sábado, 7 de dezembro de 2013

Mandela, o homem por detrás da lenda


Nelson Rolihlahla Mandela. 18 de julho de 1918. 27 anos de prisão. Prêmio Nobel da Paz em 1993. Presidente da África do Sul entre 1994 e 1999. 95 anos de idade. 5 de dezembro de 2013. E assim seguem os números tentando traduzir o intraduzível. Se a vida de nenhum ser humano é simplesmente resumida em números e estatísticas, tampouco a dele seria. Uma vida intensa em realizações, iluminada por idéias igualitárias e objetivos nobres não teria retratação digna mesmo com todas as combinações numéricas possíveis.
Todos os sites de buscas, todos os meios de comunicação, todos os pronunciamentos de familiares, autoridades e personalidades. Nada parece preencher a lacuna deixada pelo cessar da respiração de Madiba, como era conhecido em seu país. E o que nos resta nesta hora é colocar em prática aquele que talvez tenha sido o último e valioso ensinamento dele a seus admiradores: a tranqüilidade e a serenidade ao se lidar com o desfalecimento do corpo. Impossível não recordar as recentes aparições que, se deixavam a desejar em ação, recompensavam com incontestável demonstração de sanidade mental. São triunfos reservados a mentes privilegiadas e a seres que aprenderam a cultivar, sobretudo, a paz de espírito.
Mais do que ser o primeiro presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela mostrou na prática como resistir às adversidades em nome de nossos próprios ideais. Dizem que os grandes líderes e heróis são aqueles que fazem aquilo que necessitava ser feito e que, portanto, seriam fruto do meio e momento em que vivem. Alguns deles, entretanto, ousam antecipar ainda mais os fatos e dar outro rumo ao girar constante das engrenagens da história. Assim como não se limitam a esperar o abrir da cortina para entrarem em cena, se os incentivos não lhe atingem em intensidade suficiente, rompem o cerco da comodidade e rasgam as cortinas que outrora insistiam em jogá-los sentados em cadeiras confortáveis dos bastidores da existência.
Assim como todos os números não fariam fiel representação do que foi e do que representou a existência de Mandela para seu país e para a humanidade, essas palavras mostram-se não menos insuficientes do que todas as declarações solenes ressoadas por todo o mundo. A linguagem, as palavras e os números foram desenvolvidos pelos seres humanos para darem significado às relações estabelecidas entre os homens e destes com o ambiente que os cerca. Em momentos como esses, é natural que nos faltem palavras para definir existências tão complexas e simbólicas como a de Nelson Mandela. Uma opção é dar a voz diretamente ao autor do enredo:
“A morte é algo inevitável. Quando um homem já fez o que ele considera ser seu dever perante seu povo e seu país, ele pode descansar em paz.”

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