quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Crônicas de ano novo... De novo!?



Ano novo, vida nova, assim como todos falam, o mundo fala, a televisão fala, as pessoas falam. Fogos são queimados, espumantes estourados e muita festa em meio a grande bebedeira. As pessoas escolhem as cores para poder entrar com o pé direito no novo ano, sem nenhum pudor. Ainda há muitos que lotam as praias, passando por todo tipo de perigo, para assistir às belas queimas de fogos. É no ano novo que se esvai toda aquela histeria e loucura coletiva, iniciada com as músicas natalinas ainda em novembro, quando as pessoas gastam tudo o que tem, gastando até mesmo mais do que tem, para poder ter uma noite feliz, para finalmente, comemorar a virada do ano, sem ter a idéia de que já em janeiro, vêm as dívidas e os gastos e muitos problemas, jogando por terra todo esse lema de ano novo, vida nova, pois na verdade, é um ano exatamente igual ao anterior.

É nessa mesma época que vemos pessoas fazendo planos, resoluções e desejos para o novo ano, em que planejamos tudo. Mas apesar de tudo, a gente acaba muitas das vezes esquecendo nossos planos, justamente por conta destas mesmas dificuldades repetitivas que temos todos os anos. E acabamos com mais um ano de metas não cumpridas, criando mais um ciclo vicioso, um grande redoma que faz impossível tornar sair. Às vezes, as melhores coisas da vida são aquelas que não planejamos ou que não desejamos, ou o que desejamos tanto e acabamos conseguindo nos momentos que nem mesmo percebemos ou até mesmo quando pensamos em desistir, e a vida acaba de nos devolver.

No fim de tudo, que a gente não fique apenas em desejos e criação de metas. Que possamos mesmo agir, tomar atitudes, que a gente possa fazer diferença a cada dia, a cada minuto, pois nada cai do céu. A mudança, a grande mudança, só ocorre quando a gente passa a se levantar da nossa zona de conforto e passa a caminhar com as nossas próprias pernas, quando a gente decide olhar a paisagem e mergulhar nela, não ficando na inércia, por mais confortável que ela seja. Nenhuma mudança ocorrerá se a gente permanecer na nossa zona de conforto, andando em círculos, achando que poderia permanecer ali para sempre, sem corrermos o risco de ser atropelados pela vida. 

Seja você a mudança, não de ano após ano, mas dia após dia, momento após momento. Do contrário, não fará nenhum sentido gastar o suor do seu trabalho em ceia de ano novo, em roupas caras, em bebidas e comidas aos montes. De nada adianta correr todo tipo de perigo em praias e locais altamente movimentados ou gastar fortunas em viagens como forma de virar o ano. Fazer além disso seria uma grande mudança na sua vida, uma forma de dizer eu mudei, pois mudança é uma atitude, já que o novo ano traz 365 oportunidades de mudanças, de ser feliz e encontrar o sentido e o propósito de nossa passagem por aqui. Que tomemos coragem nesse novo ano que se inicia, pois ela é o motor da mudança e que deixemos o passado pra trás, mas que deixemos pra trás, principalmente, a crônica da virada do ano, a crônica da histeria de fim de ano, que gera falsidade, uma falsa esperança a cada 31 de dezembro. Que possamos, a partir daqui, viver de verdades e certezas e não mais de promessas.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Muito obrigado, Chespirito!



Alô, pessoal do céu! Preparem um belo sanduíche de presunto, um suco de limão que pareça de tamarindo e tenha gosto de groselha, um prato cheio de churros suculentos e douradinhos, coloquem o filme do Pelé para passar no telão, um bilboquê novinho e um pirulito desses enormes. O Chaves está voltando para casa. Isso, isso, isso. Agora vai, finalmente, ser apresentado para os pais, ganhar roupa nova, poder dormir em uma cama bem macia e jogar futebol com uma bola de nuvem. Agora não tem mais piripaque, brinquedo velho, pipipipi ou cascudo na testa. Podem avisar a Tangamandápio que o Jaiminho já reencontrou o seu velho amigo. Seu Madruga também está feliz, pronto para continuar com as aulas de boxe e os ensinamentos de sapateiro. Avisem também, lá na Vila, que o Seu Barriga pode entrar sem se preocupar com qualquer acidente, que a Dona Florinda precisa contratar um novo garçom para o restaurante e para o Professor Girafales que, infelizmente, terá que retirar o nome do Chaves da chamada da escola. Tratem de dizer ao Quico e à Chiquinha para tirarem essa tristeza dos olhos e se lembrarem da promessa que fizeram: despedir sem dizer adeus jamais. O Chaves está bem, ora brincando com o Godinez no carrossel, ora jogando ioiô com os anjos em uma praia como a de Acapulco, um verdadeiro paraíso, muito diferente da casa da bruxa do 71. Meu amigo de infância colocou a trouxinha nas costas e se mandou. Eu sei Chaves, foi sem querer querendo. Que travessura a sua, nos deixar assim tão de repente.
Tinha que ser o Chaves de novo.
Obrigado pelos inúmeros momentos inesquecíveis e por ter feito parte da minha vida ontem, hoje e por todo o sempre.
Vá com Deus, gênio!



'Black Friday' ou 'Black Fraude'?


domingo, 19 de outubro de 2014

Sons que você não conhece... mas deveria!


Chicago - Look away

domingo, 5 de outubro de 2014

Nem Freud explica...


sábado, 6 de setembro de 2014

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Cara pálida esbanjar água e agora se foder...


terça-feira, 8 de julho de 2014

1950 x 2014, um choque de realidades



Logo depois daquela bola de Ghigghia ter passado entre os braços de Barbosa e a quadrada trave esquerda do Maracanã, o arqueiro brasileiro olhou para cima suspirando fundo. Talvez sabendo que aquele instante se perpetuaria na história do futebol brasileiro. Aquela chaga seria eterna em sua vida e em sua carreira.

Hoje, no céu, os companheiros do goleiro de 1950 estão vendo o jogo Brasil x Alemanha pela Sky, provavelmente.

Eles viram Müller fazer 1 a 0 no Mineirão. E não viram nenhum zagueiro brasileiro por perto, nem o excelente David Luiz, que foi desatento como não costuma ser.

Os zagueiros Augusto e Juvenal comentaram entre si que aquele erro do primeiro dos sete gols (e sete erros!) eles não cometeriam depois do escanteio. Até porque, em 1950, a bola saía pela linha de fundo e já jogavam na área. Não tinha lance ensaiado. Nem a chegada dos zagueiros. Muito menos alguém tão livre como ficou Müller em uma semifinal de copa do mundo.

No segundo gol, Bauer e Danilo Alvim lamentaram a desatenção na entrada da área. Alguém brincou com Bigode que se ele havia sido muito cobrado pelos dois gols que saíram pelo lado esquerdo da defesa em 16 de julho de 1950. Imagina agora o que não detonariam Marcelo…

O terceiro gol alemão parecia ter sido feito contra os 200 mil torcedores anestesiados depois do apito final no Maracanazo. Todos olhando a Alemanha tratar a bola como se fosse o Brasil sonhado, no Mineirão.

O quarto gol foi uma infelicidade de Fernandinho. Daquelas que ninguém cometeu na final de 1950.

O quinto gol estava impedido. Quem se importa?

O sexto foi outra linha de passe. Ou seria o sétimo?

Perdemos as contas.

Jair Rosa Pinto e Zizinho lamentaram a falta de armação no jogo e em quase toda Copa. 

Reclamaram a ausência de craques como eles. Dois monstros que não ganharam o mundo. Mas conquistaram o planeta bola.

Ademir de Menezes, goleador de 1950, lamentou a péssima forma do artilheiro Fred.

Não poucos lamentaram a ausência do lesionado Tesourinha no time de 1950.

Mas Friaça falou e calou todos:

- Mas quem fez o gol da última partida fui eu, lá da ponta direita, onde jogava o Tesourinha…

Verdade. Ninguém chorou pela ausência de um dos tantos craques de 1950 como tanto se lamentou a perda de Neymar.

Chico lamentou que Hulk não conseguiu ser o jogador da copa das confederações. Não apenas ele. Todos jogaram muito mais em 2013, quando não havia Alemanha. Nem Argentina. Nem Holanda.

Flávio Costa lamentou que tenha sido tão criticado pela perda do título de 1950. Mas entende que Felipão não pode ser tão crucificado como já está sendo.

- Pode sim! Montou o time errado! Mexeu errado! O Parreira também não tinha que falar que éramos favoritos antes de começar a Copa. Onde já se viu?

Quase todos lembraram que o oba-oba em 1950 foi 2014 vezes pior que este ano.

Fato.

Houve um silêncio.

Não tanto um silêncio ensurdecedor como no final daquela tarde de 16 de julho de 1950.

Mas houve um silêncio entre todos eles.

Respeitoso silêncio.

Barbosa apareceu na sala de TV da classe de 1950 lá no céu.

Ele pegou o controle remoto e começou a zapear.

Todo o time de 1950 olhando para ele. Esperando algum comentário. Alguma lástima. Alguma cornetada. Algum suspiro olhando para o céu como aquele de 16 de julho. Ainda que, hoje, o suspiro seria olhar para os lados. Para os velhos companheiros de dor. De derrota. De vice-campeonato mundial.

Barbosa continuou sua zapeada na TV. Vendo os comentaristas de sempre, cornetaristas de plantão, ex-atletas, ex-jornalistas, ex-treinadores, ex-árbitros, ex-colados, ex-craques, ex-colunistas, calunistas, todos detonando tudo. A torcida, a Fifa, a Dilma, o Lula, a grama, o excesso de grana, a falta de gana, os cambistas, as cambalhotas, o reich, o führer, a Alemanha, os godos, ostrogodos, visigodos, gordos e magros.

Barbosa ouviu muito, concordou pouco.

Alguns companheiros foram jogar cacheta. Alguns foram bater as asas de anjo em outros cantos.

Ele acabou sozinho.

Mais uma vez.

Suspirou fundo. Olhos para todos os lados.

Saiu da sala e foi até o gramado ao lado.

Viu a trave do campinho onde ainda hoje eles batem uma bolinha celestial lá no campo dos sonhos.

Foi até lá.

Quando encontrou os dez uruguaios de 1950 que já estão no céu. (Ghigghia, justo o Ghiggia do segundo gol, ainda está vivo. Muito vivo. Só ele ainda está entre nós – não entre eles no campinho dos céus). Todos batendo sua bolinha, em ainda mais respeitoso silêncio que o do Maracanazo.

Os celestes nada falaram quando viram Barbosa de novo debaixo das traves.

Ele abriu os braços como se fosse fazer a defesa que todas as noites ele tenta fazer desde 16 de julho de 1950. Em vez de agarrar a bola que então e para sempre escapa, ele recebeu dez abraços respeitosos dos adversários. E, logo depois, mais dez abraços dos companheiros de vice-campeonato em 1950.

Ninguém falou nada. Apenas abraçaram o goleiro que o Brasil culpou.

Acabada a sessão de abraços, Barbosa deixou a trave do campinho e voltou ao seu quarto para fazer a oração de todos os dias desde 16 de julho de 1950.

Quando pediu a Deus mais uma vez para que nenhum goleiro sofra o que ele passou.

Para que Júlio César e nenhum outro dos amarelos de 8 de julho de 2014 sofram o que a classe de 1950 sofreu eternamente.

Barbosa orou bastante.

Talvez, agora, seja escutado.

Mas, se não for, mais uma vez ele fez a sua parte.

Vergonha não é perder.

Vergonhoso é não saber perder.

Ainda mais quando não se está em campo e em jogo para ser derrotado.

domingo, 8 de junho de 2014

domingo, 1 de junho de 2014

Era uma vez um país, uma Copa do Mundo, duas figuras repugnantes e... CAXIROLAS!



Triste é o país-sede cuja única obra pronta e aposentada (louvado seja!) antes do tempo para a Copa do Mundo é a tal da caxirola…

Mas imaginemos o que seria o mundial no Brasil com essa peculiaridade. Bósnia & Herzegovina x Irã jogam pela terceira rodada em uma arena superfaturada para o mundial – e subutilizada a partir de então. Pai e filho ganham ingressos numa promoção da esquadria de alumínio oficial da copa.

- Paiê, a moça da recepção pediu para chacoalhar isso aqui. Como faz? É para cima e para baixo ou para os lados?

- Putz, filho, perdi o manual de instrução…

- Mas você nunca lê, pai… Deixa eu ver… A moça aqui do lado está balançando de qualquer jeito. Ah, não! Aquilo ali é o saco de pipoca oficial da copa. Acho que é para misturar o sal.

- Não, filho. Aquilo ali é a Pamundial, a pamonha oficial da copa.

- Não, pai. Agora eu vi. É o KebaBrasil, o churrasquinho greco-brasileiro oficial da copa.

- Sei. Então, o pessoal da promoção pediu pra gente fazer bastante barulho com a caxirinha.

- Caxirola.

- Isso. Só não sei se tem de cruzar os braços como faz o Charlie Brown Jr. com a cangibrina…

- Caxirola. Carlinhos Brown…

- Cacilda!

- Caxirola, pai.

- Não, cacilda, é que não consigo nem tocar e nem acertar o nome desse fuleco, desse coiso de coisar do Carlinhos Bronson.

- Pai, não fala assim. Eu vi a presidente falando que é muito legal a caxirola. Ela é uma coisa que tem, como é mesmo…. Ah, está aqui no papel, achei bem bacana: “um sentido transcendental de cura”. Achei bonito. O que é isso?

- A cachola?

- Não. O que a presidente quis dizer?

- Filhão, eu não sei. Mas a moça da firma que nos trouxe ao estádio pediu para que, em vez de gritar “gol” temos de tocar a canajuba e berrar “Uma janela para o mundo. Viva a esquadria Cashiwindow!” E, depois, cantar “Sou brasileiro, com muito orgulho e muita esquadria Cashiwindow.”

- E se a gente esquecer, pai?

- Não vamos pegar a van de volta. Melhor decorar.

- Tudo bem. Mas pode xingar o juíz?

- Pode. Mas daí não pode ao mesmo tempo tocar a carnaúba.

- Caxirola, pai!

- É, a camaçari. Então, não pode associar uma reclamação com a “alegria, a ginga e a malemolência incentivada pelo governo dessa nova tradição inaugurada em Brasília que caiu na boca do povo”, meu filho. Está no guia, página 77.

- Pai, por que na entrada não deixaram o cara da frente entrar com um radinho de pilha e um guarda-chuva, mas nem checaram a caxirola?

- Filho, fala baixo. Eles me passaram um SMS da lista de produtos e de assuntos oficiais que podem ser falados nas arenas. Normas de segurança interna são assuntos da Fifa. O Brasil corre o risco de ser desfiliado da entidade se o torcedor não seguir o caderno de encargos da copa.

- Então é bom aprender a tocar a caxirola, pai. Pensando bem, usando fone de ouvido, protetor auricular e um gorro, até que ela é legal!

- Eu acho. Valeu pagar 100 reais por algo tão útil como esse chocalho, o bonequinho do Fuleco e pelo suporte para cinto da cajuína.

- Caxirola, pai.

- Isso. Vamo que vamo, Brasil!

- Pai, é “Vamos que vamos”. Pediram pra gente usar o plural corretamente nos jogos.

- É verdade filho. Maldita hipocrisia! É bem a cara desse país mesmo...

quinta-feira, 22 de maio de 2014

A grama do vizinho é sempre mais verde...


domingo, 11 de maio de 2014

Twisted Sister e os 30 anos do clássico "Stay Hungry"



"Stay Hungry" é o terceiro álbum de estúdio do Twisted Sister. Seu lançamento oficial ocorreu no dia 10 de maio de 1984, pela gravadora Atlantic Records. A produção ficou a cargo de Tom Werman, que trabalhou com nomes como Blue Öyster Cult e Mötley Crüe, entre outros.

O início do Twisted Sister se deu em 1972, quando o guitarrista John Segall, que seria mais conhecido por Jay Jay French, fez um teste e foi chamado para ingressar em uma banda chamada Silver Star, criada pelo baterista Mel Anderson (Mell Star). O Silver Star, segundo seu criador, seria a versão de New Jersey da banda NY Dolls.

Jay Jay odiava o nome Silver Star e forçou o grupo a mudá-lo. Em fevereiro de 1973, a banda passou a se chamar Twisted Sister e contava com a seguinte formação: o vocalista Michael Valentine, o guitarrista Billy Diamond, o baterista Mell Star, o baixista Kenneth Harrison Neill, e o guitarrista Johnny Heartbreaker (que logo se chamaria Jay Jay French).

A banda acabou se mudando para Nova Iorque e tocava regularmente nos clubes noturnos da cidade. Muitas vezes, o Twisted Sister conseguia se apresentar seis vezes por semana, embora, comumente, no mesmo local.

Quando a banda teve sua primeira mudança na formação, em dezembro de 1974, estima-se que o grupo já haveria se apresentado por volta de 600 vezes. Com Rick Prince nos vocais e Keith Angel na guitarra, o conjunto continuava trabalhando.

Rick Prince, no entanto, falta a um show e é demitido do grupo, com Jay Jay assumindo as funções de vocalista e, ao mesmo tempo, de manager da banda. No meio de 1975, o conjunto se desfaz, para logo se reconstituir no final do mesmo ano.

Jay Jay French continuaria como vocalista e guitarrista e recrutou seu antigo amigo de colegial, o guitarrista Eddie Ojeda, que também seria um “co-vocalista”. O baterista seria Kevin John Grace, contratado após French ver um anúncio de Kevin procurando por banda. O baixo continuaria com Kenny Neill. A banda seguiria, então, uma orientação glam rock, com influências de David Bowie, Slade e NY Dolls, continuando se apresentando em clubes.

Já em 1976, o agente do grupo, Kevin Brenner, sugere a Jay Jay que o conjunto não poderia ir mais longe sem tocar covers de Led Zeppelin. Para tanto, também aconselhou a Jay Jay que contratasse o vocalista Daniel Snider, grande fã do grupo de Page e Plant.

French acaba por seguir os avisos de Kevin Brenner e contrata Snider, que muda seu nome para Dee Snider, aceitando sugestão de Jay Jay. Pouco tempo depois, o baterista Tony Petri entra para o lugar de Kevin Grace. Assim, o Twisted Sister continuaria a manter seu visual glam, mas apostaria em uma sonoridade mais pesada, com influências de Led Zeppelin e Alice Cooper.

Dee Snider e Jay Jay French, começaram a introduzir alguns discursos sobre temas cotidianos da época entre as músicas durante os shows, o que acabou chamando mais a atenção para o grupo. A partir de então, a popularidade da banda não parou de crescer.

O Twisted Sister começou a quebrar recordes de público nos clubes da região conhecida como "Tri-State", incluindo os 3 mil lugares do New York Palladium, um feito para uma banda sem contrato de gravação ou divulgação por rádios.

A base de fãs passou a se autodenominar "S.M.F.F.O.T.S.", ou seja, "Sick Motherfucking Friends Of Twisted Sister", depois encurtado para "S.M.F.", ou, "Sick Mother Fuckers".

Um novo baixista, Mark "The Animal" Mendoza, entra na banda em 1978. O grupo sofre ainda algumas mudanças no posto de baterista, com Tony Petri sendo substituído por Joey Brighton, este por sua vez daria lugar a Richie Teeter, o qual, por sua vez, seria reposto por AJ Pero. A formação clássica da banda se fixaria com Snider nos vocais, French e Ojeda nas guitarras, Mendoza no baixo e Pero na bateria.

Por volta de 1981, o Twisted Sister lança sua própria companhia de camisetas e seu próprio selo, através do qual acabam saindo dois singles do grupo. Jay Jay ficou como manager da banda até aquele ano, quando ele contratou o promotor de eventos Mark Puma para gerenciar o grupo.

Um dos singles lançados pelo grupo em seu próprio selo acaba por atravessar o Atlântico e cai nas mãos de Martin Hooker, que gosta do trabalho. Hooker é o presidente do pequeno selo britânico Secret Records.

Seguindo a sugestão de repórteres das revistas Sounds e Kerrang!, o Twisted Sister embarca em direção ao Reino Unido para buscar um contrato com algum selo britânico. Em Abril de 1982, finalmente o grupo assina com a Secret Records, de Martin Hooker, gravadora que era mais voltada ao público punk.

Em junho de 1982, o Twisted Sister lança o EP "Ruff Cuts", pela Secret Records. Meses depois, em setembro daquele ano, o álbum de estreia é colocado no mercado, "Under The Blade". A produção foi colocada a cargo do então baixista da banda UFO, Pete Way. O álbum conta com a faixa "Tear It Loose", a qual possui um ótimo solo tocado pelo guitarrista do Motorhead, "Fast" Eddie Clarke.

Embora com uma produção ruim, o álbum fez algum sucesso, especialmente entre o público mais underground do Reino Unido. A sonoridade do trabalho contém uma boa pegada heavy metal. Ao mesmo tempo, o Twisted Sister ainda continuava com seu visual glam, mas aos poucos iria adotando uma vertente mais grotesca e mais próxima do heavy metal, que o distinguiria consideravelmente do nascente glam metal.

Após uma aparição em um programa de TV chamado The Tube, o Twisted Sister acabou chamando a atenção do selo Atlantic Records. A gravadora assina com o grupo e assim é lançado o segundo álbum da banda, "You Can’t Stop Rock 'N' Roll", de 1983.

O álbum contém uma produção muito melhor que a de seu predecessor, a cargo de Stuart Epps, e soa ainda mais influenciado pelo heavy metal. O trabalho traz sucesso ao grupo, com a faixa "I Am (I’m Me)" atingindo a 19ª posição da parada britânica.

Com isso, a Atlantic Records decide promover mais intensamente o grupo a partir de então, chegando a produzir um videoclipe para a faixa título do trabalho, "You Can’t Stop Rock 'N' Roll".

Para isso, no entanto, o guitarrista Jay Jay French recorda que não acreditava que os chefões da Atlantic Records dariam a devida atenção ao grupo. A sua percepção só se modificou em um encontro, em uma congelante noite de dezembro de 1983, com o presidente da Atlantic, Doug Morris. O chefão perguntou a French: "Você sabe o que eu penso sobre a banda?" E a resposta pouco animada de French foi: "Bem, eu sei que nós não estamos na sua lista de presentes de Natal." Entretanto, o guitarrista foi surpreendido pelo chefe da gravadora. Morris contou a French que a banda havia vendido mais de 100 mil cópias sem nenhum esforço da gravadora e que os promotores de espetáculo de todo o país ligavam para ele falando do impacto que era causado quando o Twisted Sister chegava a suas cidades. E, assim, prometeu mais atenção ao grupo para o próximo ano.

Para tanto, o escolhido para produzir o álbum foi Tom Werman, experimentado produtor que havia trabalhado com Ted Nugent, Cheap Trick e Mötley Crüe. Enquanto Eddie Ojeda e A.J. Pero ficaram excitados com o prospecto do novo produtor, o vocalista Dee Snider ficou receoso com a escolha de alguém tão "comercial" e que, com isso, a banda acabasse por perder fãs.

Para tanto, o chefão da gravadora voltou à cena para conversar com Snider, que recorda que ele o fez a seguinte pergunta: "O que você quer? Os 100 mil fãs que você tem ou os 900 mil que te darão um álbum de platina?" Com isso, Snider ficou convencido em continuar com as gravações.

O terceiro álbum de estúdio, "Stay Hungry", foi gravado entre fevereiro e março de 1984. Inicialmente, as gravações ocorreram no Record Plant, em Nova Iorque, e, depois, continuadas em Los Angeles, no Cherokee Studios, com a mixagem sendo realizada no Westlake Recording Studios.

Quando ainda estavam em Nova Iorque, tensões surgiram entre o produtor Werman e o grupo. Pouco impressionado com o material inicial, Tom Werman chegou a sugerir que a banda fizesse uma versão do clássico "Strong Arm Of The Law", do Saxon. Mas, com o tempo, as coisas foram ficando mais fáceis. Por fim, Werman achou que o conteúdo de todo o álbum era obscuro e muito criativo.

Eddie Ojeda relembra que Tom tinha um jeito diferente, mas que em nenhum momento ele soava como arrogante e que estava apenas interessado em contribuir para o álbum. Como os membros da banda nunca foram conhecidos por serem usuários de drogas ou festeiros compulsivos, tudo ocorreu corretamente. Mendoza, inclusive, estudou muito para tentar contribuir com a produção do álbum, fato que acabou auxiliando para seu futuro trabalho também como produtor.

Tom Werman gastou cerca de três dias para "descobrir" o timbre ideal da guitarra-base de Jay Jay French. Também não era muito fã da maneira como A.J. Pero tocava sua bateria, mas como o resultado final ficou de seu agrado, não chegou a tentar impor um novo estilo para o músico.

De modo geral, a banda relembra que o resultado final do trabalho foi ótimo e que soou como deveria, segundo Snider, embora o álbum tenha saído consideravelmente menos agressivo que as formas primárias das canções.


STAY HUNGRY
A faixa homônima ao álbum abre os trabalhos. "Stay Hungry" apresenta um bom riff inicial, característico do grupo. O refrão é empolgante, assim como o solo, pequeno, mas muito eficiente. O maior destaque vai para os vocais de Dee Snider.

WE’RE NOT GONNA TAKE IT
A segunda faixa do álbum é, talvez, a mais conhecida do Twisted Sister. A ótima "We’re Not Gonna Take It" já nasceu um clássico. Dee Snider, que compôs a canção, cita como influências para a composição a banda glam Slade, Sex Pistols e até mesmo o tema 'O Come, All Ye Faithful'. Dee Snider disse que desde que o álbum ficou pronto ele sabia que este seria o principal single, embora a gravadora pensasse em lançar a música "Burn In Hell" como o primeiro single. Entretanto, Snider contou ao seu amigo e diretor do videoclipe da mesma canção, Marty Callner, sua frustração pela escolha que seria feita pelo selo. Callner, então, fez uma ligação para o dono da Atlantic Records, Doug Morris, e disse que "We’re Not Gonna Take It" era uma música destinada ao topo das paradas de sucesso e que ele faria um videoclipe especialmente para a faixa. Convencido, Morris determinou que a música seria o principal single para promoção de "Stay Hungry". Embora um clássico, o resultado final da mixagem não agradou plenamente os membros da banda. Eddie Ojeda afirmou que não ficou satisfeito com a forma que sua guitarra soa na faixa, assim como a seção rítmica. Lançada como single, poucas semanas antes do lançamento do álbum, "We’re Not Gonna Take It" alcançou a 21ª posição na parada norte-americana de singles. No Reino Unido, o single ficou com a 58ª colocação. Evidentemente que a canção se tornou presença obrigatória nos shows do grupo. Ficou na 47ª posição da eleição feita pelo canal de TV VH1 das "100 melhores canções dos anos 80", bem como na 21ª posição de outra eleição do mesmo canal, dos "100 maiores hits" daquela década. O videoclipe é um clássico, sendo um dos mais executados naquele ano na MTV dos Estados Unidos. Inúmeras versões para a faixa foram produzidas por outros músicos e artistas, incluindo bandas como Nightwish e até o musical Rock Of Ages.

BURN IN HELL
A terceira faixa do álbum é "Burn In Hell". Em comparação com as faixas anteriores, esta é uma canção consideravelmente mais pesada e com um viés mais heavy metal. O ritmo mais cadenciado e pesado do início se desenvolve mais aceleradamente na maior parte da música. Ótimos solos, guitarras marcantes e Snider fazendo um ótimo trabalho vocal fazem da faixa um ponto altíssimo do álbum.

HORROR-TERIA (THE BEGINNING)
A) CAPTAIN HOWDY
B) STREET JUSTICE
A quarta faixa do álbum é "Horror-Teria (...)". Na verdade, trata-se de um "dois em um", com duas canções em uma única faixa. A primeira, "Captain Howdy", é uma canção bem sombria, em um ritmo um pouco mais lento e com certo peso. A segunda é “Street Justice”, um tanto quanto mais acelarada, lembrando a sonoridade da New Wave Of British Heavy Metal. Assim, "Horror-Teria" é a faixa mais longa do álbum, com mais de 7 minutos. As duas canções acabaram se tornando a base para o filme "Strangeland", de 1999, escrito pelo vocalista Dee Snider e no qual ele mesmo interpreta o personagem Captain Howdy.

I WANNA ROCK
A quinta canção de "Stay Hungry" é, possivelmente, a outra canção mais conhecida do Twisted Sister. Trata-se de “I Wanna Rock”. A música é um excelente Hard Rock, com um ritmo forte, empolgante e um refrão quase impossível de não se grudar na cabeça. O ótimo trabalho vocal de Dee Snider é fundamental para o sucesso atingido pela canção. O solo também é excelente. "I Wanna Rock" também foi lançada como single para promover o álbum, mas não obteve os mesmos resultados de "We’re Not Gonna Take It". Na parada norte-americana acabou ficando com a 68ª posição, enquanto atingiu a modesta 93ª posição da parada britânica. Outro videoclipe foi filmado para circular nas televisões e, também, acabou se tornando um clássico. Em mais uma eleição do canal de TV VH1, ficou como a 17ª melhor canção de Hard Rock. "I Wanna Rock" está presente em diversos tipos de mídias. Em games como GTA e Guitar Hero, no filme de 2008 "The Rocker" e até mesmo Jay Jay French fez uma versão da canção para uso político chamada “I Want Barack”, em apoio à candidatura de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos. Mark Teixeira, jogador do time de baseball New York Yankees, utiliza a canção como música de entrada no campo de jogo. É outra canção com inúmeras versões covers.

THE PRICE
Quebrando um pouco o ritmo do álbum até então, surge a sexta faixa do trabalho, a poderosa balada "The Price". A música possui lindas linhas de guitarra, com destaque para um refrão muito bonito que se casa perfeitamente com o restante da canção. Possui um solo muito inspirado. Foi o último single lançado para promover o álbum, já em 1985. Outro ponto alto do trabalho.

DON’T LET ME DOWN
O hard rock mais acelerado já está de volta na sétima faixa do disco. Mais uma vez, o refrão se destaca por ser bem marcante. Outro ponto que merece atenção é o eficiente trabalho de A.J. Pero na bateria, bem acentuado em toda canção. Bons solos compõem mais uma boa música.

THE BEAST
A oitava faixa é outra música com um viés mais heavy metal, com boas doses de peso, em boa parte por um riff muito inspirado, pesado. O ritmo cadenciado persiste por toda a canção, com ótimos vocais (mais uma vez). Uma das melhores faixas do álbum.

S.M.F.
A nona faixa – e última – do álbum é "S.M.F.", outra música que traz um hard rock bem empolgante. ‘SMF’ foi a sigla pela qual os fãs do Twisted Sister acabaram ficando conhecidos. Encerra o disco em ótima forma.


Definitivamente, "Stay Hungry" foi um grande sucesso e fez o Twisted Sister mudar de patamar enquanto banda, em termos comerciais. O álbum atingiu a 15ª posição na parada de álbuns dos Estados Unidos, conquistando a 34ª posição na sua correspondente britânica.

Para se ter uma idéia do sucesso, em menos de um ano o álbum vendeu 2 milhões de cópias, sendo que 500 mil apenas no Canadá. Estima-se que até hoje, o álbum ultrapassou a marca de 3 milhões de cópias comercializadas apenas nos Estados Unidos.

A turnê que se seguiu ao lançamento de "Stay Hungry" em 1984 foi muito bem sucedida, com a banda tocando com nomes como Ratt e DIO. Em alguns shows menores, uma ainda jovem e pouco conhecida banda fazia a abertura: Metallica.

O sucesso era tanto que a banda participou do filme de Tim Burton, "Pee-wee's Big Adventure", de 1985, no qual o Twisted Sister simula realizar a gravação de um videoclipe para a música "Burn In Hell".

Os tão conhecidos videoclipes do Twisted Sister, repletos de bom humor, foram motivos de controvérsias, pois algumas alas conservadoras dos Estados Unidos acusou o grupo de ser um incitador à violência contra pais e professores. Dee Snider foi um dos músicos a serem ouvidos no senado norte-americano pela comissão que examinava estes casos controversos.

Snider diz que a inspiração para escrever "Stay Hungry" surgiu enquanto o grupo gravava o álbum anterior, "You Can’t Stop Rock ‘N’ Roll". Segundo o vocalista, os membros estavam cansados, desesperados por alcançar o sucesso. Muitas vezes, eles mesmos tinham que bancar do próprio bolso gastos para continuarem excursionando. Em outras palavras, estavam famintos!

Quem assiste apenas aos videoclipes do Twisted Sister, repletos de cenas de comédia e com os membros do grupo em um visual extremamente bizarro, pode pensar que a banda seja uma grande gozação. A realidade é exatamente oposta.

O pequeno resumo da história do conjunto apresentou uma breve amostra do tanto que eles batalharam pelo sucesso. Mesmo apostando em uma veia artística divertida, o grupo fazia tudo com seriedade.

Algumas músicas da banda apresentam mesmo este lado descontraído, enquanto outras tratam de temas como o conflito entre pais e filhos, ou mesmo fortes críticas ao sistema educacional dos Estados Unidos. Sonoramente, a banda aposta em um hard rock de alto nível, com doses elevadas do melhor heavy metal tradicional, o que constitui uma identidade musical forte e distinta.

Acrescente-se o fato do principal compositor da banda, o vocalista Dee Snider, ser uma pessoa bastante inteligente e esclarecida, muito articulado, como se comprova quando assistimos a suas entrevistas.

"Stay Hungry" é mesmo o ponto mais alto da carreira do Twisted Sister e um dos melhores álbuns já gravados na história do rock. Se você ainda não o ouviu, não sabe o que está perdendo!