domingo, 1 de junho de 2014

Era uma vez um país, uma Copa do Mundo, duas figuras repugnantes e... CAXIROLAS!



Triste é o país-sede cuja única obra pronta e aposentada (louvado seja!) antes do tempo para a Copa do Mundo é a tal da caxirola…

Mas imaginemos o que seria o mundial no Brasil com essa peculiaridade. Bósnia & Herzegovina x Irã jogam pela terceira rodada em uma arena superfaturada para o mundial – e subutilizada a partir de então. Pai e filho ganham ingressos numa promoção da esquadria de alumínio oficial da copa.

- Paiê, a moça da recepção pediu para chacoalhar isso aqui. Como faz? É para cima e para baixo ou para os lados?

- Putz, filho, perdi o manual de instrução…

- Mas você nunca lê, pai… Deixa eu ver… A moça aqui do lado está balançando de qualquer jeito. Ah, não! Aquilo ali é o saco de pipoca oficial da copa. Acho que é para misturar o sal.

- Não, filho. Aquilo ali é a Pamundial, a pamonha oficial da copa.

- Não, pai. Agora eu vi. É o KebaBrasil, o churrasquinho greco-brasileiro oficial da copa.

- Sei. Então, o pessoal da promoção pediu pra gente fazer bastante barulho com a caxirinha.

- Caxirola.

- Isso. Só não sei se tem de cruzar os braços como faz o Charlie Brown Jr. com a cangibrina…

- Caxirola. Carlinhos Brown…

- Cacilda!

- Caxirola, pai.

- Não, cacilda, é que não consigo nem tocar e nem acertar o nome desse fuleco, desse coiso de coisar do Carlinhos Bronson.

- Pai, não fala assim. Eu vi a presidente falando que é muito legal a caxirola. Ela é uma coisa que tem, como é mesmo…. Ah, está aqui no papel, achei bem bacana: “um sentido transcendental de cura”. Achei bonito. O que é isso?

- A cachola?

- Não. O que a presidente quis dizer?

- Filhão, eu não sei. Mas a moça da firma que nos trouxe ao estádio pediu para que, em vez de gritar “gol” temos de tocar a canajuba e berrar “Uma janela para o mundo. Viva a esquadria Cashiwindow!” E, depois, cantar “Sou brasileiro, com muito orgulho e muita esquadria Cashiwindow.”

- E se a gente esquecer, pai?

- Não vamos pegar a van de volta. Melhor decorar.

- Tudo bem. Mas pode xingar o juíz?

- Pode. Mas daí não pode ao mesmo tempo tocar a carnaúba.

- Caxirola, pai!

- É, a camaçari. Então, não pode associar uma reclamação com a “alegria, a ginga e a malemolência incentivada pelo governo dessa nova tradição inaugurada em Brasília que caiu na boca do povo”, meu filho. Está no guia, página 77.

- Pai, por que na entrada não deixaram o cara da frente entrar com um radinho de pilha e um guarda-chuva, mas nem checaram a caxirola?

- Filho, fala baixo. Eles me passaram um SMS da lista de produtos e de assuntos oficiais que podem ser falados nas arenas. Normas de segurança interna são assuntos da Fifa. O Brasil corre o risco de ser desfiliado da entidade se o torcedor não seguir o caderno de encargos da copa.

- Então é bom aprender a tocar a caxirola, pai. Pensando bem, usando fone de ouvido, protetor auricular e um gorro, até que ela é legal!

- Eu acho. Valeu pagar 100 reais por algo tão útil como esse chocalho, o bonequinho do Fuleco e pelo suporte para cinto da cajuína.

- Caxirola, pai.

- Isso. Vamo que vamo, Brasil!

- Pai, é “Vamos que vamos”. Pediram pra gente usar o plural corretamente nos jogos.

- É verdade filho. Maldita hipocrisia! É bem a cara desse país mesmo...

quinta-feira, 22 de maio de 2014

A grama do vizinho é sempre mais verde...


domingo, 11 de maio de 2014

Twisted Sister e os 30 anos do clássico "Stay Hungry"



"Stay Hungry" é o terceiro álbum de estúdio do Twisted Sister. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 10 de maio de 1984, pela gravadora Atlantic Records. A produção ficou a cargo de Tom Werman, que trabalhou com nomes como Blue Öyster Cult e Mötley Crüe, entre outros.

O início do Twisted Sister se deu em 1972, quando o guitarrista John Segall, que seria mais conhecido por Jay Jay French, fez um teste e foi chamado para ingressar em uma banda chamada Silver Star, criada pelo baterista Mel Anderson (Mell Star). O Silver Star, segundo seu criador, seria a versão de New Jersey da banda NY Dolls.

Jay Jay odiava o nome Silver Star e forçou o grupo a mudá-lo. Em fevereiro de 1973, a banda passou a se chamar Twisted Sister e contava com a seguinte formação: o vocalista Michael Valentine, o guitarrista Billy Diamond, o baterista Mell Star, o baixista Kenneth Harrison Neill, e o guitarrista Johnny Heartbreaker (que logo se chamaria Jay Jay French).

A banda acabou se mudando para Nova Iorque e tocava regularmente nos clubes noturnos da cidade. Muitas vezes, o Twisted Sister conseguia se apresentar seis vezes por semana, embora, comumente, no mesmo local.

Quando a banda teve sua primeira mudança na formação, em dezembro de 1974, estima-se que o grupo já haveria se apresentado por volta de 600 vezes. Com Rick Prince nos vocais e Keith Angel na guitarra, o conjunto continuava trabalhando.

Rick Prince, no entanto, falta a um show e é demitido do grupo, com Jay Jay assumindo as funções de vocalista e, ao mesmo tempo, de manager da banda. No meio de 1975, o conjunto se desfaz, para logo se reconstituir no final do mesmo ano.

Jay Jay French continuaria como vocalista e guitarrista e recrutou seu antigo amigo de colegial, o guitarrista Eddie Ojeda, que também seria um “co-vocalista”. O baterista seria Kevin John Grace, contratado após French ver um anúncio de Kevin procurando por banda. O baixo continuaria com Kenny Neill. A banda seguiria, então, uma orientação glam rock, com influências de David Bowie, Slade e NY Dolls, continuando se apresentando em clubes.

Já em 1976, o agente do grupo, Kevin Brenner, sugere a Jay Jay que o conjunto não poderia ir mais longe sem tocar covers de Led Zeppelin. Para tanto, também aconselhou a Jay Jay que contratasse o vocalista Daniel Snider, grande fã do grupo de Page e Plant.

French acaba por seguir os avisos de Kevin Brenner e contrata Snider, que muda seu nome para Dee Snider, aceitando sugestão de Jay Jay. Pouco tempo depois, o baterista Tony Petri entra para o lugar de Kevin Grace. Assim, o Twisted Sister continuaria a manter seu visual glam, mas apostaria em uma sonoridade mais pesada, com influências de Led Zeppelin e Alice Cooper.

Dee Snider e Jay Jay French, começaram a introduzir alguns discursos sobre temas cotidianos da época entre as músicas durante os shows, o que acabou chamando mais a atenção para o grupo. A partir de então, a popularidade da banda não parou de crescer.

O Twisted Sister começou a quebrar recordes de público nos clubes da região conhecida como "Tri-State", incluindo os 3 mil lugares do New York Palladium, um feito para uma banda sem contrato de gravação ou divulgação por rádios.

A base de fãs passou a se autodenominar "S.M.F.F.O.T.S.", ou seja, "Sick Motherfucking Friends Of Twisted Sister", depois encurtado para "S.M.F.", ou, "Sick Mother Fuckers".

Um novo baixista, Mark "The Animal" Mendoza, entra na banda em 1978. O grupo sofre ainda algumas mudanças no posto de baterista, com Tony Petri sendo substituído por Joey Brighton, este por sua vez daria lugar a Richie Teeter, o qual, por sua vez, seria reposto por AJ Pero. A formação clássica da banda se fixaria com Snider nos vocais, French e Ojeda nas guitarras, Mendoza no baixo e Pero na bateria.

Por volta de 1981, o Twisted Sister lança sua própria companhia de camisetas e seu próprio selo, através do qual acabam saindo dois singles do grupo. Jay Jay ficou como manager da banda até aquele ano, quando ele contratou o promotor de eventos Mark Puma para gerenciar o grupo.

Um dos singles lançados pelo grupo em seu próprio selo acaba por atravessar o Atlântico e cai nas mãos de Martin Hooker, que gosta do trabalho. Hooker é o presidente do pequeno selo britânico Secret Records.

Seguindo a sugestão de repórteres das revistas Sounds e Kerrang!, o Twisted Sister embarca em direção ao Reino Unido para buscar um contrato com algum selo britânico. Em Abril de 1982, finalmente o grupo assina com a Secret Records, de Martin Hooker, gravadora que era mais voltada ao público punk.

Em junho de 1982, o Twisted Sister lança o EP "Ruff Cuts", pela Secret Records. Meses depois, em setembro daquele ano, o álbum de estreia é colocado no mercado, "Under The Blade". A produção foi colocada a cargo do então baixista da banda UFO, Pete Way. O álbum conta com a faixa "Tear It Loose", a qual possui um ótimo solo tocado pelo guitarrista do Motorhead, "Fast" Eddie Clarke.

Embora com uma produção ruim, o álbum fez algum sucesso, especialmente entre o público mais underground do Reino Unido. A sonoridade do trabalho contém uma boa pegada heavy metal. Ao mesmo tempo, o Twisted Sister ainda continuava com seu visual glam, mas aos poucos iria adotando uma vertente mais grotesca e mais próxima do heavy metal, que o distinguiria consideravelmente do nascente glam metal.

Após uma aparição em um programa de TV chamado The Tube, o Twisted Sister acabou chamando a atenção do selo Atlantic Records. A gravadora assina com o grupo e assim é lançado o segundo álbum da banda, "You Can’t Stop Rock 'N' Roll", de 1983.

O álbum contém uma produção muito melhor que a de seu predecessor, a cargo de Stuart Epps, e soa ainda mais influenciado pelo heavy metal. O trabalho traz sucesso ao grupo, com a faixa "I Am (I’m Me)" atingindo a 19ª posição da parada britânica.

Com isso, a Atlantic Records decide promover mais intensamente o grupo a partir de então, chegando a produzir um videoclipe para a faixa título do trabalho, "You Can’t Stop Rock 'N' Roll".

Para isso, no entanto, o guitarrista Jay Jay French recorda que não acreditava que os chefões da Atlantic Records dariam a devida atenção ao grupo. A sua percepção só se modificou em um encontro, em uma congelante noite de dezembro de 1983, com o presidente da Atlantic, Doug Morris. O chefão perguntou a French: "Você sabe o que eu penso sobre a banda?" E a resposta pouco animada de French foi: "Bem, eu sei que nós não estamos na sua lista de presentes de Natal." Entretanto, o guitarrista foi surpreendido pelo chefe da gravadora. Morris contou a French que a banda havia vendido mais de 100 mil cópias sem nenhum esforço da gravadora e que os promotores de espetáculo de todo o país ligavam para ele falando do impacto que era causado quando o Twisted Sister chegava a suas cidades. E, assim, prometeu mais atenção ao grupo para o próximo ano.

Para tanto, o escolhido para produzir o álbum foi Tom Werman, experimentado produtor que havia trabalhado com Ted Nugent, Cheap Trick e Mötley Crüe. Enquanto Eddie Ojeda e A.J. Pero ficaram excitados com o prospecto do novo produtor, o vocalista Dee Snider ficou receoso com a escolha de alguém tão "comercial" e que, com isso, a banda acabasse por perder fãs.

Para tanto, o chefão da gravadora voltou à cena para conversar com Snider, que recorda que ele o fez a seguinte pergunta: "O que você quer? Os 100 mil fãs que você tem ou os 900 mil que te darão um álbum de platina?" Com isso, Snider ficou convencido em continuar com as gravações.

O terceiro álbum de estúdio, "Stay Hungry", foi gravado entre fevereiro e março de 1984. Inicialmente, as gravações ocorreram no Record Plant, em Nova Iorque, e, depois, continuadas em Los Angeles, no Cherokee Studios, com a mixagem sendo realizada no Westlake Recording Studios.

Quando ainda estavam em Nova Iorque, tensões surgiram entre o produtor Werman e o grupo. Pouco impressionado com o material inicial, Tom Werman chegou a sugerir que a banda fizesse uma versão do clássico "Strong Arm Of The Law", do Saxon. Mas, com o tempo, as coisas foram ficando mais fáceis. Por fim, Werman achou que o conteúdo de todo o álbum era obscuro e muito criativo.

Eddie Ojeda relembra que Tom tinha um jeito diferente, mas que em nenhum momento ele soava como arrogante e que estava apenas interessado em contribuir para o álbum. Como os membros da banda nunca foram conhecidos por serem usuários de drogas ou festeiros compulsivos, tudo ocorreu corretamente. Mendoza, inclusive, estudou muito para tentar contribuir com a produção do álbum, fato que acabou auxiliando para seu futuro trabalho também como produtor.

Tom Werman gastou cerca de três dias para "descobrir" o timbre ideal da guitarra-base de Jay Jay French. Também não era muito fã da maneira como A.J. Pero tocava sua bateria, mas como o resultado final ficou de seu agrado, não chegou a tentar impor um novo estilo para o músico.

De modo geral, a banda relembra que o resultado final do trabalho foi ótimo e que soou como deveria, segundo Snider, embora o álbum tenha saído consideravelmente menos agressivo que as formas primárias das canções.


STAY HUNGRY
A faixa homônima ao álbum abre os trabalhos. "Stay Hungry" apresenta um bom riff inicial, característico do grupo. O refrão é empolgante, assim como o solo, pequeno, mas muito eficiente. O maior destaque vai para os vocais de Dee Snider.

WE’RE NOT GONNA TAKE IT
A segunda faixa do álbum é, talvez, a mais conhecida do Twisted Sister. A ótima "We’re Not Gonna Take It" já nasceu um clássico. Dee Snider, que compôs a canção, cita como influências para a composição a banda glam Slade, Sex Pistols e até mesmo o tema 'O Come, All Ye Faithful'. Dee Snider disse que desde que o álbum ficou pronto ele sabia que este seria o principal single, embora a gravadora pensasse em lançar a música "Burn In Hell" como o primeiro single. Entretanto, Snider contou ao seu amigo e diretor do videoclipe da mesma canção, Marty Callner, sua frustração pela escolha que seria feita pelo selo. Callner, então, fez uma ligação para o dono da Atlantic Records, Doug Morris, e disse que "We’re Not Gonna Take It" era uma música destinada ao topo das paradas de sucesso e que ele faria um videoclipe especialmente para a faixa. Convencido, Morris determinou que a música seria o principal single para promoção de "Stay Hungry". Embora um clássico, o resultado final da mixagem não agradou plenamente os membros da banda. Eddie Ojeda afirmou que não ficou satisfeito com a forma que sua guitarra soa na faixa, assim como a seção rítmica. Lançada como single, poucas semanas antes do lançamento do álbum, "We’re Not Gonna Take It" alcançou a 21ª posição na parada norte-americana de singles. No Reino Unido, o single ficou com a 58ª colocação. Evidentemente que a canção se tornou presença obrigatória nos shows do grupo. Ficou na 47ª posição da eleição feita pelo canal de TV VH1 das "100 melhores canções dos anos 80", bem como na 21ª posição de outra eleição do mesmo canal, dos "100 maiores hits" daquela década. O videoclipe é um clássico, sendo um dos mais executados naquele ano na MTV dos Estados Unidos. Inúmeras versões para a faixa foram produzidas por outros músicos e artistas, incluindo bandas como Nightwish e até o musical Rock Of Ages.

BURN IN HELL
A terceira faixa do álbum é "Burn In Hell". Em comparação com as faixas anteriores, esta é uma canção consideravelmente mais pesada e com um viés mais heavy metal. O ritmo mais cadenciado e pesado do início se desenvolve mais aceleradamente na maior parte da música. Ótimos solos, guitarras marcantes e Snider fazendo um ótimo trabalho vocal fazem da faixa um ponto altíssimo do álbum.

HORROR-TERIA (THE BEGINNING)
A) CAPTAIN HOWDY
B) STREET JUSTICE
A quarta faixa do álbum é "Horror-Teria (...)". Na verdade, trata-se de um "dois em um", com duas canções em uma única faixa. A primeira, "Captain Howdy", é uma canção bem sombria, em um ritmo um pouco mais lento e com certo peso. A segunda é “Street Justice”, um tanto quanto mais acelarada, lembrando a sonoridade da New Wave Of British Heavy Metal. Assim, "Horror-Teria" é a faixa mais longa do álbum, com mais de 7 minutos. As duas canções acabaram se tornando a base para o filme "Strangeland", de 1999, escrito pelo vocalista Dee Snider e no qual ele mesmo interpreta o personagem Captain Howdy.

I WANNA ROCK
A quinta canção de "Stay Hungry" é, possivelmente, a outra canção mais conhecida do Twisted Sister. Trata-se de “I Wanna Rock”. A música é um excelente Hard Rock, com um ritmo forte, empolgante e um refrão quase impossível de não se grudar na cabeça. O ótimo trabalho vocal de Dee Snider é fundamental para o sucesso atingido pela canção. O solo também é excelente. "I Wanna Rock" também foi lançada como single para promover o álbum, mas não obteve os mesmos resultados de "We’re Not Gonna Take It". Na parada norte-americana acabou ficando com a 68ª posição, enquanto atingiu a modesta 93ª posição da parada britânica. Outro videoclipe foi filmado para circular nas televisões e, também, acabou se tornando um clássico. Em mais uma eleição do canal de TV VH1, ficou como a 17ª melhor canção de Hard Rock. "I Wanna Rock" está presente em diversos tipos de mídias. Em games como GTA e Guitar Hero, no filme de 2008 "The Rocker" e até mesmo Jay Jay French fez uma versão da canção para uso político chamada “I Want Barack”, em apoio à candidatura de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos. Mark Teixeira, jogador do time de baseball New York Yankees, utiliza a canção como música de entrada no campo de jogo. É outra canção com inúmeras versões covers.

THE PRICE
Quebrando um pouco o ritmo do álbum até então, surge a sexta faixa do trabalho, a poderosa balada "The Price". A música possui lindas linhas de guitarra, com destaque para um refrão muito bonito que se casa perfeitamente com o restante da canção. Possui um solo muito inspirado. Foi o último single lançado para promover o álbum, já em 1985. Outro ponto alto do trabalho.

DON’T LET ME DOWN
O hard rock mais acelerado já está de volta na sétima faixa do disco. Mais uma vez, o refrão se destaca por ser bem marcante. Outro ponto que merece atenção é o eficiente trabalho de A.J. Pero na bateria, bem acentuado em toda canção. Bons solos compõem mais uma boa música.

THE BEAST
A oitava faixa é outra música com um viés mais heavy metal, com boas doses de peso, em boa parte por um riff muito inspirado, pesado. O ritmo cadenciado persiste por toda a canção, com ótimos vocais (mais uma vez). Uma das melhores faixas do álbum.

S.M.F.
A nona faixa – e última – do álbum é "S.M.F.", outra música que traz um hard rock bem empolgante. ‘SMF’ foi a sigla pela qual os fãs do Twisted Sister acabaram ficando conhecidos. Encerra o disco em ótima forma.


Definitivamente, "Stay Hungry" foi um grande sucesso e fez o Twisted Sister mudar de patamar enquanto banda, em termos comerciais. O álbum atingiu a 15ª posição na parada de álbuns dos Estados Unidos, conquistando a 34ª posição na sua correspondente britânica.

Para se ter uma idéia do sucesso, em menos de um ano o álbum vendeu 2 milhões de cópias, sendo que 500 mil apenas no Canadá. Estima-se que até hoje, o álbum ultrapassou a marca de 3 milhões de cópias comercializadas apenas nos Estados Unidos.

A turnê que se seguiu ao lançamento de "Stay Hungry" em 1984 foi muito bem sucedida, com a banda tocando com nomes como Ratt e DIO. Em alguns shows menores, uma ainda jovem e pouco conhecida banda fazia a abertura: Metallica.

O sucesso era tanto que a banda participou do filme de Tim Burton, "Pee-wee's Big Adventure", de 1985, no qual o Twisted Sister simula realizar a gravação de um videoclipe para a música "Burn In Hell".

Os tão conhecidos videoclipes do Twisted Sister, repletos de bom humor, foram motivos de controvérsias, pois algumas alas conservadoras dos Estados Unidos acusou o grupo de ser um incitador à violência contra pais e professores. Dee Snider foi um dos músicos a serem ouvidos no senado norte-americano pela comissão que examinava estes casos controversos.

Snider diz que a inspiração para escrever "Stay Hungry" surgiu enquanto o grupo gravava o álbum anterior, "You Can’t Stop Rock ‘N’ Roll". Segundo o vocalista, os membros estavam cansados, desesperados por alcançar o sucesso. Muitas vezes, eles mesmos tinham que bancar do próprio bolso gastos para continuarem excursionando. Em outras palavras, estavam famintos!

Quem assiste apenas aos videoclipes do Twisted Sister, repletos de cenas de comédia e com os membros do grupo em um visual extremamente bizarro, pode pensar que a banda seja uma grande gozação. A realidade é exatamente oposta.

O pequeno resumo da história do conjunto apresentou uma breve amostra do tanto que eles batalharam pelo sucesso. Mesmo apostando em uma veia artística divertida, o grupo fazia tudo com seriedade.

Algumas músicas da banda apresentam mesmo este lado descontraído, enquanto outras tratam de temas como o conflito entre pais e filhos, ou mesmo fortes críticas ao sistema educacional dos Estados Unidos. Sonoramente, a banda aposta em um hard rock de alto nível, com doses elevadas do melhor heavy metal tradicional, o que constitui uma identidade musical forte e distinta.

Acrescente-se o fato do principal compositor da banda, o vocalista Dee Snider, ser uma pessoa bastante inteligente e esclarecida, muito articulado, como se comprova quando assistimos a suas entrevistas.

"Stay Hungry" é mesmo o ponto mais alto da carreira do Twisted Sister e um dos melhores álbuns já gravados na história do rock. Se você ainda não o ouviu, não sabe o que está perdendo!

domingo, 20 de abril de 2014

A voz de um gênio que se cala



Se você nasceu entre 1970 e 1990 e gosta de esportes de uma forma geral, muito provavelmente deve isso a Luciano do Valle. Foi graças ao "Show do Esporte'', nos domingos da TV Bandeirantes, que foi cunhada boa parte da atual geração da indústria do esporte no Brasil.

Além do espetacular narrador que foi, Luciano foi o maior empreendedor do esporte brasileiro. O boom de popularização que existiu no esporte nos anos 80 se deve a ele. Um cara que teve a visão da importância da mídia na massificação do esporte.

Que colocou sinuca ao vivo nos domingos, que trouxe NBA e NFL para cá antes mesmo dessas ligas montarem uma estratégia de internacionalização, que promovia grandes encontros do esporte nos seus "Verão Vivo" e "Inverno Quente'', que fez existir o vôlei no país, que deu novo salto ao basquete, que popularizou as mesas redondas, que deu à Band, por diversas vezes, a liderança na transmissão esportiva.

Graças a Luciano, conseguimos ter o mínimo de cultura esportiva além do futebol. Gênio com o microfone na mão, ele foi ainda mais visionário no que se referia à relação da mídia com o esporte. Com uma brutal diferença: o modelo criado por ele era completamente rentável para o esporte, para os patrocinadores, para a emissora que exibia os eventos e para os profissionais de mídia que lá trabalhavam.

Mais do que o fôlego afiadíssimo para gritar gols, pontos, cestas, nocautes, recordes, vitórias, Luciano era o cara que permitia fazer existir toda uma indústria de marketing esportivo no Brasil quando isso ainda era chamado de "promoção''.

O futebol, entretanto, era sua paixão. O gol para ele era um momento tão intenso quanto fugaz. Uma explosão que não machucava, nem causava ferimentos, nem dilacerava ninguém. Trazia consigo um grito inopinado que saltava um obstáculo que parecia intransponível.

A bola carrega em si mesma, em sua esfericidade, o dilema de abrir as comportas da alegria. De se infiltrar entre pernas, braços, corpos transpirando atravessados no caminho. Driblar os esquemas e as táticas, derrubar os adversários, ultrapassar a linha tão lépida quanto possível. E adormecer, por vezes, aninhada e satisfeita, num canto da rede. Ou de, entusiasmada pela força de quem a remeteu, estufar aquela teia que acolhe todos os momentos únicos de uma partida. O gol tem essa dimensão poética encravada na garganta de quem vibra. O gol traduz a emoção de quem carrega bandeiras escondidas dentro de si mesmo. O gol representa o ato que começa e termina ao transcender o lampejo de uma vitória possível mas ainda improvável, porém acena com a perspectiva de um degrau conquistado.

Sim, o gol seria tudo isso e muito mais.

Mas nunca mais será o mesmo, não terá a mesma entonação, nem a mesma profundidade, nem a lágrima da euforia transmitida nos torcedores que desconhecidos se abraçam ou a sutura da tristeza de quem sofreu um gol na carne e na derrota, como se fosse um abalo sísmico a detonar sua esperança.

Sim, o gol teria muitas cores e camisetas e bandeiras.

Mas nunca mais será o mesmo.

Pois o intérprete mais vigoroso e pungente, o mais próximo da sublimação, se calou.

Luciano, a voz do gol de todas as torcidas, concluiu sua partida derradeira.

O esporte perdeu Luciano do Valle. E precisa de novos Lucianos para conseguir voltar a ser grande.

terça-feira, 4 de março de 2014

Carnaval e a realidade por detrás das máscaras



O carnaval é um dos maiores festejos do Brasil. Por trás das fantasias dessa festa está um trio de absurdos, uma escola de ignorância e uma ala de corruptos.

O primeiro erro é acreditar que o carnaval é uma festa genuinamente “made in Brazil”. Embora não há como comprovar empiricamente o nascimento do carnaval, sabemos que a cerca de 10.000 a.C. homens, mulheres e crianças se reuniam no verão com seus corpos pintados, caras mascaradas, pulando e cantando para espantar os demônios da má colheita. Festejos parecidos e peculiares foram comemorados entre egípcios, gregos e romanos. Mas, o carnaval tal como conhecemos tem sua origem na Europa no Período Vitoriano e se espalhou pelo mundo afora metamorfoseando a outras culturas. No Brasil, quando aqui chegou por influência dos lusitanos das Ilhas de Madeira, Açoures e Cabo Verdena, na primeira metade do século XVIII, recebeu o nome de entrudo. Consistia de destrambelhadas correrias, mela-mela de farinha, água com limão que evoluiu depois para batalhas de confetes e serpentinas. Os primeiros blocos de carnaval e os famosos corsos só vão surgir no século XIX. E a primeira escola de samba somente em 1928, com a Deixa Eu Falar, no Bairro do Estácio, no Rio de Janeiro.

Enganam-se os pobres coitados que correm atrás de trios e de marchinhas carnavalescas pensando que carnaval é uma festa popular. Hoje carnaval é negócio, e dos mais lucrativos, coisa de gente rica. Pobre não tem acesso aos camarotes VIPs nas festas privadas e luxuosas e aos abadás caríssimos intitulados “passaportes da alegria”.

A maioria dos blocos, trios, palanques e escolas vivem à custa do poder público. Seu, meu e nosso dinheiro. E convenhamos, ninguém subirá em um palanque somente para fazer do carnaval uma festa democrática, ou para fazer feliz o público. Esses artistas, mega artistas, não cobram menos do que na casa dos milhares e até mesmo milhões para divertir um público anestesiado e supostamente feliz porque é carnaval. Uma política de circo para uma população paupérrima que não tem sequer um pão na mesa.

Todo carnaval são as mesmas coisas dantescas: a boa música é amordaçada pelas supostas músicas do momento como “o melô da mulher maravilha”, o tal do “lepo lepo” e um “ai se eu te pego”. Dezenas de ambulâncias são disponibilizadas para atender bêbados e machões brigões enquanto o povo morre às minguas nos corredores dos hospitais. A polícia é colocada com todo seu efetivo a fim de guardarem a ordem, e no dia a dia o mesmo folião que pula atrás dos blocos vive encarcerado dentro de sua casa por grades e muros com medo da insegurança.

Os falsos gurus da economia dizem até que o carnaval faz girar a economia, gera renda para dona Maria do cachorro quente e até para o senhor João catador de latinhas. Se João e Maria fossem depender do carnaval para o sustento de seus filhos, morreriam de fome. Carnaval só é lucrativo para grandes cervejarias, hotéis luxuosos, donos de trios elétricos e músicos famosos. No mais é prejuízo atrás de prejuízo. São gastos milhões para socorrer vítimas de acidentes de trânsitos dos mesmos foliões embriagados ao volante. Gastos em limpeza de rua, ao passo que os foliões parecem mais com porcos dançando em um chiqueiro. Fora os gastos com gravidez indesejada, e com tratamentos para novos soropositivos.

E o ano, como dito popular, só começa de fato após o carnaval. Só depois que os trios e os tambores, pandeiros e cuícas se calarem, que o efeito das drogas passarem e que as máscaras caírem é que se vai ter uma noção do prejuízo. Que o país das cores, das luzes, do deslumbre e da dança passou pela avenida e foi embora. E ficou a realidade.

A dura e vergonhosa realidade de um salário mínimo irrisório. A realidade dos altos impostos a serem pagos ao leão, não o leão da Escola Porto da Pedra, mas, o leão da receita. A realidade dos mega salários, dos corruptos, do mensalão. A realidade dos salários indignos dos professores, policiais e bombeiros que tentam salvar o que restou após o carnaval. Entre tantas outras realidades. Afinal, como se diz por aí, “é melhor morrer no país do carnaval do que viver no carnaval desse país.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Sons que você não conhece... mas deveria!


Fair Warning - Angels of heaven

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Desejos de um ano novo



"Desejo, primeiro, que você ame,
E que amando, também seja amado. 
E que se não for, seja breve em esquecer. 
E que esquecendo, não guarde mágoa. 
Desejo, pois, que não seja assim, 
Mas se for, saiba ser sem se desesperar. 

Desejo também que tenha amigos, 
Que mesmo maus e inconseqüentes, 
Sejam corajosos e fiéis, 
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim.

Desejo ainda que você tenha inimigos. 
Nem muitos, nem poucos, 
Mas na medida exata para que, algumas vezes, 
Você se interpele a respeito de suas próprias certezas. 
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, 
Para que você não se sinta demasiado seguro. 

Desejo depois que você seja útil, 
Mas não insubstituível. 
E que nos maus momentos, 
Quando não restar mais nada, 
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé. 

Desejo ainda que você seja tolerante, 
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil, 
Mas com os que erram muito e irremediavelmente. 
E que fazendo bom uso dessa tolerância, 
Você sirva de exemplo aos outros. 

Desejo que você, sendo jovem, 
Não amadureça depressa demais, 
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer,
E que sendo velho, não se dedique ao desespero. 
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
E é preciso deixar que ambos escorram por entre nós. 

Desejo por sinal que você seja triste, 
Não o ano todo, mas apenas um dia. 
Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom, 
O riso habitual é insosso
E o riso constante é insano. 

Desejo que você descubra, 
Com o máximo de urgência, 
Acima e a respeito de tudo,
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes,
E que estão à sua volta. 

Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cuco
E ouça o joão-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal. 
Porque, assim, você se sentirá bem por nada. 

Desejo também que você plante uma semente, 
Por mais minúscula que seja, 
E acompanhe o seu crescimento, 
Para que você saiba de quantas 
Muitas vidas é feita uma árvore. 

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, 
Porque é preciso ser prático. 
E que pelo menos uma vez por ano 
Coloque um pouco dele na sua frente e diga "Isso é meu!", 
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem. 

Desejo também que nenhum de seus afetos morra, 
Por ele e por você, mas que se morrer,
Você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar. 

Desejo, por fim,
Que você sendo homem, tenha uma boa mulher, 
E que sendo mulher, tenha um bom homem. 
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes. 
E quando estiverem exaustos e sorridentes, 
Ainda haja amor para recomeçar. 
E se tudo isso acontecer, 
Não tenho mais nada a te desejar."

VICTOR HUGO, poeta francês