho Circus”. Era o primeiro show 3D em tempo real da história da música. Na porta do estádio eram distribuídos óculos especiais para o público visualizar os efeitos em terceira dimensão. Além disso, explosões, fumaça, efeitos de luz e som, números cospe-fogo e cospe-sangue, 10 minutos de fogos de artifícios no encerramento. Uma produção nada modesta: foram desembolsados US$10 milhões para que fosse realizada tal monstruosidade visual e sonora. Resultado: foi a turnê mais lucrativa nos Estados Unidos na década de 90, no ranking da revista Forbes.
90 milhões de álbuns vendidos depois, o KISS nunca foi muito elogiado pela crítica, provavelmente nunca vai ter uns de seus discos em uma lista séria de “melhores de todos os tempos” e sempre vão ser considerados palhaços de luxo por muitos, mas ainda assim deixaram uma marca espetacular na história do rock e do show business. Pergunte para Pink Floyd, Rolling Stones e U2 em quem eles se inspiraram para produzir seus mega-shows, ou aos cariocas o que foi aquele 1983 no Maracanã. Ouvir KISS ainda continua sendo uma das coisas mais divertidas de se fazer.
E para responder a pergunta do título deste post, vale citar mais uma vez Gene Simmons, um dos maiores publicitários de nosso tempo. Quando perguntado pelo apresentador britânico Tony Wilson, em 1976, sobre o que era mais importante para a banda, se a música ou todo o circo de marketing, o baixista respondeu: “o público”.