quarta-feira, 16 de junho de 2010

A batalha entre o gigante Brazil e o pequenino Kor Ri An

De todos os gladiadores, ele é o maior, o melhor.

De todos os gladiadores, é o mais forte, o mais temido.

Ele é uma mistura de três raças: índio, negro e branco. Seu estilo de luta é inimitável. Não há outro que tenha dado mais golpes, nem que tenha derrotado mais oponentes.

Enquanto ele se aproximava do portão, já podia ouvir a multidão gritando o seu nome, o nome que é uma lenda:

“Bra-zil! Bra-zil! Bra-zil!”

Quando chegou ao centro da arena, viu que seu adversário era muito menor do que ele. E o pequenino olhou-o com respeito e admiração, com medo e pavor.

Kor Ri An era um bom praticante de taekwondo. Mas Brazil era um gladiador completo, um gladiador que inventara novos golpes, que às vezes lutava com tanta graça e harmonia que seus movimentos mais pareciam um balé (mas é claro que ninguém era besta de dizer-lhe isso).

O novo treinador de Brazil tinha um estilo um tanto defensivo. Mas o técnico de Kor Ri An era ainda mais, e seu pupilo começou a luta apenas se esquivando. Não arriscava nenhum golpe, não ia para cima do gigantesco Brazil. Apenas ficava se desviando das mãos e pés de seu oponente.

Por sua vez, Brazil movia-se com lentidão. Vez ou outra arriscava um soco Robinho, mas era pouco. Seu chute Kaká, tão famoso, estava lento, descoordenado.

E assim, sem emoção, com um atacando mal e outro apenas se defendendo, acabou a primeira parte da luta.

Os fãs de Brazil estavam inquietos. Eles queriam ver o sangue espalhando-se pela arena africana. Esperavam que Kor Ri An fosse massacrado, que perdesse todos os dentes e jamais pudesse sorrir novamente, esperavam que seus olhos ficassem tão roxos e inchados que por muito tempo ele não pudesse se olhar no espelho. Mas os golpes de Brazil não encaixavam, não entravam, não passavam nem perto.

Porém, como diz o ditado: “punho firme em cara dura tanto bate até que fratura”. E assim, aos dez minutos da segunda parte da luta, finalmente Brazil acertou um bom golpe em seu adversário. Um golpe um pouco torto, que pareceu quase sem querer, mas um golpe fatal, um golpe que feriu Kor Ri An profundamente.

E tanto foi assim que o lutador de taekwondo nem esboçou uma reação. Continuou encolhido, com medo de provocar a ira de Brazil.

O gladiador ganhou confiança e atacou mais. Variou golpes, atacou pelos flancos do inimigo, e assim conseguiu acertar um segundo pontapé em Kor Ri An.

Depois disso, o indigenafrocaucasiano gladiador animou-se ainda mais e partiu para o ataque. Mas eis que então houve uma grande ironia: quando Brazil finalmente começou a lutar como queriam seus fãs, ele sofreu um contra-ataque.

O pequenino Kor Ri An (quem diria?) deu um belo chute nas partes baixas do gigante.

Não foi o suficiente para estragar a vitória de Brazil. Mas ele ficou, digamos, com algo entalado na garganta.

Para a próxima luta, contra o terrível Homem de Marfim, Brazil terá que melhorar um pouco. Aliás, um pouco, não, um muito.

Brazil é uma lenda. E as lendas, se não se tornam realidade de vez em quando, viram lengalenga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário