sábado, 8 de dezembro de 2012

A genialidade do arquiteto das curvas



Nada será como antes. Por este mundo já passou Oscar Niemeyer. Um homem que valorizou a vida acima de tudo e este foi seu maior legado. Foi valorizando a vida que Niemeyer transformou concreto em arte e traduziu as angústias das muitas linhas indirigíveis, causadas pela irracionalidade humana, em curvas de belas formas e transcendentes aos olhos, traduzidas apenas pelo coração.

Olhe, mas não se espante. Tudo isso é real. Tudo é concreto, simples como a inspiração de uma flor do Cerrado, robusto como as montanhas de rios de Minas, frágeis como os candangos que construíram Brasília. Na obra de Niemeyer não existe ficção. Nossa ilusão fica apenas nas mãos calejadas e nos pensamentos daqueles que deram forma às inquietudes e sonhos deste poeta dos traços, na verdade, imperfeitos para nosso tempo e rebeldes para nossas causas, sempre bem comportadas.

Bem vindo ao século e às curvas de Niemeyer. Bem vindos à tradução de um tempo em que o homem se desviou da linha do ponderável. Um século de duas guerras mundiais, tantas outras locais e muito mais revoluções. Um século em que o homem traçou caminhos contrários em curvas tanto ascendentes, quanto descendentes. Nesse século, sonhos, quase impossíveis foram realizados. Muros foram derrubados. Novos mundos conquistados. O planeta, nossa casa, feito de uma curva única que parte e se encontra no mesmo ponto, esférico, quase arrasado. Para o nosso bem, nossas linhas mal pensadas, ainda, não nos levou à extinção.

Niemeyer, quem foi ele? Para alguns, apenas um tradutor das desventuras humanas. Para outros, um sonhador que achava que a vida era curta demais e que mesmo, aos mais de cem anos, planejava novas aventuras traçadas nas linhas do, quase, impossível. Para outros mais, um desdenhador do “pacto do natural” que insiste em não aceitar novos desafios. Mas, para muitos, tantos, e outros mais, um arrancador de sorrisos, um provocador de suspiros. Um homem a ser lembrado! Que bom ter vivido neste século e ter tido o privilégio de ver surgir, da fonte do imaginário, pelo menos, parte das curvas de Niemeyer.


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