sexta-feira, 7 de setembro de 2012

domingo, 26 de agosto de 2012

Artista da vez - TEARS FOR FEARS



país: Inglaterra
gênero: pop rock, new wave, synthpop
integrantes:
Roland Orzabal (vocal e guitarra)
Curt Smith (vocal e baixo)

histórico: Uma das duplas mais emblemáticas surgidas nos anos 80, o Tears For Fears conseguiu um feito inédito: deu mais dinheiro ao escritor norte-americano Arthur Janov do que John Lennon. A história é simples: a dupla britânica, assim como o ex-líder dos Beatles, era adepta da teoria do Grito Primal desenvolvida por Janov, que consistia em um tratamento para doenças mentais que envolvia o paciente a relembrar, expressar e sentir dores de infância reprimidas há muito tempo. E o escritor confessou ficar admirado quando viu sua conta receber generosas somas de dinheiro de direitos autorais. Só por isso, o Tears For Fears já merecia uma matéria. Mas além disso, eles fizeram grandes músicas, especialmente nos dois primeiros discos, quando emplacaram sucessos como “Pale Shelter” e “Shout”. O sucesso ficou ainda maior quando explodiram com o disco “The Seeds Of Love”, que também rendeu inúmeras críticas e gozações por plagiarem os próprios Beatles. Reza a lenda que até Paul McCartney entrou na brincadeira, pedindo co-autoria para ele e Lennon nas músicas.

Uma banda que utiliza conceitos tão estranhos como o Tears For Fears usou é algo raro na história do rock. E o próprio nome é tirado da filosofia do Grito Primal: trocar medos por lágrimas.

O duo formado por Curt Smith e Roland Orzabal sempre teve uma postura séria até demais para um duo pop e que calcou suas músicas nas neuroses e até por isso foram meio ridicularizados. Aliás, no Brasil, o nome foi abrasileirado para “tias fofinhas”, o que provocou caretas na dupla quando vieram para cá e souberam qual seria a tradução em inglês: “Fluffy aunts? Que merda é essa?”, perguntou Roland, à época.

Roland Orzabal conheceu Curt Smith por volta de 1975, em Bath, onde os dois nasceram, através de um amigo em comum, Paul. Logo ficaram amigos e inseparáveis. Certa vez, Curt presenteou Roland no Natal com três violinos que havia roubado da escola. Para não deixar o amigo magoado, Roland resolveu aprender a tocar o instrumento.

Roland resolveu então montar um dupla folk com um colega chamado Busar, e depois convenceu Curt a entrarem em outra banda chamada Neon, já que ele gostava da voz de seu melhor amigo. Em 1979 resolveram montar um outro grupo, The Graduate.

The Graduate era um quinteto com John Baker, Andy Marsden e Steve Buck. Com um visual copiado dos Beatles do início de carreira e títulos ingênuos como “Elvis should play ska”, o Graduate lançou o lp “Acting My Age” e não fez sucesso algum. Por muito tempo, Curt e Roland preferiam não falar de seu passado. Ao menos, o título premonitório, "agindo conforme minha idade", fazia sentindo, com garotos que tinham idade média entre 17 e 19 anos.

Logo, Curt e Roland resolveram mudar de vida. Nessa época, Roland fazia terapia inspirada no Grito Primal de Janov e surgiu daí toda a influência para montar o grupo.

Em 1981 conheceram o baterista Manny Elias e o tecladista Ian Stanley. Assim, nascia o Tears For Fears. O grupo começou a fazer pequenos shows e mandar demos até conseguir um contrato com a Mercury.

Em 1982, assinam contrato para a gravação de seu primeiro disco. Com músicas assinadas apenas por Roland Orzabal, o grupo lança “The Hurting”, que fez um enorme sucesso em 1983. Três canções do disco bateram no top 10 inglês: “Mad World”, “Change” e a clássica “Pale Shelter”. O disco já trazia elementos da influência de Janov, especialmente na canção “Idea As Opiates”. Para a capa do disco escolheram um pequeno garoto de Bath, conhecido como Gebby.

Roland lembra que a gravação do disco foi extremamente tensa para os integrantes: “Nós o gravamos basicamente nos estúdios Abbey Road e trabalhávamos sete dias por semana até duas ou três da manhã. Foi um disco difícil e que gerou muita tensão. Tivemos sorte que o primeiro single, “Mad World”, vendeu bem e isso ajudou muito. Ele foi muito inspirado em Arthur Janov e na sua terapia do Grito Primal. De fato, “Ideas As Opiates” e “The Prisoner” foram roubados de alguns capítulos do seu livro.”

“The Hurting” colocou o Tears no meio de um mundo de bandas new wave, que faziam um uso imenso de sintetizadores e baterias eletrônicas. Logo, a banda começou a fazer shows seguidos pelo país. E, em meio a uma imensa turnê, os dois começaram a escrever, em conjunto, as músicas do novo disco. Curiosamente, embora nos créditos o grupo fosse formado por quatro pessoas, nas capas e shows os destaques eram apenas Curt e Roland.

E as pressões aumentavam, como lembra Roland: “Conforme o sucesso ia sendo maior, o número de apresentações era crescente e não tínhamos tempos para parar e pensar um novo disco. Apenas tínhamos que fazê-lo. Para piorar, os executivos da gravadora pediram que diminuíssemos nosso purismo com eletrônica e adicionássemos mais elementos de rock em nossas canções. Aceitamos o pedido e lançamos um disco mais simples”.

Ao mesmo tempo que fizeram um disco mais simples, fizeram também um trabalho que conquistou os dois cantos do Atlântico. “Songs From The Big Chair”, lançado em 1985, foi um clássico dos anos 80 e rendeu inúmeros sucessos, como “Shout”, “Head Over Heels”, “Mother's Talk” e “Everybody Wants To Rule The World”, a primeira canção do grupo a ser número um na Europa e nos Estados Unidos.

O título do disco foi tirado do livro Sybil, que depois rendeu um filme televiso estrelando Sally Field, como uma mulher que tem personalidade múltipla e só se sente à vontade na cadeira de seu analista, que ela chama de big chair. O grupo lançou uma canção no lado B do single de “Shout”, chamada “Big Chair”, onde fazem música para trechos do filme, contendo a voz da atriz.

A década de 80 foi pródiga em ter várias duplas - Soft Cell e Eurythmics talvez duas das mais relevantes. Mas Roland e Curt ficavam furiosos quando comparavam o sucesso de sua banda com o de outra dupla inglesa - o Wham!, estrelado por George Michael. “É um absurdo sermos catalogados igual ao Wham! Eles fazem música descartável, horrenda, para as adolescentes ficarem berrando. Eles representam o lixo. Nosso trabalho é sério, nossas letras falam de neuroses, de problemas. Eles são muito mais bonitos e ganham mais dinheiro do que nós, mas não me importo com isso. Eu quero que minha música deixe uma mensagem aos fãs”, berrava Roland.

Foi entre 1985 e 1986 que Janov chegou até a procurar a dupla para agradecer o reforço orçamentário. Janov que já havia inspirado a John Lennon - a canção “Mother” é fortemente influenciada pelo trabalho do psiquiatra - disse que ficou surpreso com tamanho dinheiro. Em “Songs From The Big Chair”, a canção mais ligada a Janov é o sucesso “Shout”, com o refrão “Grite/Grite/Ponha tudo para fora/Vamos lá/Estou falando com você...”.

E entre 1985 a 1988 a banda não fez outra coisa do que excursionar e ganhar milhões de dólares. Roland conta que foi muito difícil lidar com a pressão nesse período. “Nós não estávamos preparados para tamanho sucesso e para a histeria que aconteceu. Eram pessoas nos seguindo, centenas, milhares de entrevistas com as mesmas perguntas. Tocar todas aquelas canções durante aquele período foi quase uma tortura. Eu e Curt precisávamos de um tempo para que pudéssemos reavaliar nossa vida e nossa carreira.”

E durante três anos, Roland fez psicoterapia, explorando seu passado e escrevendo canções totalmente diferentes dos dois discos anteriores. “Eu não queria mais soar como uma banda que utilizava a eletrônica, eu queria romper com tudo isso, romper com o próprio culto sobre nós. Resolvi resgatar antigos discos dos Beatles, Steely Dan, Pink Floyd e tentei fazer algo bem ambicioso, grandioso.”

O resultado de tudo isso foi “The Seeds Of Love”, de 1989, um disco que fez mais sucesso que “Songs From The Big Chair”.

Roland e Curt caíram de vez no passado dos Beatles e pagaram caro por isso. O disco trazia grandes sucessos, como as faixas “Advice For The Young At Heart”, “Sowing The Seeds Of Love” e “Woman In Chains”, estrelando a cantora Oleta Adams, que fez tanto sucesso que seguiu uma carreira independente. Mas o disco foi duramente criticado por se aproveitar de idéias alheias, particularmente dos Beatles da fase Sgt. Pepper's.

A gozação ficou tão séria que até Paul McCartney brincou com isso, dizendo que estava tentando reatar amizade com Yoko Ono para que os dois pedissem a Curt e Roland uma co-autoria nas canções para ele e John Lennon. Mas a pressão foi tão grande que acabou resultando na saída de Curt Smith da banda, em 1990. Curt não aguentava mais os problemas decorrentes do sucesso e resolveu mudar para Nova Iorque por um tempo.

“Tudo se tornou um enorme sucesso e a pressão sobre nós era desumana. Eu estava infeliz e saí por pura infelicidade. Meu casamento estava acabando e queria fugir da Inglaterra e escolhi morar em Nova Iorque, um ótimo lugar porque ninguém esta aí para ninguém e você pode viver uma vida anônima. Foi lá que tinha conhecido uma nova mulher, tinha me apaixonado e por isso quis me mudar. Basicamente, eu queria ter uma outra vida. E, dessa maneira, o Tears For Fears não poderia continuar”.

Uma curiosidade: no meio de "Sowing The Seeds Of Love", o grupo berra “Kick out the style! Bring back the jam!”. A referência se faz a Paul Weller, então líder do The Jam, um grupo nascido na safra punk e que se notabilizou pelo cunho político. Em 1982, após lançarem o disco “The Gift”, Weller dissolveu o trio e formou, com o desconhecido tecladista, uma dupla chamada The Style Council, que falava das mesmas coisas, mas ao som de jazz, soul e até bossa nova. Muitos fãs jamais perdoaram Weller por matar o Jam e criar o Style. E, ao que parece, Curt e Roland faziam parte dessa legião.

A última apresentação dos dois juntos foi em 30 de junho de 1990, no Knebworth, em um show para arrecadar fundos. Assim, os dois se separam, mas Roland conseguiu manter o nome em seu poder.

Em 1992 a gravadora resolveu lançar a coletânea “Tears Roll Down: Greatest Hits 1982-1992”. No ano seguinte Roland se junta a Alan Griffiths e lança “Elemental”, quarto disco do Tears For Fears. Roland tentou evitar de qualquer maneira a superprodução do disco anterior e conseguiu ir bem nas paradas com “Break It Down Again”.

Em 1995, Roland lança o disco “Raoul And The Kings Of Spain”, segundo ele mesmo afirma, seu disco favorito. Ele confessa que esse seria o título do disco “The Seeds Of Love”, o que só não aconteceu por causa do single “Sowing the Seeds Of Love”. Raoul é nome de um de seus filhos e a canção já era tocada em shows.

Em 1996 é a vez de “Saturnine Martial & Lunatic”, que não fez sucesso algum. E foi por causa desse disco que Roland resolveu acabar com o Tears, após um show na Colômbia. “Estávamos excursionando e não fazíamos sucesso no país desde 1983 e por isso fui obrigado a cantar músicas do “The Hurting”. Fiquei tão humilhado que após a turnê pela América do Sul, resolvei encerrar o grupo”.

Nesse mesmo ano, Curt casa pela segunda vez e monta um novo grupo, Mayfield, que lança um disco com o mesmo nome, em 1997, pelo selo Zerodisc. Em 2000, os dois voltam a se encontrar e anunciam que pensam em voltar ao Tears For Fears. Enquanto isso não acontece, Roland lança um disco solo chamado “Tomcats Screaming Outside”. E, em 2004, os dois anunciam o retorno com um novo disco, “Everybody Loves a Happy Ending”, que segundo eles, seria a continuação de “The Seeds of Love”.

Curt conta que a volta foi lenta, mas era inevitável. “Eu não estava feliz com minha vida profissional. Tinha feito um disco sozinho, que eu odeio, e quando reencontrei Roland, começamos a conversar. Quando saí da banda foi mais por uma atitude de mostrar que eu podia viver sem ele do que outra coisa, afinal estávamos juntos há mais de 15 anos. Como sempre tivemos negócios ligado à banda, ainda nos víamos, até que resolvemos conversar e ver o que poderia acontecer”.

Atualmente, eles seguem firmes e tocando pelo mundo afora, sem perspectivas de um novo álbum. Espera-se novos capítulos dessa banda histórica. E quando eles aparecerem por aqui, nada de perguntar pelas tias deles, certo?

domingo, 5 de agosto de 2012

Michael Phelps, uma lenda ante nossos olhos



Costuma-se chamar de lenda uma narrativa fantasiosa, com um caráter fantástico e fictício, combinando fatos reais e históricos com fatos irreais que são meramente um produto da imaginação aventuresca humana. Adiciona-se elementos como as explicações plausíveis para os acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Seria fácil iludir nossos ouvintes, e eles estariam prontos para acreditarem em tudo, basta o fato ter ocorrido em um passado onde ele não viveu. Fale de Jesse Owens ou de Larissa Latynina. Cite Carl Lewis e relate os feitos obtidos por Paavo Nurmi. Não se esqueça de contar a histórica nota 10 de Nadia Comaneci ou o recorde incrível conseguido por Mark Spitz. Todos lendas do esporte, porque estão no passado. Se for hoje em dia parece que não vale muito, parece banal demais chamar um atleta atual de o maior de todos os tempos. Por que?

Privilegiados serão aqueles que viverão daqui 50 anos ou mais. Eles irão ouvir a história de um nadador orelhudo que simplesmente se tornou o maior medalhista olímpico de todos os tempos. Um cara que conquistou 22 medalhas em três edições olímpicas (18 de ouro, 2 de prata e 2 de bronze), apesar de ter disputado quatro. Isso se ele realmente se aposentar depois dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, aos precoces 27 anos. Um cara que até fez alguma besteira em sua vida pessoal, como por exemplo ser flagrado publicamente fumando um cigarro de maconha. Ele é uma lenda, como hoje são lendas Jesse Owens, Larissa Latynina, Carl Lewis, Mark Spitz e tantos outros. Exatamente porque quando é do passado, às vezes em preto e branco, parece mais fácil acreditar. Por todas as características que envolve uma lenda. Mas essa lenda é mais real do que qualquer outra, ela acontece diante de nossos próprios olhos e precisamos aceitar, entender e acima de tudo contemplar esses feitos extraordinários de Michael Phelps. E por que muitos não aceitam, como, por exemplo, o ex-atleta britânico Sebastian Coe?

Talvez seja pela forma de como a imagem do atleta é conduzida na mídia. Uma atleta que esteve nas Olímpiadas de Sydney 2000, mas que aos 15 anos de idade não passou do 5º lugar nos 200m borboleta. Prova que muito pouco tempo depois estabeleceria o novo recorde mundial. Phelps foi de desconhecido à celebridade que prometia vencer tudo em Atenas 2004. Ele ganhou 6 medalhas de ouro e 2 de bronze, um resultado excelente que foi considerado um fracasso. O americano não desistiu e então viria a conseguir a inacreditável marca de 8 medalhas de ouro em uma mesma Olímpiada, em Pequim 2008, superando Mark Spitz. Mas todos só lembram que ele quase perdeu uma prova e que seu companheiro o salvou no revezamento.

Michael Phelps não quase perdeu os 200m borboleta em Pequim, ele ganhou de forma incrível. Tão incrível como foi a vitória do sul-africano Chad Le Clos contra o próprio Phelps nesta mesma prova em Londres 2012. E Jason Lezak não o salvou no revezamento, porque o revezamento é uma equipe e cada um tem o seu fator de importância fundamental. Phelps fez história quando se tornou o maior medalhista de ouro de todos os tempos e quando venceu 8 ouros na mesma edição dos jogos. Quando alguém fará isso novamente? E isso aconteceu quando ele já tinha 6 de ouro. E antes de voltar para conseguir outras de ouro, beliscou uma prata que ainda não tinha, mas perdendo de cabeça erguida, reconhecendo a superioridade do rival e compatriota Ryan Lochte. Isso o faz ser ainda maior do que já é.

Quem foi lenda sempre continuará sendo lenda. Quem foi grande continuará sendo grande. Quem marcou seu nome na história nunca o verá ser apagado dela. E quando alguém maior surgir, não temos que esperar o tempo passar para reconhecer seus feitos, para ver como ele fora incrível e marcara época em nosso próprio tempo. Michael Phelps é o maior atleta olímpico da história. E tudo depois de voltar e conseguir mais, quando todos duvidavam de suas condições e o chamavam de acabado. Isso sem falar que no Rio 2016 ainda pode marcar um retorno triunfal da lenda, para que, quem sabe, todos consigam ver e entender realmente o que está acontecendo diante de seus próprios olhos.


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

terça-feira, 19 de junho de 2012

Exagero? Não, realidade!


domingo, 3 de junho de 2012

O jubileu de diamante que era vidro e se quebrou



Apesar da crise financeira que tem levado o governo conservador a cortar gastos essenciais com ambiente, segurança, saúde pública e educação, o Reino Unido ainda pretende celebrar com grande gala as Olimpíadas de 2012, em julho e agosto e nessa semana, o Jubileu de Diamante (ou seja, o 60º aniversário) do reinado da Rainha Elizabeth II, com direito a feriadão do dia 2 ao 5 de junho. Mas o tom da festa está ficando cada vez mais melancólico. 

Atualmente,
Elizabeth II é a monarca constitucional e chefe de Estado do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, Antígua e Barbuda, Austrália, Bahamas, Barbados, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Ilhas Salomão e Tuvalu. É também a chefe da Comunidade de Nações, governante suprema da Igreja da Inglaterra (também denominada Igreja Anglicana), comandante-chefe das Forças Armadas do Reino Unido, Lorde de Mann e Duquesa de Normandia. É a chefe de estado que possui a maior superfície terrestre sob seu domínio, com cerca de aproximadamente 1/6 das terras do planeta. 

Quando a rainha foi coroada, em 6 de fevereiro de 1952 (e ainda na festa da coroação, em 2 de junho de 1953), o Reino Unido, mesmo empobrecido e endividado pela II Guerra Mundial, ainda podia se ver como a terceira potência mundial. Sua economia ainda era a terceira maior do mundo (e a maior da Europa), a frota naval sobrevivente da guerra ainda era respeitável e em outubro desse ano o país se tornaria o terceiro a detonar uma bomba atômica (perto das ilhas Montebello, na Austrália Ocidental). Londres ainda controlava o Canal de Suez, grande parte da África do Cairo ao Cabo, a maior parte do petróleo do Golfo Pérsico e muito do Caribe e do Sudeste Asiático.

A
 jovem rainha liderava uma entidade que abrangia um quarto da superfície da Terra e um quinto da população. Domínios como Canadá, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul já eram praticamente independentes (algumas restrições simbólicas permaneceram até os anos 1970) e a Índia optara pela república, mas a Comunidade Britânica ainda era uma realidade pelo menos tão concreta quanto a União Européia de hoje. Suas economias ainda dependiam em grande parte das decisões de transnacionais britânicas e estavam integradas na vasta zona da libra, manipulada pela City londrina. 

Sessenta anos depois, tem-se a impressão de que o país envelheceu ainda mais que a sua soberana. A produção econômica britânica é apenas a sétima do mundo, agora que foi ultrapassada pelo Brasil. As colônias desapareceram quase todas, salvo por alguns enclaves mantidos por pura teimosia, como as Ilhas Malvinas e Gibraltar, e outros conservados para servirem de paraísos fiscais, como as Ilhas Cayman e as Ilhas Virgens Britânicas, ou para serem usadas como bases navais pelos EUA, como as Ilhas Chagos, no Índico. Política e diplomaticamente, o país é pouco mais que um apêndice dos EUA, colocando o que resta de suas forças militares e de seus serviços de inteligência a serviço das aventuras militares de Washington. Economicamente, é um integrante cada vez mais marginalizado de uma União Européia em crise. 


A indústria da antiga “fábrica do mundo” praticamente desapareceu, varrida pela concorrência alemã, japonesa e chinesa e pela obsessão thatcheriana por neoliberalismo e desregulamentação. E o futuro do setor financeiro que seu governo promoveu e privilegiou e hoje é o mais competitivo do país está ameaçado pela crise européia e pela recusa da Zona do Euro a isentar a City das novas taxas e regulamentos que pretende impor ao setor em toda a União Européia. 


Pouco antes do jubileu, a rainha já sofreu mais uma humilhação: logo após tomar posse em 5 de janeiro, a nova primeira-ministra Portia Simpson-Miller da Jamaica, eleita pelo Partido Nacional Popular, de centro-esquerda, prometeu instaurar a república na mais importante ex-colônia britânica não-branca do Hemisfério Ocidental, que cantava “Deus salve o rei (ou a rainha)” desde 1655. Foi um presente nada agradável para o Dia de Reis. 


E agora o reino de Elizabeth II corre o risco de, em breve, perder até o direito de se chamar Unido e privar seus cidadãos do direito de se chamarem britânicos. Pois o governo regional da Escócia, cuja união com a Inglaterra originou o Reino da Grã-Bretanha em 1707, que passou a ser Reino Unido ao incorporar a Irlanda em 1801, decidiu que convocará um referendo sobre a independência no outono de 2014, logo após a comemoração dos 700 anos da batalha de Bannockburn, na qual os escoceses derrotaram a primeira tentativa de anexação pela Inglaterra. 


A iniciativa do primeiro-ministro escocês Alex Salmond, cujo Partido Nacional Escocês conquistou a maioria absoluta do parlamento regional nas eleições de maio de 2011, enfureceu o primeiro-ministro conservador David Cameron e pôs em xeque a tradição do
fair play britânico (que logo poderá voltar a ser apenas inglês). Cameron alega que o parlamento escocês não tem poderes para submeter esse tema a plebiscito sem a anuência de Londres e quer levar a questão à Corte Suprema. Segundo uma pesquisa de outubro, 49% dos escoceses (e 39% dos britânicos) acham que a Escócia devia ser independente, mas o apoio à separação é maior entre os jovens e pode aumentar com o agravamento da crise econômica, razão pela qual Cameron pressiona para que a consulta seja feita dentro de, no máximo, 18 meses. 

Um consolo para a rainha e seus problemáticos herdeiros é que Alex Salmond pretende manter a rainha como monarca caso conquiste a independência, como ainda fazem o Canadá e a Austrália. Na verdade, diz ele, os escoceses têm uma relação com a monarquia mais amistosa e menos marcada por conflitos de classe que os ingleses e há melhores argumentos para uma república inglesa que para uma escocesa. Vale lembrar que uma pesquisa de 2009 do jornal
The Guardian e da revista The Observer indicou que 54% dos britânicos apoiavam a abolição da monarquia, apesar de só 3% deles julgarem que isso era uma prioridade. Se o agravamento da crise levar os ingleses a decidir cortar mais esse gasto público particularmente inútil, a família real talvez ainda encontre abrigo nos castelos escoceses.


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Tonico & Tinoco - Definitive Collection (539 a.C.)



1. Chico Mineiro
2. Cana verde
3. Boi de carro
4. Recado
5. Eu e a lua
6. Rei do gado
7. Vingança do Chico Mineiro
8. Fim do baile
9. Cabocla
10. Moreninha linda
11. Morte da caboclinha
12. Besta ruana
13. Tristeza do jeca
14. Adeus, morena, adeus
15. Pé de ipê
16. Chitãozinho e Xororó
17. Saudade de Matão
18. Rio pequeno
19. Piracicaba
20. Hino sertanejo
21. Luar do sertão
22. Cabocla Tereza
23. Bom Jesus de Pirapora
24. Sereno da madrugada
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sábado, 21 de abril de 2012

Uma morte inútil

sábado, 24 de março de 2012

Sons que você não conhece... mas deveria!

Silent Rage - Rebel with a cause

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Terceirização, a solução dos problemas

sábado, 28 de janeiro de 2012

KISS: música ou marketing?

Para alguns, eles são 4 palhaços de luxo que usaram a música como desculpa para ganhar dinheiro. Para outros milhares, formam a maior banda de rock do mundo. Desde o início de suas atividades, o KISS é sempre 8 ou 80, amor ou ódio, mas com a certeza de que constitui um dos maiores impactos culturais da década de 70.

Há quem, até hoje, acuse o grupo de incompetência musical camuflada pela maquiagem e pelos efeitos especiais, ou acredite que não tem credibilidade alguma por causa de tanto merchandising. Mas uma resposta de Gene Simmons a um repórter que questionou a mesma coisa diz tudo: “Credibilidade? Está louco? Nós nunca tivemos credibilidade alguma, então por que devemos nos preocupar? Quanto mais dinheiro eu ganhar, melhor. Não estamos forçando ninguém a comprar nada. Se os fãs querem, o que podemos fazer senão satisfazer seus desejos?”

Você ainda não deve ter parado para pensar no KISS como uma marca. Nada aconteceu por acaso. Desde que começaram compondo e ensaiando em um apartamento minúsculo e imundo em Manhattan, Gene Simmons e Paul Stanley já planejavam criar um fenômeno musical, proporcionando ao público não só música e sim um espetáculo sonoro e visual completo.

Baseados em simples, mas excelentes estratégias de marketing, alcançaram níveis de popularidade que muita banda séria jamais sonhou. Já começando pela criação de personagens, adicionando storytelling, como um grupo de super-heróis de diferentes personalidades. Maquiados e fantasiados de “The Starchild” (Paul Stanley), “The Demon” (Gene Simmons), “Space Ace” (Ace Frehley) e “The Catman” (Peter Criss). Como bem já disse J.J. Abrams: mistério vende, e assim mantiveram suas “identidades secretas” por mais de uma década.

Nos primeiros shows, ganhando US$35 por noite, o KISS era motivo de risos, piadas e deboches por grande parte do público, mas chamaram atenção de muita gente não só pela estética, mas porque já nesse início pareciam ter grande sucesso. Bobagem, eram ainda apenas pé-rapados.

Para passar a imagem de que eram uma banda famosa, contrataram o popular grupo Brats para abrir um show e mandaram convites para imprensa em nome do KISS. Como se já não bastasse, mesmo endividados até o último fio de cabelo, alugaram uma limousine para chegar ao local da apresentação em grande estilo.

Toda essa jogada de marketing não foi em vão. Dezenas de jornalistas e produtores de gravadoras compareceram ao show movidos pela curiosidade de ver quem eram aqueles ilustres desconhecidos que haviam contratado os famosos Brats para uma apresentação.

“Lotamos toda a primeira fila com camisetas feitas em casa, que continham o logotipo do KISS. Então, quando as pessoas entravam no clube e viam vários fãs vestidos com camisetas da banda, pensavam: - Esta banda deve ser importante”, revelou Gene Simmons sobre o primeiro grande show do KISS anos mais tarde. Alguém falou em marketing de guerrilha?

Foi depois desse episódio que conseguiram um contrato com Neil Bogart, presidente da recém-inaugurada Casablanca Records. O sucesso foi inevitável e o dinheiro começava a aparecer. Mesmo assim a banda ainda adotava truques curiosos para economizar e impressionar o público. Entre outras manobras, eles amontoavam caixotes de madeira vazios com uma frente falsa no formato de amplificadores, construindo assim uma suposta parede gigantesca dos mesmos.

Tendo em vista que cada amplificador Marshall utilizado no palco custava na época o equivalente à US$600, a mídia se perguntava: “Como era possível que uma banda desconhecida possuísse tamanho equipamento?”.

O KISS é uma banda com slogan. A partir da turnê de “Hotter Than Hell” em 1975, uma mensagem acompanha todos os shows. Sempre ao início de cada apresentação, um mestre de cerimônias berra a seguinte frase: “You wanted the best and you got the best. The hottest band in the world. KISS!”. Esta repetição constante da mensagem tornou-se emblemática na carreira da banda, um slogan que marca, definitivamente, o conceito KISS de ser um super-grupo.

Nesta fase, surge o empresário Bill Aucoin, renomado profissional que passa a controlar os negócios do KISS. Começam a associar a imagem da banda em quase tudo, o que fazia que ficassem cada vez mais populares e arrecadassem mais dinheiro. Podia-se encontrar, como de fato até hoje, centenas de produtos com a marca do KISS, incluindo pôsters, lancheiras, fotos, radinhos de pilha, revistas, máquinas de fliperama, bottons, adesivos, carrinhos de brinquedo, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças, chaveiros, fósforos, gargantilhas, moedas comemorativas e cartões postais.

Ainda na década de 70, funda-se o KISS Army, exército de fanáticos em todo o mundo que é comandado pela própria banda. O KISS Army responsabiliza-se, como um fã clube mundial, pela promoção e divulgação da banda, produzindo fanzines e comercializando diversos materiais relacionados ao grupo. Existe ainda uma curiosa lenda em torno do KISS Army, onde dizem que o fã-clube possui uma gigantesca fortuna que será distribuída como herança aos fãs após a morte de seus ídolos.

Como se isso não bastasse, em 1978 o KISS realizou uma parceria com a Marvel Comics em mais uma estratégia de marketing. Lançaram uma revista em quadrinhos da banda, transformando Ace, Paul, Gene e Peter em super-heróis, tendo como base Capitão América, Super Homem e Homem Aranha. O detalhe é que as primeiras trezentas cópias da HQ continham sangue dos próprios músicos misturado com a tinta utilizada na impressão. No dia da retirada do sangue de cada integrante num laboratório americano, a imprensa acompanhou tudo de perto. Segundo declarações da banda, seria uma forma de “dar nosso sangue pelos fãs”.

Tudo isso transformou o KISS em uma banda com adoradores, e não apenas com fãs. A turnê mundial era monstruosa, com mais de 50 pessoas na equipe, 16 toneladas de equipamento pessoal, 24 toneladas de som, 17 toneladas de luz, 18 toneladas de cenário. Com o som e a iluminação eram gastos US$1 milhão e mais US$1 milhão com o custo do cenário. Eram necessárias 24 horas de trabalho intenso para montar toda a estrutura do show. Tudo ficava pré-estabelecido nos contratos, desde a dimensão do local escolhido para a apresentação até caracterizações detalhadas sobre os camarins. E de escasso, o dinheiro passou a ser farto. Nessa época a banda também já possuía seu próprio avião. Desde 1975 até 1980, o KISS já havia percorrido cerca de 3 milhões de quilômetros.

Desde então, começaram a acontecer por todo o mundo as chamadas KISS Conventions, uma espécie de congresso em que os fãs trocavam informações, fotos, revistas, camisetas, etc. Nesses eventos, era possível conhecer desde sósias dos integrantes até roupas originais utilizadas nos shows. Ao final de cada evento, a banda realizava um show acústico em que os fãs determinavam o repertório. Além disso, o KISS concedia uma coletiva em que os repórteres eram o próprio público.

Quando a banda se perdeu sonoramente na metade da década de 80 e com a popularidade em queda, resolveram aparecer em público pela primeira vez sem maquiagem, dizendo que estavam cansados de seus personagens. Mais uma tentativa de chamar atenção da mídia e do público. No retorno da formação original, em 1996, o impacto também foi grande: convocaram uma misteriosa coletiva de imprensa e, sem ninguém esperar, apareceram maquiados e fantasiados novamente durante o Grammy.

O primeiro show dessa reunião teve os ingressos esgotados em 45 minutos, e em 1998 lançaram a turnê do disco “Psycho Circus”. Era o primeiro show 3D em tempo real da história da música. Na porta do estádio eram distribuídos óculos especiais para o público visualizar os efeitos em terceira dimensão. Além disso, explosões, fumaça, efeitos de luz e som, números cospe-fogo e cospe-sangue, 10 minutos de fogos de artifícios no encerramento. Uma produção nada modesta: foram desembolsados US$10 milhões para que fosse realizada tal monstruosidade visual e sonora. Resultado: foi a turnê mais lucrativa nos Estados Unidos na década de 90, no ranking da revista Forbes.

90 milhões de álbuns vendidos depois, o KISS nunca foi muito elogiado pela crítica, provavelmente nunca vai ter uns de seus discos em uma lista séria de “melhores de todos os tempos” e sempre vão ser considerados palhaços de luxo por muitos, mas ainda assim deixaram uma marca espetacular na história do rock e do show business. Pergunte para Pink Floyd, Rolling Stones e U2 em quem eles se inspiraram para produzir seus mega-shows, ou aos cariocas o que foi aquele 1983 no Maracanã. Ouvir KISS ainda continua sendo uma das coisas mais divertidas de se fazer.

E para responder a pergunta do título deste post, vale citar mais uma vez Gene Simmons, um dos maiores publicitários de nosso tempo. Quando perguntado pelo apresentador britânico Tony Wilson, em 1976, sobre o que era mais importante para a banda, se a música ou todo o circo de marketing, o baixista respondeu: “o público”.

domingo, 22 de janeiro de 2012

2012... Habemus futebol!

sábado, 31 de dezembro de 2011

O mal existe?

Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta:

- Deus fez tudo o que existe?

Um estudante respondeu corajosamente:

- Sim, fez!

- Deus fez tudo mesmo?

- Sim, professor - respondeu o jovem.

O professor replicou:

- Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o mal, pois o mal existe, e considerando-se que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau.

O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor, feliz, se vangloriava de haver provado uma vez mais que a fé era um mito.

Outro estudante levantou sua mão e disse:

- Posso lhe fazer uma pergunta, professor?

- Sem dúvida - respondeu-lhe.

O jovem ficou de pé e perguntou:

- Professor, o frio existe?

- Mas que pergunta é essa? Claro que existe, você por acaso nunca sentiu frio?

O rapaz respondeu:

- Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é ausência de calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado quando tem ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com que tal corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse termo para descrever como nos sentimos quando nos falta o calor.

- E a escuridão, existe? - continuou o estudante.

- Mas é claro que sim - retrucou o professor.

- Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe. A escuridão é na verdade a ausência de luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão não. O prisma de Newton decompõe a luz branca nas várias cores de que se compõe, com seus diferentes comprimentos de onda. A escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a superfície que a luz toca. Como se faz para determinar quão escuro está um determinado local do espaço? Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local, não é mesmo? Escuridão é um termo que o homem criou para descrever o que acontece quando não há luz presente.

Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor:

- Diga, professor, o mal existe?

- Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos roubos, crimes e violência diariamente em todas as partes do mundo, essas coisas são o mal.

Então o estudante respondeu:

- O mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só. O mal é simplesmente a ausência de Deus. É, como nos casos anteriores, um termo que o homem criou para descrever essa ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a fé ou o amor, que existem como existe a luz e o calor. O mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente em seu coração. É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que acontece quando não há luz. Se o senhor não possui Deus no coração, o mal sempre terá força sobre seu corpo e alma.

O professour calou-se. Não tinha argumentos.


Que seu 2012 seja marcado pela presença de Deus em todos os momentos, e que você sempre se lembre que, por mais difícil e árdua que seja a caminhada, Ele estará sempre ao seu lado.
FELIZ E PRÓSPERO ANO NOVO!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Santa incoerência...

Onde está a lógica de se venerar sazonalmente a canção natalina "Happy Xmas (war is over)", de John Lennon, se certa vez esse cidadão declarou publicamente que os Beatles eram mais famosos que Jesus Cristo?