sábado, 24 de novembro de 2012

Antes tarde do que nunca...


sábado, 17 de novembro de 2012

Déjà vu 2002-2012



domingo, 4 de novembro de 2012

Lula e os 9 dedos de uma farsa



No último dia de seu mandato, faltando poucas horas para entregar a faixa a uma desconhecida que ele escolheu no meio da militância, Luiz Inácio Lula da Silva resolveu não extraditar o terrorista italiano Cesare Battisti, acusado de quatro assassinatos em seu país. Com isso, insultou a Justiça da Itália (que, ao contrário das de Cuba ou do Irã, considera suspeita e inidônea), as vítimas de Battisti, a decência e a humanidade.

Horas antes, ele aprontou mais uma: por intermédio de seu chanceler, Celso Amorim, o Itamaraty presenteou com passaportes diplomáticos alguns "bispos" da Igreja Universal do Reino de Deus e vários parentes de Lula. Por lei, o passaporte vermelho é exclusivo de autoridades, diplomatas (e seus dependentes) e pessoas que dele necessitem para exercer funções oficiais em benefício da nação.


Na mesma semana, Lula aproveitou para tripudiar de milhões de brasileiros, ao comentar o aumento de mais de 60% no salário que os deputados se autoconcederam, e de mais de 100% no de presidente da República. Perguntado a respeito, ele não encontrou nada melhor a dizer senão lamentar, em tom de chacota, sua "falta de sorte", pois estaria deixando o cargo dali a alguns dias...


Se o Brasil fosse um país sério e não a terra da chanchada, tipos como Lula já estariam na cadeia há tempos. O que vai aí em cima é uma pequeníssima amostra e refere-se apenas à última semana de seu governo. Tem muito mais, tanto que é até difícil elencar o número de vezes que Lula da Silva ofendeu a gramática, a lógica, a honestidade e a inteligência desde que assumiu o papel de histrião-mor da República. Daqui a alguns anos, lembraremos de Lula com profunda vergonha, como se lembra hoje em dia das calças boca-de-sino ou dos penteados dos anos 70 (com a diferença de que estes, apesar de cafonas, eram inofensivos).


OK, OK, Lula é um farsante, o maior que já pisou o tapete do Palácio do Planalto. Tudo isso é público e notório etc. e tal. A questão é: por que ninguém dá a mínima? Por que o povo brasileiro não resolve imitar os tunisianos e sair às ruas pedindo a cabeça do Apedeuta numa bandeja?


A resposta-padrão, que é sempre brandida nessas horas, é a seguinte: sob Lula, o Brasil mudou. Sob Lula, os pobres melhoraram de vida. Isso é o que repete a propaganda oficial.


Isso é mesmo verdade? Quem é jovem, com menos de 20 anos, não tem idade suficiente para lembrar do Brasil antes do Plano Real. Nem do Lula líder da oposição - a mais barulhenta e irresponsável que já existiu no Brasil, ao contrário do que existe hoje, que nem merece o nome de oposição -; enfim, do Lula antes de virar presidente. De Lula, assim como todos dessa idade para baixo, tem-se apenas a imagem do "estadista", do líder que "tirou milhões da pobreza", cantado em verso e prosa por uma legião de intelectuais vendidos e por uma imprensa embasbacada e covarde.

Sim, a vida dos pobres melhorou nos últimos oito anos. Assim como vem melhorando, de forma quase ininterrupta, nos últimos vinte, trinta, quarenta ou cinquenta anos. Pegue qualquer dado estatístico, qualquer tabela, e você verá que a curva é sempre ascendente. Há, no Brasil de 2012, menos gente vivendo em condições subumanas do que havia em 1960 ou em 1930. Há menos pobreza, menos doenças contagiosas, menos mortos ao nascer, menos analfabetos (quer dizer, com a exceção da política!). Do mesmo modo, há hoje mais estradas, mais televisores, mais automóveis, mais geladeiras, mais fogões, mais mesas e mais cadeiras.


Por que isso acontece? Porque esse é um processo do desenvolvimento capitalista brasileiro. Por estas bandas, o capitalismo, embora muito atrasado em relação a outros países, conseguiu retirar muita gente da miséria. Conseguiu melhorar a vida de muitos. Poderia, inclusive, ter feito muito mais, se o governo deixasse. Poderia ter criado muitos mais empregos, se não houvesse, por exemplo, tantos impostos (além do mais, mal aplicados).


A questão não é se a vida da maioria esteja ou não melhorando, inclusive em aspectos como saúde e educação. Isso é um fato. A questão é que essa melhora nas condições de vida da população não se deve a governo X ou Y, não é, enfim, uma "conquista do governo Lula", como diz a propaganda oficial (e muito menos do Bolsa-Cabresto, que não passa de uma forma de perpetuar uma clientela política). Se o Brasil hoje produz mais, por exemplo, alimentos, se é hoje uma potência agrícola, isso não se deve ao governo Lula, que pouco ou nada fez para estimular esse setor nos últimos oito anos (a não ser consumir e muito um tal produto originário da cana-de-açúcar). Tampouco ao governo FHC, ou Collor, ou Sarney. É algo que se deve, em primeiro lugar, ao agronegócio, que é visto como um bicho-papão pela companheirada do PT e do MST.


Do mesmo modo, se hoje não temos inflação fora de controle, se a economia está estabilizada, isso também não foi uma graça alcançada pela intercessão de São Luiz Inácio dos Pobres e companhia: na verdade, eles pegaram o bonde andando das reformas implementadas pelo governo FHC. Mesmas reformas a que se opuseram com tanto ardor antes de chegarem ao poder.


Enfim, a vida melhorou sim, mas não por causa do Lula e dos petistas – foi APESAR deles. O principal mérito - na verdade, o ÚNICO mérito - do governo Lula foi NÃO ter mexido no que estava certo: a economia (ou seja: o que foi bom, no governo Lula, não era novo, e o que era novo, não era bom). Eles apostam na amnésia coletiva para vender a idéia mentirosa de que tudo de bom que existe foram eles que fizeram, e antes era o caos.


Isso quer dizer o seguinte: um dos principais fatores a dar legitimidade ao governo Lula (e agora, Dilma), a idéia de que "o meu governo fez o povo melhorar de vida", é uma farsa. Embora se baseie numa verdade – sim, a vida da maioria melhorou nos últimos anos, como já vinha melhorando antes –, é uma mentira demagógica.


Esse discurso dos lulo-petistas é completamente falso, é um jeito que acharam de enganar os otários. Além disso, mesmo que a prosperidade e a melhoria da vida dos cidadãos fosse obra de governo A ou B, o fato de o governo Lula ter sido o mais corrupto da história do Brasil (mensalão, Cachoeira e afins) - sem falar nos constantes ataques às liberdades fundamentais, como a de imprensa, e a politica externa escandalosa -, dele retira qualquer traço de legitimidade.


Outra coisa: se você ouvir algum economista do IPEA ou de alguma fundação ligada ao PT falando no surgimento de uma "nova classe média", pode preparar a cesta de ovos e tomates, pode chamar a polícia. O que determina classe social não é a capacidade de consumo, mas o papel que cada um exerce na economia, além de fatores como a educação e o acesso a outros serviços essenciais. Cerca de 50% dos lares brasileiros continuam sem saneamento básico, e nos exames internacionais os alunos brasileiros terminam sempre dando vexame, ficando nos últimos lugares. A classe D pode estar comprando mais geladeiras e tomando mais refrigerante, mas, se não tiver esgoto, e se não souber ler e contar direito, continua sendo classe D, e não C ou B. Aliás, essa sopa de letrinhas não quer dizer rigorosamente nada. É mais uma balela dos lulo-petistas, os inventores do Brasil-maravilha.


Resumindo: com Lula, a vida melhorou? Sim, como já vinha melhorando antes. Isso foi devido a ele e aos petistas? Não. Pelo contrário: poderia ter sido feito muito mais sem eles. A economia não precisa de Lula e dos petistas para seguir crescendo. Já Lula e os petistas precisam da economia para seguir enganando a todos. Por que se diz então que foi Lula o grande gênio por trás desse processo? Só Deus sabe.


Se há motivos de sobra para repudiar o governo dos metralhas como a maior farsa da história do Brasil, em economia isso não é muito diferente. Não, o Brasil não mudou. Em economia, então, não mudou absolutamente nada. Ainda bem. Agora, que tantos se deixem enganar por Lula e sua quadrilha, é algo que desafia a compreensão. Afinal, a sigla PT estar contida em 'corrupto' não é uma mera coincidência gramatical.